O momento em que os professores de mais de 50 das universidades públicas
brasileira cruzaram os braços bem que poderia servir, principalmente, para
aqueles que atuam nos programas de Pós-graduação, para uma discussão profunda
sobre o modelo produtivista de avaliação e financiamento ora vigente. O cerne
da questão é diferençar produção e produtividade. Um professor (ou professora) produtivista
é aquele que nem discute o modelo atual, ao contrário, nele se enquadra, e só
fala nos indicadores de área da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (Capes). Vive-se uma verdadeira paranoia em torno desses
indicadores de produtividade a ponto de, em alguns cursos e institutos da Universidade
Federal do Amazonas (Ufam), por exemplo, qualquer conversa com os colegas só
prospera se apontar para a possibilidade de publicação de um artigo. Penso que
o ponto central não é a produtividade, mas, a produção, profunda e com impacto
político e social. Grande parte dos artigos e livros dessa produção desenfreada
dos professores e estudantes dos programas de Pós-graduação é numerosa, com
certeza, porém, de qualidade extremamente duvidosa. Vale a pena um artigo (ou
livro) que não é lido nem citado por ninguém? Ou será que vale mais aquele
artigo (ou livro) citado por aquelas que fazem parte do “acordo invisível” das
citações, ou seja, aquele jogo nada ético do “eu te sito, do me sitas”? Alguém
já parou para pensar nessa face cruel da “produtividade acadêmica”? Vale mais
um artigo (prefiro os ensaios) cujas ideias são lembradas (e verdadeiramente
citadas) anos a fio ou dez artigos por ano dos quais não de fala de nenhum? Há muito
que se refletir sobre o tema. Seria um assunto interessante para pautar parte
das discussões nesse período de greve.
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