Deixam-me estarrecido os comentários que
tenho ouvido, entre amigos, nos bares, nos corredores da Universidade Federal do
Amazonas (UFAM) de alguns fanáticos que odeiam o Partido dos Trabalhadores
(PT), especialmente, Luiz Inácio Lula da Silva. Ao que tudo indica, Lula não
era mesmo nenhum santo. Depois das delações da Odebrecht, especialmente, do
patriarca Emílio Odebrecht, ocorreu, porém, um processo definitivo de
crucificação de Lula acompanhado, pasmem, leitores e leitoras, da “canonização
de Emílio Odebrecht”. Dos trechos de depoimentos que vi, Emílio chega a
repreender procuradores, a justiça, os políticos, “por algo que ocorre há
trinta anos no País”. Oras, se Emílio Odebrecht corrompeu todos os presidentes
nos últimos 30 anos, quem é o maior corrupto deste País? Ele! Se há alguém que
deveria mofar até morrer atrás das grades este alguém é Emílio Odebrecht. Corromper
era o oxigênio da Odebrecht. A corrupção foi transformada em modelo de negócios
pela empresa a ponto de criar um Departamento de Operações Estruturadas cujas
três metas eram: corromper, corromper e corromper. Confessadamente, tudo o que
a empresa lucrou nestes últimos 30 anos tem as digitais da corrupção. E me vem
este senhor, que deve ser respeitado pela idade que tem, mas, não pelo que fala,
dizer a um procurador: "Não vamos ficar só no corretivo. Temos que
interferir para que o ambiente não propicie isso", diz Odebrecht.
"[Se não] vai terminar quase que o país [todo] na cadeia. Haja
cadeia". Interpretar que as delações atingem somente os políticos é demonstração
da falta de lucidez dos brasileiros verde-amarelos CBF que, agora, ficam
escondidos feito ratazanas. Se a corrupção virou modelo de negócios não foi
culpa do ambiente. Foi culpa de Emílio Odebrecht e todos os demais empresários
deste País que preferiram, ao invés da livre concorrência, o caminho fácil das
licitações carimbadas. Fossem os políticos corruptos, mas, eles (os
empresários) não; não se precisaria de 30 anos nem de delações premiadas para
se descobrir o tamanho da canalhice coletiva por eles (os empresários)
patrocinada.
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