sábado, 30 de junho de 2012

A tática do Governo de alongar a greve


Precisa ficar muito claro para a sociedade, principalmente pais e estudantes das universidades brasileiras em greve, que a tática de “alongar” a greve dos docentes é do Governo Federal e não do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes). Desde ontem o Governo, a mídia e parte dos estudantes que sempre foram contra a greve dos docentes usa todos os tipos de meios, inclusive as redes sociais, para desqualificar a luta dos professores. Ao invés de ressaltar que o Governo não apresentou nenhuma proposta concreta desde a suspensão da reunião marcada para o dia 19 com a desculpa de que as atenções estavam voltadas para a “Rio + 20”. Nenhum de nós, professores, técnicos e estudantes pode se deixar levar por esse discurso da mídia pautado pelo Governo. O projeto de desmonte da universidade brasileira é claro. Cada movimento do Ministério da Educação (MEC), do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) e da Presidência da República demonstra isso: a consolidação de uma universidade gerencial baseada em indicadores produtivistas na qual só interessam os números, as estatísticas. Ou alguém se ilude que a expansão a qualquer custo não faz parte dessa estratégia? Resistir é fundamental! Convencer os colegas de que a luta por uma carreira justa e igualitária é o nosso papel. Só assim venceremos essa tática protelatória do Governo.

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sexta-feira, 29 de junho de 2012

Quando radicalizar é preciso para não prejudicar os estudantes


A greve dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) completa hoje 42 dois dias sem que o Governo Federal tenha apresentado nenhuma proposta de negociação referente à carreira de professor federal, defendida pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes). O “tamanho da greve”, ou seja, o tempo de paralisação começa a ser usado pelo Governo e pela mídia, principalmente a Rede Globo, contra a greve, como se os docentes não aceitassem a “proposta do governo”, coisa que não existe, e como se nós, os professores em greve, estivéssemos “prejudicando” os estudantes. Esse foi o tom de uma reportagem no G1, portal de notícias da Rede Globo, e, certamente, será a tônica das demais matérias da Rede. É preciso que fique claro, no entanto, que a greve é um direito do trabalhador e, quando acontece, causa prejuízos para todos os envolvidos, principalmente professores e estudantes. Ninguém faz greve por esporte, por gostar de fazê-los. Nossa luta é contra a posição intransigente do Governo Federal de não negociar com os docentes. Lutar por uma universidade pública, de qualidade e socialmente referenciada é se posicionar ao lado da sociedade e dos estudantes. Uma universidade melhor e uma sociedade mais justa é fundamental para todos nós. E tanto a Globo quando o Governo Federal, que, de repente, parecem ter assumido uma postura em conjunto contra o Andes, logo, contra os docentes em greve, precisam de uma resposta à altura. E a resposta à altura não pode ficar nos “atos simbólicos” nas praças e em locais que não exponham essa clara posição de “não negociar”. A hora, a mim me parece, é de radicalizar. Defendo, portanto, que nossa greve seja efetivamente de ocupação: ocupação do MEC e de todas as reitorias das universidades em greve, com acampamento, até que o Governo apresente uma proposta e aceite negociar com o Andes. Se não fizermos isso sairemos com as mãos abanando e cozidos, como o Governo fez com a Fasubra, a entidade dos técnicos, que saiu da greve ano passado sem nenhum ganho. Hoje, radicalizar é preciso!

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quinta-feira, 28 de junho de 2012

Técnicos e professores fazem ato público em Brasília


Professores e técnico-administrativos das Instituições Federais de Ensino Superor (Ifes) fazem hoje, às 11h, em frente à sede do Banco Central, um Ato Público para denunciar “a inversão de prioridades” na aplicação dos recursos públicos. Enquanto os recursos para saúde e educação são minguados, o governo federal emprega 47,19% do Orçamento para pagar juros da dívida pública. Sem contar que concedeu R$ 155 bilhões de isenções fiscais às grandes empresas nos últimos dois anos. Para completar, a Comissão Especial do Plano Nacional de Educação (PNE) aprovou 10% do PIB para a Educação. No entanto, esses recursos só atingem o patamar de 10% em 2023. A orientação do Comando Nacional de Greve (CNG) para todas as ADs localizadas nas cidades que possuem sedes do Banco Central é de que sejam feitos atos públicos no mesmo horário. O objetivo desses atos unificados é denunciar a falta de prioridade da aplicação dos recursos públicos em saúde e educação. Como exemplo, se pode citar o fato de, para o Orçamento de 2012, o Governo vai usar 47,19% para pagamento de juros e amortização da dívida mobiliária. Por outro lado, destinará apenas 3,18% para a educação. Outro número que revela esse descompromisso do Governo Federal foram os cortes no Orçamento para as áreas sociais de R$ 105 bilhões. O contracenso é, ao mesmo tempo que corta investimentos nas áreas sociais, o Governo do Partido dos Trabalhadores, beneficia empresas com isenções fiscais de R$ 155 bilhões.

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quarta-feira, 27 de junho de 2012

Governo tenta desmobilizar a greve dos professores


Três medidas anunciadas ontem pelo Governo Federal possuem o nítido objetivo de desmobilizar a greve dos professores das universidades federais. O primeiro deles foi proibir a renovação do contrato dos professores temporários de todas as universidades. A medida pegou de surpresa até os reitores cujas administrações, como a da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), já convocavam esses professores para a renovação do contrato. Ontem mesmo, o segundo movimento do Governo para desmobilizar a categoria. Sancionou a Lei 12.677, de 26 de junho de 2012, que cria exatos 77.178 cargos efetivos, cargos de direção e funções gratificadas para o Ministério da Educação (MEC). Quem pode acreditar que a sanção desta lei não tenha nenhuma relação com a Greve? As novas vagas criadas pela Lei 12.677 são destinadas às universidades e aos institutos federais de ensino.  Dessas vagas, 56% são para docentes. Das 77.178 vagas, 19.569 são para professor de terceiro grau, ou seja, para a carreira do magistério superior, e 24.306 são para professores dos ensinos básico, técnico e tecnológico. Além das novas vagas, a lei criou 27.714 cargos de técnicos administrativos, 1.608 cargos de direção (quatro categorias diferentes) e 3.981 funções gratificadas em três categorias. É sintomático que o Governo ponha 3.981 novas funções gratificadas justamente na época que se começa a discutir a sucessão em várias universidades. Além de ser uma medida que tem potencial para desmobilizar greve, com a Lei, o Governo “faz um agrado” aos reitores que, publicamente, apoiaram a greve dos professores. Por fim, em o terceiro golpe orquestrado contra a greve: na Câmara dos Deputados, a Comissão Especial do Plano Nacional de Educação (PNE) aprovou 10% do PIB para a Educação. Porém, a medida só será aplicada nos próximos 10 anos, quando o movimento dos professores exige que seja já. Causa estranhamento que o Governo, durante todo o processo de negociação, tenha se posicionado contra o 10% e, agora, com a greve dos professores, tente capitalizar para si a concessão dos 10% aprovada pela Comissão. Todas essas medidas, na verdade, são orquestradas com o intuito de enfraquecer a greve dos professores. Ter cuidado e se manter firme é essencial para que o movimento saia vencedor dessa guerra nada velada travada, inclusive, com o uso maciço da mídia.

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terça-feira, 26 de junho de 2012

Governo ludibria professores incautos


A piada mais trágica que resulta da política pública de remuneração dos professores das universidades federais “implantada pelo governo FHC e refinada pelo Governo Lula”, como sempre gosto de frisar, é que “professor universitário hoje não faz plano (de curso) faz programa”. Na discussão realizada ontem na sede da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Amazonas (Adua-Ad) sobre o Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica (Parfor) grande parte dos professores que defende a não-paralisação das atividades do Parfor o faz com o discurso de que os estudantes, no interior, fazem sacrifícios adicionais e precisam “ser respeitados”. Estranho que não tenham esse cuidado com os estudantes de Manaus. Será que os estudantes de Manaus também não merecem respeito? A mim me parece que não se trata de defender o respeito aos estudantes do interior, mas sim de defender as seis bolsas de R$ 1.300,00 que cada “iluminado” do Parfor recebe como professor. Essa política de implantar “programas emergenciais” no fundo não passa de uma estratégia do governo federal com duas finalidades: desmobilizar a categoria em momentos de greve, como agora, e remunerar temporariamente professores com bolsas ao invés de pagar salários dignos. O trocadilho “fazer programas” cai bem para a situação e me fez lembrar, enquanto a discussão transcorria, de um episódio ocorrido entre mim e o jornalista Umberto Calderaro Filho que é hilário e didático, ao mesmo tempo. Quando iria lançar meu livro Rhumores, na Bienal do Livro, em São Paulo (nem me lembro do ano), fui ao gabinete do dono o jornal que eu trabalhava para solicitar uma carta de recomendação ao Sistema Globo, uma vez que A Crítica era parceira. Calderaro me garantiu a carta de apoio, mas, como de hábito fazia com os demais jornalistas da época, resolveu “dar um agrado”. Puxou do bolso algo equivalente a R$ 500,00 e disse: “tome, é para ajudar nas despesas da viagem”. O dinheiro já tinha sido posto no bolso da frente da minha camisa. Ato contínuo, peguei o dinheiro, devolvi a ele e disse: “obrigado, seo Calderaro! Mas, se o senhor quiser incluir esse valor como aumento no meu salário vou ficar muito contente”. Ele me respondeu com uma gargalhada acompanhada de um palavrão, impublicável é claro. O Governo Federal age da mesma forma: ilude professores com programas e bolsas, ou seja, ganhos imediatos, mas não quer nem saber de negociar remuneração justa e digna. Os incautos são a prova de que a remuneração é miserável a ponto de muitos esquecerem a dignidade e pararem as atividades na capital para correrem rumo às atividades do Parfor nos municípios. É um ganho a mais em dinheiro, porém, um golpe fatal no comportamento digno e ético. E muitos (e muitas) nem se dão conta disso Ou fingem não entender!

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segunda-feira, 25 de junho de 2012

Para justificar o injustificável na universidade


Hoje fiquei a refletir, cedinho, ainda deitado, sobre dois discursos que ouvi durante as assembleias e reuniões da greve dos professores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Um deles, para justificar o argumento de que o Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica (Parfor) não poderia parar, “pois a bolsa já foi incorporada ao meu orçamento”, além disso, “se não for nós, outros vão fazer”. Quando a discussão muda para a questão da “prestação de serviços” por parte da universidade pública como forma de captar recursos, vem o mesmo argumento: “se não fizermos, o pessoal das particulares faz e muito mais caro”. Lembrei-me, então, das minhas incursões pela questão da pedofilia, da violência contra crianças e adolescentes, que me renderam, dentre outras coisas, uma agressão covarde dentro do auditório Rio Negro, do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Rendeu-me, também, o conhecimento a respeito de um dos argumentos mais usados por pais ou padrastos que comentem violência sexual contra as filhas. Dizem eles que, “se não fizerem, outros veem e fazem”. O que impressiona é a similaridade nos três tipos de argumentos. Tanto na universidade como na vida há argumentos para justificar o injustificável. Há um modelo de universidade privatista, que empurra para os professores a captação dos recursos por meio da prestação de serviços à medida que os “obriga” a engordar o orçamento participando de “programas” como o Parfor. O argumento “se eu não fizer, outro faz...” termina por aproximar professores e país (e padrastos). Esses últimos justificam o crime sexual, aqueles, o crime da quebra da dedicação exclusiva. Em todos os casos, a justificativa não se aplica, muito embora, no caso dos pais o crime seja mais violento e menos justificável ainda.

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domingo, 24 de junho de 2012

O estupro na Educação Superior brasileira


Não tenho nenhuma dúvida! Definitivamente, ao fim desta greve dos professores das universidades públicas brasileiras, sairá vencedor ou o modelo privatista e de negócios implementado no governo de Fernando Henrique Cardoso e refinado no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, ou brota, de novo, a chama de uma universidade pública, gratuita, de qualidade e referenciada socialmente como defende o Sindicado Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN). E sabem o porquê de falar em “modelo privatista”? Pelo simples fato de que, há muito, é o que ocorre nas universidades brasileiras. Em nome da troca de experiências e aproximação coma sociedade, principalmente após a aprovação da Lei de Inovação Tecnológica, o que ocorre é isso: professores montam verdadeiras empresas privadas, travestidas de centros de pesquisa, e passam a oferecer serviços e negócios usando toda a estrutura montada com dinheiro público captado por meio de projetos de pesquisa e extensão. Não quero apelar para a questão ética, apenas me pergunto: é justo uma empresa não investir um centavo e depois se apoderar do conhecimento produzido (às vezes à custa da exploração de inúmeros bolsistas) e dos produtos e deixar apenas migalhas para a universidade, enquanto seus professores ganham milhões. Talvez desse “caldo” todo até se tenha, no final de tudo, melhorias em bloco para a sociedade. Do ponto de vista do capitalista, porém, é a universidade se curvar ao modelo de exploração, de rapinagem, tão combatido ao longo dos anos. No capitalismo, entendo eu, os investimentos precisam ser de risco. Investir na universidade dessa forma é reduzir os riscos quase ao zero. A mim me parece que nesse modelo que ora passa a vigorar nas universidades públicas brasileiras, o que se tem é um estupro e não o que chama de parceria público-privada. Se, da greve, sairmos, pelo menos, como esse dilema resolvido e com uma universidade na qual os professores não precisaram usar mais máscaras para esconder seus escritórios de fachada (ou regulamentados terá sido o maior ganho do movimento.

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sábado, 23 de junho de 2012

Propesp só respeita movimento nacional


É de causar estranhamento a nota seca emitida pela Pró-reitoria de pesquisa e pós-graduação (Propesp) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) divulgada no próprio portal da Instituição: “A PROPESP informa à comunidade acadêmica que suspendeu a obrigatoriedade da entrega do relatório final do Pibic 2011/2012, prevista para o dia 22 de junho, em respeito ao Movimento Paredista Nacional dos docentes das IFES.” Ao final da nota, fica a impressão que a PROPESP não aceita a decisão local, nem dos professores, nem do próprio Conselho Universitário (Consuni), que, no dia 29 de maio de 2012, suspendeu todas as atividades acadêmicas a partir do dia 17 de maio de 2012, data da deflagração da greve. Mesmo com a decisão do Consuni, a PROPESP desenvolveu regularmente todas as atividades, inclusive, antecipando o prazo para a entrega do relatório final do PIbic 2011/2012 para o dia 22 de junho de 2012. Estranhamente, logo após o Comando Local de Greve (CLG) decidir uma ação contundente na própria PROPESP (e nas demais pró-reitorias) para exigir que a decisão da categoria (e não do Consuni) fosse cumprida, a Pró-reitoria divulga uma nota na qual ressalta o “... respeito ao Movimento Paredista Nacional dos docentes das IFES.” A mim me parece uma nota desrespeitosa tanto em relação aos professores em greve quanto à decisão do Consuni da Ufam. É como se a PROPESP, levada a tomar a decisão que tomou, o faça não em respeito ao CLG e aos demais professores (e professoras) em greve, mas, ao “Movimento Paredista Nacional”. Postura lamentável!

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sexta-feira, 22 de junho de 2012

Parfor do ICHL e da Faced parados


Há contradições no movimento de greve dos professores das universidades públicas brasileiras que, no meu entendimento, não podem ser admitidas no seio de uma categoria de “professores universitários”. Ao invés de acreditar que se trata de desinformação, começo a crer que grande parte dos nossos colegas “dá uma de João-Sem-Braço” para fingir que apoia a greve, porém, no dia-a-dia, faz tudo para desmobilizá-la. Mais parece uma ação orquestrada a fim de criar condições para que alguns professores justifiquem a incoerência de paralisar as atividades na graduação e continuarem as demais atividades oficialmente remuneradas na instituição. Esse tem sido o caso do Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica (Parfor) que paralelamente são desenvolvidos na Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e nas demais Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes). Professores (e professoras), com o intuito de validar as atividades por eles desenvolvidas, passam a “espalhar” a fofoca de que o Comando Local de Greve (CLG) reuniu-se e considerou o Parfor como essencialidade. Não é verdade! Respaldado na decisão do Conselho Universitário (Consuni), tomada no dia 29 de maio de 2012, de suspender o Calendário Acadêmico a partir do dia 17 de maio de 2012, as atividades de ensino do Parfor estão paralisadas. Essa e a única verdade. Qualquer outra versão não passa de boato. Tanto que a Faculdade de Educação (Faced) e o Instituto de Ciência Humanas e Letras (ICHL), que representam mais de 60% das turmas do Pafor, pararam integralmente suas atividades. Essa é a orientação existente do Comando Local de Greve (CLG). Cabe a nós não acreditar em nenhuma especulação.

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quinta-feira, 21 de junho de 2012

Ética na pesquisa, ética na greve


Espanta-me que alguns colegas professores (e professoras) das universidades brasileiras aceitem se submeter à Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) que estabelece as “Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos”, mas, nas greves decididas pela maioria da categoria, em Assembleia, comportem-se sem princípio ético, pois, no meu entendimento, quem continua a ministrar aulas e a desenvolver as demais atividades para “lançar quando a greve acabar” dá uma lição de extrema falta de ética e desrespeito aos próprios colegas que travam uma luta coletiva por uma universidade pública, gratuita, de qualidade e referenciada socialmente. Isso agrava um pacto de mediocridade e falta de ética com os estudantes que aceitam participar desse circo dos horrores. Sem contar que, comportamentos dessa monta, além de, volto a frisar, serem reprováveis, ressaltam a dicotomia entre o ensino de graduação e de pós-graduação. É como se professor, ao obter o título de doutor, fosse uma entidade acima do bem e do mal dentro da universidade e da sociedade. Fico a imaginar que esses “pesquisadores” consideram ética é algo a ser praticado e defendido por meros mortais. Entendo, no entanto, que quem defende e aceita se submeter a essa interferência indevida dos Comitês de Ética na Pesquisa, também tem a obrigação moral de praticar (e respeitar) a ética da (e na) greve. Professor (e professora) que burla a greve com artimanhas com fazer as atividades e depois lançá-las quando a greve acabar é um péssimo exemplo para seus colegas, para os estudantes e para a sociedade. Quem defende a ética na pesquisa também deveria praticá-la, como princípio basilar, na greve.

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quarta-feira, 20 de junho de 2012

Lula, Maluf e o professor (fura) greve


O que Lula Maluf e os professores em greve que param as atividades na graduação mas defendem com unhas e dentes continuar o trabalho na pós-graduação possuem em comum? Límpido e simples como água potável: a incoerência. Vejo colegas professores (e professoras) criticarem ferozmente a aliança entre Paulo Maluf e o Partido dos Trabalhadores (PT) para a Prefeitura de São Paulo. Essas mesmas pessoas, porém, param as atividades na graduação, mas trabalham nos programas de pós-graduação. Com todo respeito aos nossos colegas professores que agem dessa forma (aliás tenho dúvidas se devemos ter respeito a quem age assim), como se pode cobrar dos políticos um tipo de comportamento que não se faz dentro da universidade? Tenho a humilde impressão de que a universidade não pode ser mero espelho das práticas da sociedade. Ao contrário, tem de ser o sol, o reflexo, servir de exemplo à sociedade. Logo, é fundamental que as práticas dentro da própria universidade sejam diferentes das práticas correntes. Afinal, não consigo compreender como um professor (ou professora) para as atividades acadêmicas na graduação e continua a trabalhar na pós-graduação? É como Lula visitar Maluf e convencê-lo a ser apoiador do PT. Incoerência total!

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terça-feira, 19 de junho de 2012

Governo recua e professores vão à Praça


O Governo Federal, mais uma vez, ludibriou o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) e desmarcou a reunião acertada para hoje, às 9h, em Brasília. Ao usar a desculpa de que as autoridades estão participando da Rio +20, o Governo decidiu adiar, com data ainda não prevista, a nova rodada de negociações. Os professores em greve da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), conjuntamente com os estudantes e alguns técnicos, mantiveram a atividade na Praça Heliodoro Balbi (Praça da Polícia). Professores e estudantes começaram a chegar às 6h e foram se aglomerando. O músico Lúcio Bahia entrecortava a fala dos presentes com músicas. Paralelamente, professores e professoras distribuíam panfletos com explicações sobre o motivo da greve. O ponto alto do Ato Público foi quando Bahia dedilhou os primeiros acordes de “Pra não dizer que não falei de flores”, de Geraldo Vandré, que embalou movimentos paredistas ao longo dos anos. Assim que o músico começou a cantar “Caminhando e cantando e seguindo a canção...” todos os participantes deram-se as mãos e começaram a cantar a música, com braços abertos e levantados, e abraçar simbolicamente a Praça. Por fim, ao som de Gilberto Gil, “Esperando na Janela”, os presentes começaram a dançar e terminaram o Ato Público em um ambiente de alegria e confraternização.

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segunda-feira, 18 de junho de 2012

Estratégias para engordar a produção intelectual


No momento que se discute uma nova carreira para os professores (e professoras) das universidades federais, é essencial que se discuta o que os programas de Pós-graduação, principalmente os da região sul e sudeste, chamam de “estratégias para elevar a produção intelectual”. Tenho a impressão que os números elevadíssimos (há áreas nas quais os professores produzem uma média 15 artigos por semestre), muito acima da média exigida, inclusive pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), são resultados de uma estratégia para “engordar” e não para elevar a produção da área. Conversas reveladas por coordenadores de Pós-graduação se não confirmam, deixam no ar suspeitas de que efetivamente ocorre uma espécie de “engorda” e não de produção efetiva. É correto, por exemplo, quem faz parte de uma subárea ou de uma linha de pesquisa de determinado programa de Pós-graduação aparecer como autor (ou co-autor) nos artigos que não escreve? Não se assume isso publicamente, no entanto, tenho sérias dúvidas de que isso não venha ocorrendo. Particularmente, considero esse tipo de prática reprovável. Por o nome de professores, apenas por serem de determinada linha de pesquisa, com o único objetivo de atender os critérios de produtividade estabelecidos pelos próprios colegas professores nos gabinetes de Brasília não pode ser considerado correto nem o padrão a ser seguido. Nesse momento de paralisação das atividades acadêmicas dos professores (e professoras) é fundamental que se discuta não apenas a relação da Graduação com a Pós-graduação, mas, a qualidade efetiva dessa produção, desses artigos. Comportamentos reprováveis do ponto de vista ético, se ocorrem, devem ser banidos e não incentivados.

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domingo, 17 de junho de 2012

Greve dos professores completa um mês


A greve dos professores (e professoras) das universidades públicas federais completa hoje um mês.com uma vitória fundamental: o governo federal, que tem como característica não negociar com categorias em greve, aceitou voltar à mesa de negociações. Após pedir uma trégua de 20 dias, não aceita pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) uma vez que há mais de um ano o Governo não se manifesta sobre a proposta de carreira, haverá nova rodada de negociações na manhã de terça-feira, dia 19. Neste dia haverá uma vigília pró-carreira, em Brasília. Em Manaus, a partir das 6h da manhã, os servidores e estudantes da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) concentram-se à Praça Heliodoro Balbi (Praça da Polícia). Será o primeiro evento denominado “Ufam na praça”, que levará à comunidade uma série de informações sobre a universidade e sua importância para a sociedade. Trata-se de um evento de mobilização que tem por finalidade demonstrar a união da categoria em torno de uma universidade pública, de qualidade e socialmente referenciada.

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sábado, 16 de junho de 2012

A greve dos professores e o aumento dos deputados


Quero ver, agora, qual decisão o governo federal irá tomar relativamente à reivindicação dos deputados federais. Enquanto os professores caminham, amanhã, para trinta dias de greve em busca de remuneração digna para a carreira de magistério superior, os deputados federais querem reajuste na verba de gabinete de R$ 60 mil para R$ 75 mil. Vejam bem, leitores e leitoras, somente a diferença de verba de gabinete proposta pelos deputados é de R$ 15 mil por mês. Caso observemos a tabela dos professores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), somente a diferença pedida pelos deputados é quase cinco vezes maior que o vencimento básico de um professor titular com dedicação exclusiva, que é de R$ 3.110,85. A proposta dos deputados é tão acintosa que, se comparada com o que os professores reivindicam, é maior do que a remuneração bruta de um professor universitário que, com os descontos, não chega aos R$ 15 mil que os deputados querem de aumento na verba de gabinete. Essa diferença pedida pelos deputados provoca um impacto de R$ 92,5 milhões por mês nos cofres públicos. Apesar de todas as ponderações, alguém duvida de quem será atendido primeiro? É bem possível que os deputados ganhem o aumento integral pedido nas verbas de gabinete e, aos professores, sejam oferecidas migalhas.

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sexta-feira, 15 de junho de 2012

MEC: o Pilatos da Educação Superior


No dia 13 de junho de 2012, neste espaço, sob o título “Novo exemplo de expansão irresponsável” critiquei ferozmente a expansão irresponsável de 48 vagas para o curso de Medicina da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em Manaus, e mais 80 vagas para o curso de Medicina em Coari. O fato foi divulgado nacionalmente e, pasmem, leitores e leitoras, pegou de surpresa até a reitora da Ufam, Marcia Perales Mendes e Silva. Pelo que foi apurado, o Ministério da Educação (MEC) divulgou primeiro na mídia e só depois comunicou à reitoria a “autorização” das vagas. No fundo, é como se o MEC jogasse uma casca-de-banana para a administração superior da Ufam, como o fez com todo o processo de expansão. Uma espécie de Pilatos oficial: nós autorizamos as vagas, a Ufam as oferece se quiser. Na prática, o MEC joga a Ufam, e sua administração atual, contra a comunidade. Como explicar, em detalhes, o fato de não oferecer mais 48 vagas no curso de Medicina, em Manaus, considerado hoje um dos melhores do País? Autorizar as vagas, porém, sem nenhuma garantia e contratação de novos professores e investimento em infraestrutura, é de uma irresponsabilidade sem tamanho. É jogar fora todo o trabalho coletivo de soerguimento do curso de Medicina da Ufam, que saiu da nota 2 para a nota 4, numa escala de 1 a 5. Mais irresponsável ainda é “autorizar” 80 vagas para Coari. A unidade da Ufam naquela cidade não tem as mínimas condições de abrigar um curso de Medicina. Se duvidar, nem a cidade tem infraestrutura para tal. É por essas e outras do MEC que 59 reitores das universidades federais estão a favor da greve dos professores e cobram do MEC agilidade nas negociações. Pelo jeito, jogar a comunidade contra as universidades para que caiam nas armadilhas da expansão virou regra no MEC.

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quinta-feira, 14 de junho de 2012

Governo blefa na mesa de negociações da greve


O Governo Federal, derrotado em sua arrogância inicial de não querer negociar com categorias em greve, recebeu, dia 12 de junho de 2012, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes – SN), para, pasmem, leitores e leitoras, pedir uma trégua de 20 dias. Só essa atitude já demonstra que não há compromisso efetivo com a Educação superior e respeito aos professores. Afinal, como pedir 20 dias de trégua se há mais de um ano foram iniciadas as negociações para a Carreira e, na primeira reunião, o Governo diz que não tem proposta? O que se percebe é que, na mesa de negociações, o Governo e o Fórum de Professores das Instituições de Ensino Superior (Proifes) querem recuperar o terreno perdido junto aos professores (e professoras), ou seja, às bases. Após essa reunião, a mídia passou a divulgar que a greve será encerrada dia 19, pela manhã, com a nova reunião. Acontece que o Governo só se compromete a apresentar “um esboço de proposta”. Ora, como se pode retomar as atividades apenas em função de um “esboço de proposta”? Por trás desse “esboço”, o que há é uma tentativa de desmobilizar a categoria com essa “armadilha” de se propor a equiparação à carreira de Ciência e Tecnologia. Acontece que nada disso está formalizado. Claramente, o Governo começa a “jogar” com a possibilidade de os professores se dividiram com essa mera perspectiva de equiparação salarial. Trata-se de um blefe! Será um erro gravíssimo “balançar” numa hora dessas. É preciso manter-se em vigília e esperar que sejam apresentadas propostas formais e não apenas um esboço que apresente melhorias salariais e nada além. Ou se investe nesse conceito de carreira proposto por nós e entendido pelos colegas professores (e professoras) e pela sociedade. A perspectiva de equiparação e esse indicador da mídia de fim da greve para o dia 19 é falso. Tenhamos cuidado!

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quarta-feira, 13 de junho de 2012

Novo exemplo de expansão irresponsável


É curioso que, justamente em meio à greve dos professores (e professoras) das universidades federais, dentre elas da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o Ministério da Educação (MEC) anuncie a ampliação de 48 vagas no curso de Medicina da Ufam, e a abertura de 80 vagas para um novo curso de Medicina, da Ufam, em Coari. Digo curioso porque uma das principais bandeiras da greve, por conseguinte, dos grevistas, é a qualidade do ensino (gosto mais da expressão processo de aprendizagem). Ora! Todos sabemos dos problemas enfrentados pelo curso de Medicina da Ufam para sair de um estado de “quase falência” para, hoje, estar entre os melhores cursos do País, com nota 4. Acontece que aumentar mais 48 vagas sem a contratação de novos professores só de uma finalidade: aumentar as estatísticas da ampliação das vagas, nada mais. E corre-se o risco de jogar no lama todo o trabalho de recuperação do curso. Pensar que o aumento do número de estudantes não atinge a qualidade do curso é ingenuidade. O que mais me espanta e aceitarmos, calados, que seja aberto um curso de Medicina em Coari, com 80 vagas, onde as condições para o funcionamento de um curso desses são zero. Não há professores, não há espaço para as atividades práticas e não se tem minimamente a certeza de que as condições ideias para se iniciar um curso dessa envergadura seja atingida. É temerário e irresponsável apoiar um processo desses de expansão.

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terça-feira, 12 de junho de 2012

O falso dilema da Pós e a metáfora do Bebun


Ontem, na assembleia setorial do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), a professora do Departamento de Comunicação Social (DECOM), doutora Sandra Maria Campos, em sua falou, apresentou a “metáfora do Bebun” para ressaltar que há uma política pública que “embriagada” os doutores, os faz apresentar projetos de Programas de Mestrado e Doutorado, porém, depois vem a ressaca, ou seja, a falta de infraestrutura e de condições de trabalho para o desenvolvimento das atividades básica de pesquisador. Acerta na mosca a professora. O que ocorrer é isso mesmo: doutores e doutoras são iludidos com as estatísticas dos programas de Pós-graduação, principalmente na Ufam, porém, ao ingressarem na Instituição, passam a fazer um trabalho voluntarioso, pois, nem recebem função gratificada para exercerem a coordenação dos Programas de Pós. O mais interessante dessa metáfora usada pela professora é que ela se aplica, em grande parte dos casos, a muitos professores e professoras que, em época de greve, como agora, aparecem nas assembleias da categoria, no momento da ressaca, reclamam da Capes, da falta de condições de trabalho e da exploração à qual são submetidos. Ao saírem das assembleias, porém, voltam para o vício, enchem a cara de ilusão e vão ministrar aulas e exercer suas funções nos programas de Pós. São professores  (e professoras) que defendem arduamente que não deve haver nenhum tipo de distinção entre Graduação e Pós-graduação, porém, em Greve, param imediatamente as atividades nos cursos de Graduação e insistem em que não se pode parar a Pós, “porque temos de cumprir prazos da Capes”. Trata-se, efetivamente, da “metáfora” do Bebun: na ressaca, correm para os braços da categoria, quando voltam a si, passam a se embriagar de novo com as ilusões da Pós.

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segunda-feira, 11 de junho de 2012

Razões de sobra para a greve dos professores


Dois jornais de Manaus trazem hoje manchetes que apresentam à sociedade a farra que parlamentares, vereadores e deputados, fazem com o dinheiro público. A primeira delas é “Vereadores R$ 219 mil em um mês com gasolina e aluguel de carro”. Só com essa “brincadeirinha”, os vereadores gastam exatos R$ 2.628 milhões ao ano. O outro jornal traz a seguinte manchete: “Deputados tem plano de celular de R$ 38 mil”. O jornal ainda ressalta que a quantia é por parlamentar. Isso significa que cada deputado estadual gasta, somente com o plano de celular, a bagatela de R$ 456 mil por ano. Se cada deputado usar seu plano integralmente o montante só com planos de telefonia celular passa de R$ 1 milhão. Nós, professoras e professores universitários, queremos isonomia do Estado brasileiro. Queremos receber verbas para Ensino, Pesquisa e Extensão na mesma proporção do que é liberado para manter funcionando o poder Legislativo. Se, para a sociedade e para os governantes, empregados dessa sociedade, a Educação é um bem estratégico do Estado, portanto, da sociedade, isso tem de se refletir na remuneração digna dos professores e nas condições de trabalho condignas com a importância que temos, efetivamente, para a sociedade. Se é que temos! Essa é a nossa luta coletiva. Por isso estamos em greve. Aos poucos, toda a sociedade entenderá nossas razões. Notícias como essas nos ajudam a explicar melhor os motivos que nos levaram a parar as atividades.


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domingo, 10 de junho de 2012

A produção e a produtividade nas universidades


O momento em que os professores de mais de 50 das universidades públicas brasileira cruzaram os braços bem que poderia servir, principalmente, para aqueles que atuam nos programas de Pós-graduação, para uma discussão profunda sobre o modelo produtivista de avaliação e financiamento ora vigente. O cerne da questão é diferençar produção e produtividade. Um professor (ou professora) produtivista é aquele que nem discute o modelo atual, ao contrário, nele se enquadra, e só fala nos indicadores de área da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Vive-se uma verdadeira paranoia em torno desses indicadores de produtividade a ponto de, em alguns cursos e institutos da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), por exemplo, qualquer conversa com os colegas só prospera se apontar para a possibilidade de publicação de um artigo. Penso que o ponto central não é a produtividade, mas, a produção, profunda e com impacto político e social. Grande parte dos artigos e livros dessa produção desenfreada dos professores e estudantes dos programas de Pós-graduação é numerosa, com certeza, porém, de qualidade extremamente duvidosa. Vale a pena um artigo (ou livro) que não é lido nem citado por ninguém? Ou será que vale mais aquele artigo (ou livro) citado por aquelas que fazem parte do “acordo invisível” das citações, ou seja, aquele jogo nada ético do “eu te sito, do me sitas”? Alguém já parou para pensar nessa face cruel da “produtividade acadêmica”? Vale mais um artigo (prefiro os ensaios) cujas ideias são lembradas (e verdadeiramente citadas) anos a fio ou dez artigos por ano dos quais não de fala de nenhum? Há muito que se refletir sobre o tema. Seria um assunto interessante para pautar parte das discussões nesse período de greve.

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sábado, 9 de junho de 2012

A competição que nos mata diariamente


A morte da professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Katia Neves Lens César de Oliveira, ocorrida na sexta-feira, 8 de junho, dois dias após a morte da minha querida professora Giralcina Pessoa, me fez ficar a refletir sobre esse ritmo alucinante que nos é imposto pela política pública de financiamento das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes). Esse é um ponto que precisa ser levado em conta por todos nós ao examinarmos a Carreira de Magistério Superior: estamos morrendo a cada dia, empurrados por um produtivismo que exacerba a competição fratricida entre pares. Quando uma colega nossa morre no auge da maturidade acadêmica é que começamos a perceber a necessidade de uma carreira que nos dê qualidade de vida. Um profissional não vive apenas de salários. Não pode se matar levando trabalho para casa nos finais-de-semana. Ou, viajando constantemente ao interior, nos Pafores da vida. Ou, ainda, como muitos gostam de encher a boca e dizer que “prestam consultoria”. Gostaria de saber, porém, quem consegue não sofrer de estresse quando, ao final do mês, o salário não cobre as despesas? Quando é obrigado a recorrer constantemente ao empréstimo consignado para pagar as contas? Quem consegue qualidade de vida se, no ambiente de trabalho, falta a infraetrutura básica para o curso no qual você trabalha funcionar? Nossa luta coletiva é por garantir uma carreira digna. É uma perda incomensurável para a sociedade, para a comunidade da Ufam e para a família da pessoa, quando um professor ou professora morre. A professora Katia Lens era da Faculdade de Psicologia da Ufam. Morreu jovem. Que tenha paz e descanse. E que sua morte nos ajude a refletir sobre a carreira justa e necessária que ela não teve, mas, pela qual devemos lutar até o fim dos nossos dias.

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sexta-feira, 8 de junho de 2012

As atividades dos estudantes e a unidade na greve


É preciso deixar bem claro uma coisa: o Comando Local de Greve (CLC) dos professores (e professoras) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) não interfere em nenhuma das decisões tomadas pelos estudantes em greve da Ufam. A decisão, por exemplo, de realizar uma passeata, quinta-feira, dia 31, até o Complexo Viário Gilberto Mestrinho, na Bola do Coroado, foi tomada pelos estudantes durante a concentração dos professores no chamado “Bosque da Resistência”. Dos professores e professoras, quem decidiu participar, na hora, o fez sem nenhum problema. O CLG da Ufam decidiu que só fará um evento público de impacto por semana. Nos demais dias, participa de atividades internas de convencimento dos demais colegas professores. No entanto, se os estudantes programa uma atividade de rua, parte dos membros do CLG é descolado para participar, dar apoio, demonstrar claramente o apoio às atividades dos estudantes. A greve é uma só. Deflagrada pelos professores no dia 17 de maio de 2012. Recebeu o apoio de grande parte dos estudantes. Os servidores técnico-administrativos da Ufam também decidiram parar todas as atividades a partir de segunda-feira, dia 11. Sempre que for possível, os três segmentos farão atividades em conjunto. Assim funciona em uma greve. E isso precisa ser compreendido por toda a comunidade. Nenhum dos segmentos faz “corpo-mole”. Se todos os membros de cada segmento fizessem parte do Comando de Greve, nem assim, se poderia estar nas ruas todos os dias. A decisão de acampar, durante o feriado prolongado, em frente à sede da Adua-SN, foi dos estudantes. Qualquer professor, individualmente, pode participar do acampamento. Sem passar pelo Comando de Greve, porém, não é uma atividade do grupo de professores em Greve. É preciso que isso seja compreendido para que não paire nenhuma dúvida sobre a unidade do movimento.

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quinta-feira, 7 de junho de 2012

Governo faz ouvidos de Mercadante à greve dos professores


Até agora, o Governo Federal tem feito “ouvidos de Mercadante”, com o perdão dos meus leitores e leitoras pelo trocadilho usando o nome do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, à greve dos professores das universidades federais. Ao invés de manter a reunião inicial marcada para o dia 28 de maio de 2012, o ministro a adiou. Com isso, só incentivou outras instituições a cruzarem os braços. Já são ??? paradas. O movimento, não perde a força como o Governo queria ao adiar o início das negociações. Cada vez que o ministro Mercadante vai a uma emissora nacional de televisão dizer que não há motivos para a greve, duas ou três instituições que ainda tinham professores a trabalhar param. A tática de fazer de conta que a greve não existe (ou que não há motivos para ela) não convence nem os professores que ainda não tinham aderido nem a sociedade. Fosse mesmo um governo dos trabalhadores e comprometido com a Educação do País, o Governo que tanto insiste em dizer que promoveu “a maior expansão do número de vagas” para ingressantes nas Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) também promoveria a implantação de uma carreira digna “como nunca ocorreu na história deste País”. É condição básica para que os professores retornem ao trabalho o governo apresentar uma proposta de carreira capaz de devolver a dignidade aos professores (e professoras).

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quarta-feira, 6 de junho de 2012

A hipocrisia de Estado desnudada na greve dos professores


“Nunca, na história deste País” houve Governo que, efetivamente, elegesse a Educação, em todos os níveis, como prioridade estratégica de Estado. E a greve dos professores das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) bem que poderia mostrar definitivamente que o Rei (Estado brasileiro) está nu e revelar a efetiva falta de compromisso de todos os governos com a Educação em todos os níveis. Tomemos como exemplo do que chamo de “hipocrisia de Estado” a escolha e a remuneração de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Como são escolhidos esses ministros? Qual o grau de instrução deles exigido? A suprema corte do País é escolhida por indicação da Presidência da República com base mais em critérios subjetivos que objetivos. No mais das vezes, são pessoas que, ao olhar do governante (será que a presidente Dilma Roussef também gosta de ser chamada de governanta?) de plantão, criarão pouco (ou quase nenhum) problema para ele (o governante). Nós, os professores (e professoras) somos submetidos a um concurso público de provas e títulos. Ao ingressarmos na carreira, normalmente, para chegar ao topo, temos de obter o título de doutor (ou até pós-doutor). Os ministros do STF, quando muito, são graduados. De nós, os professores, o Estado exige o mérito. Deles, os ministros do STF, responsáveis pela guarda da Constituição Federal, exige-se, no máximo, boas relações com o poder ou com quem ele ocupar. Basta compararmos o indicar ingresso na carreira, combinado com o indicador titulação, para deixarmos o “rei”, Estado brasileiro, apenas co as peças íntimas. Mas, se avançarmos nessa comparação e incluirmos mais um indicador de comparação, os salários, o “rei hipócrita” fica inteiramente nu. Se não, vejamos! Um ministro do STF, no primeiro mês de indicado, ingressa na “carreira”com um salário de R$ 26,7 mil por mês. É o teto do Serviço Público Federal, ou seja, o máximo que um servidor federal pode receber. Um professor, no entanto, terá de trabalhar tem três possibilidades de ingressar na carreira, se for de 20h, o salário é de R$ 557,51; de 40h receberá R$ 1.115,02 e com Dedicação Exclusiva (DE) o salário é R$ 1.728,30. Depois de 32 anos ininterruptos de trabalho, se houver vaga e for aprovado em novo concurso público, chega ao topo da carreira: transforma-se em Titular. A tabela de 2009 da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) revela os números: 20h, o salário é de R$ 1.003,50; 40h, R$ 2.007,00 e com DE, o salário é R$ 3.110,85. É hipócrita um governo trata um ministro do STF com um peso e os professores com outro em todas essas questões que aqui levantamos. Será que a sociedade brasileira sabe disso. É hora de revelar que o rei está nu. O Sindicato Nacional (Andes-SN) deve abrir as contas de todos nós professores, mostrar, claramente, que o discurso do Estado brasileiro em relação a nós é hipócrita. Lutamos por uma carreira para ter uma remuneração digna depois dos 70 anos, quando somos compulsoriamente aposentados. Iludir-se com bolsas, projetos e consultorias durante os anos de trabalho é cair na armadilha que nos foi posta pelos sucessos governos republicanos. É hora de resgatarmos de vez a dignidade que nos foi usurpada ao longo dos anos. Parar todas as universidades talvez seja a única forma de o Governo Central entender que não aceitamos mais o engodo da concorrência entre pares para o financiamento de projetos e das Ifes.

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terça-feira, 5 de junho de 2012

A (meia) greve dos professores contestada em Uberlândia


Nem todos os professores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) aderiram à greve das universidades federais deflagrada no dia 17 de maio de 2012. Vale registro os mais diversos argumentos usados por aqueles que não querem parar. Alguns dizem que o movimento não foi construído; que a Assembleia para deflagrar a greve foi convocada em cima da hora; que não houve tempo ara discutir e coisas do gênero. Pior que isso é o argumento de quem, por não ter argumentos, diz que se trata de uma greve com “fins eleitorais”, uma vez que já começou o processo de sucessão dentro da UFU e o reitor atual, Alfredo Julio Fernandes Neto, é candidatíssimo à reeleição, inclusive, já se encontra em campanha. Na Faculdade de Educação (Faced), que abriga o curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, dos 26 professores de jornalismo apenas três aderiram à greve. A reação veio em forma de um cartaz, apócrifo que, no entanto, resume bem o espírito atual entres estudantes, professores e técnicos. O cartaz abaixo resume toda a revolta com o que foi chamado de “meia greve”.

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segunda-feira, 4 de junho de 2012

Os pesquisadores Qualis A e o individualismo que destrói a carreira


Por conta da postagem de ontem, aqui neste espaço, denominada “Escapadas noturnas na educação superior brasileira”, fiquei a “matutar” o que nos empurrou para esse individualismo tacanho, que destruiu nossa carreira de magistério superior e nos transformou na pior remuneração do serviço público federal. É muito provável que esse estado de coisas seja resultado da própria política pública implantada nos governos militares e lapidada, à exaustão, nos governos democráticos, de destruição da autoestima da categoria dos professores (e professoras). Não há espírito de categoria porque ele foi destruído nos governos militares. Todas as conquistas, todos os avanços da Educação Superior do País foram conseguidos à custa de muita luta, muito suor, muitas greves. Já no fim dos governos militares, a estrutura foi modificada para tirar espaços, inclusive físicos, de convivência, de discussão política. Os governos ditos democráticos, mais ainda nos últimos 12 nos, investiram na política do “Estado mínimo na educação”. Por meio de medidas provisórias, decretos, leis e pareceres do Conselho Nacional de Educação, transformaram as universidades públicas em espaço para a “prestação de serviços” dos mais diversos matizes, menos os educacionais. Não tivemos a capacidade de vislumbrar a armadilha na qual estávamos caindo: a da desoneração financeira do Estado. Quando não, o Estado investe, mas, ao invés de fazê-lo na carreira dos professores, o faz por meio de editais e de concorrências fratricidas que levam ao cúmulo do absurdo como o que ocorreu na Universidade Federal do Amazonas (Ufam): um professor surrar o outro por não poder acumular duas bolsas do Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor). Programas do Governo Federal, como esses, são criados não com o fim de efetivamente investir na qualificação dos professores da educação básica e do ensino médio, mas, sim, de engordar as estatísticas do Poder Central. Concluídos, a presidente Dilma Roussef poderá tomar os números, encher o peito, como o fez o governador Eduardo Braga, quando anunciou a “formatura” de 7 mil professores, de uma tacada só, feita pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), e dizeer que o Governo Federal “formou” tantos professores da Educação Básica. Semelhantemente ao que fez o presidente Lula, com o Reuni e o Prouni, ao anunciar a “ampliação das vagas” e a criação de novos cursos e universidades. Sabe-se lá Deus à custa de muito sofrimento de professores que foram para os mais distantes rincões do País, seduzidos pelo belo discurso da ampliação, como Pólo de Benjamin Constant, da Ufam, e se transformaram em doentes, zumbis da educação superior, distantes da família, sem prédios, laboratórios e equipamentos suficientes para as aulas básicas. Só para ficar em um exemplo, as aulas práticas do curso de Fisioterapia da Ufam em Coari eram ministradas em piscinas residências, algo reprovável e digno de vergonha. O fato sempre foi escondido de todos para se manter um erro grave da ampliação sem planejamento e sem se dar condições mínimas de funcionamento de um curso e de dignidade aos seus professores e estudantes. Assim foi feita a expansão atual: atabalhoada, desavergonhada e com o fim de aumentar as estatísticas pró-governo do Partido dos Trabalhadores. Esse processo de incentivo oficial ao individualismo fez com que grande parte dos nossos colegas professores (e professores) não se vejam como trabalhadores. Criou-se uma categoria de miseráveis que, no entanto, não se misturam. Para grande parte dos PHDeuses, ser pesquisador, porque nem professores eles se consideram mais, é um privilégio, uma dádiva do estado que, além de elevar a remuneração a um patamar bem acima dos colegas de profissão, os transforma em elite da elite. A luta dessa turma é por publicar em revista com Qualis A, por participar de Seminários e Congressos com seus artigos. Os que lutam por salários e fazem greve são umas “malas” que “nunca tiveram competência para se qualificar”. Nós não podemos parar: devemos cumprir o calendário da Capes. Somos diferenciados, portadores de bolas do CNPq e quetais. Ou seja: a política pública atual criou uma casta de individualistas, pesquisadores, que não gosta nem de ministrar disciplinas nos cursos de graduação e se sente desconfortável em ser da categoria dos professores. Formam uma categoria à parte: a dos pesquisadores. Ao que parece, o Estado obteve sucesso em destruir a categoria dos professores, trabalhadores, por meio do individualismo que destrói o coletivo. Certamente, aos olhos dessa gente, professor que faz greve é professor, talvez, Qualis C.

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domingo, 3 de junho de 2012

Escapadas noturnas na Educação Superior brasileira


Desde que entramos em, no dia 17 de maio de 2012, tenho ouvido absurdos, inclusive incentivos direitos a que cometamos pequenos delitos éticos que, aliás, se tornaram regra para boa parte dos professores (e professoras) universitários brasileiros: o bico. Os que nos detratam por estamos em greve, o fazem com o argumento de que somos “incompetentes” e não temos condições de conseguir “fontes alternativas” para complementar os salários. Pasmem, leitores e leitoras! Nossos colegas professores e grande parte dos estudantes nos incentivam a agir como se fossemos as “prostitutas da educação superior brasileira”. Somos contratados por 40 horas, com dedicação exclusiva. Recebemos uma miséria por isso. Talvez sejamos a categoria com a menor remuneração no Serviço Público Federal. E querem que, ao invés de lutarmos por uma remuneração digna. Por salários justos, condignos com o grau de preparação que de nós cobram, façamos bicos. E chamam esses bicos, essas “escapadas noturnas” ou nos horários vagos, de fontes alternativas de complemento dos salários. São essas mesmas pessoas que se dizem os mais competentes, os com maior capacidade de “captar recursos” que usam instalações, laboratórios, equipamentos e, inclusive, estudantes bolsitas, em benefício próprio. E são essas pessoas as mais incentivadas pelo Governo Federal, desde a era FHC e, de modo mais refinado, na era Lula, porque o Estado brasileiro não tem a menor intenção de investir na Educação. Menos ainda na Educação Superior. Por isso a política pública atual incentiva a concorrência interna, a briga fratricida por bolsas e projetos. Por fim, há incentivo oficial a essa divisão entre os professores “mais habilitados” a captar recursos, normalmente contra a greve, e os grevistas, considerados por eles como incompetentes, incapazes de conseguir “fontes alternativas”. Essas divisões sempre existiram. Apenas agravam-se durante a greve. Há os que defendem uma universidade pública, gratuita e de qualidade. E os que lutam pela universidade com investimentos públicos, mas, usada em benefício particular. E no meio desse caldeirão, querem que mudemos nossas convicções, não lutemos por uma carreira digna e complementemos, em escapadas indevidas, nossos salários. Tudo na mais perfeita hipocrisia. Será esse o exemplo que devemos deixar para as futuras gerações?

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sábado, 2 de junho de 2012

A Ufam que pulsa e as armadilhas na greve


A greve dos professores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), deflagrada no dia 17 de maio de 2012, já tem uma vitória incontestável: fez com que a extrema direita desse o ar da graça, embora membros dela tenham ido, em peso, à reunião do Conselho Universitário (Consuni) e declarado, microfones à mão, que se submeteriam à vontade da maioria. Claramente, hoje há uma divisão entre os que defendem uma carreira, para uma universidade pública e de qualidade, e aqueles que defendem que a universidade seja apenas uma marca, uma espécie de Nike da Educação e que seus professores (e professoras) tenham “fontes alternativas de renda”. Oras, isso mostra, de novo, que a Ufam pulsa, vive. Só há um problema nisso tudo: enquanto a parte que defende a universidade pública com uma carreira digna para seus membros discute, troca ideias e até se estressa publicamente, nas assembleias; a outra tchurma prefere, em público, fingir que se submete às decisões da maioria, porém, na calada da noite e à custa de pressões e assédio moral inaceitável aos colegas professores e estudantes e à aqueles que não aderem às ideias deles. Detratam os grevistas, dizem que são vagabundos, que não teem competência para “buscar fontes alternativas de renda” e que não irão se submeter às decisões de “um conselhozinho de ...”. Assim se referem, à boca pequena (sem mostrar a cara, é claro) à decisão tomada pelo Consuni da Ufam. Usam desse tipo de armadilha para tentar nos provocar. Já percebemos isso. Não aceitaremos essas provocações de quem, paradoxalmente, considera correto, por exemplo, que o professor quebre a dedicação exclusiva, faça bico em instituições particulares e em “consultorias” que, no fundo, são práticas eticamente reprováveis. Fico feliz si, com o Centro Acadêmico de Direito (CAD) que assumiu a postura contra a greve, foi à Justiça Federal contra a reitora da Ufam, professora Márcia Perales Mendes e Silva em função da decisão do Consuni de suspender o calendário acadêmico desde o dia 17 de maio de 2012 até que a greve seja encerrada. Na democracia é assim: não éramos tolos de pensar que todos seriam a favor da greve. Há os que são contra, e isso tem de ser respeitado. Como, por exemplo, os que apocrifamente colaram cartazes na porta das salas-de-aula do curso de Direito (veja a foto). Sou a favor da greve e assumo publicamente minha posição em qualquer lugar, inclusive na camiseta que visto. Seria tão saudável se os que são contra também mostrassem a cara e debatessem como verdadeiros membros da comunidade universitária e não como covardes provocadores!

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sexta-feira, 1 de junho de 2012

A Remuneração vergonhosa dos professores universitários


Há muito, nem na retórica, o Estado brasileiro digna-se a encarar a Educação como prioridade. Ao contrário, vive-se um momento de extrema indignação por parte dos que trabalham na chamada Educação Superior a ponto de 52 universidades brasileiras estarem em greve. Vejamos, juntos, na foto a seguir, um retrato da Carreira do Magistério Superior da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Os vencimentos são referentes a Fevereiro de 2009 e foi sobre eles que incidiram o “fantástico” aumento emergencial de 4% com o qual o Governo Federal, por meio de Medida Provisória, tentou brecar a greve. Na tabela, os números revelam toda a carreira do Magistério na Ufam. Um professor Auxiliar, Nível 1, inicia a carreira com Remuneração Básica de R$ 1.728,30. Se não fizer nenhum curso de Mestrado, permanece na mesma categoria por 8 anos. Só muda de Nível de dois em dois anos mediante um processo interno de avaliação, quando passa para Assistente, Nível 1, com Remuneração Básica de R$ 2.001,86. Vale ressaltar que, na avaliação interna, o professor só muda de nível se, durante os dois anos, desenvolver atividades equilibradas entre si, de Ensino, Pesquisa e Extensão. Um professor Assistente, portanto, ainda que não faça um curso de Doutorado, em 8 anos sobe para Adjunto 1, com R$ 2.318,71 de Remuneração Básica. Então, deve passar mais 8 anos na Classe até ter o direito de mudar para professor Associado, com a Remuneração Básica de R$ 2.758,26. Por fim, 8 anos depois, o professor chega ao Nível Único da Carreira e, por meio de concurso, só quando há vagas e se aprovado, passa a ser Titular, com Remuneração Básica de R$ 3.110,85. Isso significa que, um professor, se não fizer nenhum curso de qualificação, demora 32 anos para chegar ao topo da carreira. Não se deve esquecer que a discussão da Carreira deve sempre levar em conta a Remuneração Básica e não a Remuneração Bruta, uma vez que, para efeito de aposentadoria, o cálculo leva em conta o Básico e não o Bruto. Essa é a discussão central que motivou a greve. Quem considera digna uma tabela de Remuneração dessas?

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