Desde que entramos em, no dia 17 de maio de 2012, tenho ouvido
absurdos, inclusive incentivos direitos a que cometamos pequenos delitos éticos
que, aliás, se tornaram regra para boa parte dos professores (e professoras)
universitários brasileiros: o bico. Os que nos detratam por estamos em greve, o
fazem com o argumento de que somos “incompetentes” e não temos condições de
conseguir “fontes alternativas” para complementar os salários. Pasmem, leitores
e leitoras! Nossos colegas professores e grande parte dos estudantes nos incentivam
a agir como se fossemos as “prostitutas da educação superior brasileira”. Somos
contratados por 40 horas, com dedicação exclusiva. Recebemos uma miséria por
isso. Talvez sejamos a categoria com a menor remuneração no Serviço Público
Federal. E querem que, ao invés de lutarmos por uma remuneração digna. Por
salários justos, condignos com o grau de preparação que de nós cobram, façamos
bicos. E chamam esses bicos, essas “escapadas noturnas” ou nos horários vagos,
de fontes alternativas de complemento dos salários. São essas mesmas pessoas que
se dizem os mais competentes, os com maior capacidade de “captar recursos” que
usam instalações, laboratórios, equipamentos e, inclusive, estudantes bolsitas,
em benefício próprio. E são essas pessoas as mais incentivadas pelo Governo
Federal, desde a era FHC e, de modo mais refinado, na era Lula, porque o Estado
brasileiro não tem a menor intenção de investir na Educação. Menos ainda na Educação
Superior. Por isso a política pública atual incentiva a concorrência interna, a
briga fratricida por bolsas e projetos. Por fim, há incentivo oficial a essa divisão
entre os professores “mais habilitados” a captar recursos, normalmente contra a
greve, e os grevistas, considerados por eles como incompetentes, incapazes de conseguir
“fontes alternativas”. Essas divisões sempre existiram. Apenas agravam-se
durante a greve. Há os que defendem uma universidade pública, gratuita e de
qualidade. E os que lutam pela universidade com investimentos públicos, mas,
usada em benefício particular. E no meio desse caldeirão, querem que mudemos
nossas convicções, não lutemos por uma carreira digna e complementemos, em
escapadas indevidas, nossos salários. Tudo na mais perfeita hipocrisia. Será
esse o exemplo que devemos deixar para as futuras gerações?
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