sábado, 9 de junho de 2012

A competição que nos mata diariamente


A morte da professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Katia Neves Lens César de Oliveira, ocorrida na sexta-feira, 8 de junho, dois dias após a morte da minha querida professora Giralcina Pessoa, me fez ficar a refletir sobre esse ritmo alucinante que nos é imposto pela política pública de financiamento das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes). Esse é um ponto que precisa ser levado em conta por todos nós ao examinarmos a Carreira de Magistério Superior: estamos morrendo a cada dia, empurrados por um produtivismo que exacerba a competição fratricida entre pares. Quando uma colega nossa morre no auge da maturidade acadêmica é que começamos a perceber a necessidade de uma carreira que nos dê qualidade de vida. Um profissional não vive apenas de salários. Não pode se matar levando trabalho para casa nos finais-de-semana. Ou, viajando constantemente ao interior, nos Pafores da vida. Ou, ainda, como muitos gostam de encher a boca e dizer que “prestam consultoria”. Gostaria de saber, porém, quem consegue não sofrer de estresse quando, ao final do mês, o salário não cobre as despesas? Quando é obrigado a recorrer constantemente ao empréstimo consignado para pagar as contas? Quem consegue qualidade de vida se, no ambiente de trabalho, falta a infraetrutura básica para o curso no qual você trabalha funcionar? Nossa luta coletiva é por garantir uma carreira digna. É uma perda incomensurável para a sociedade, para a comunidade da Ufam e para a família da pessoa, quando um professor ou professora morre. A professora Katia Lens era da Faculdade de Psicologia da Ufam. Morreu jovem. Que tenha paz e descanse. E que sua morte nos ajude a refletir sobre a carreira justa e necessária que ela não teve, mas, pela qual devemos lutar até o fim dos nossos dias.

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