Autorizado pelo jornalista
Anderson Vasconcelos, transcreverei aqui, diariamente, até que se complete, a
entrevista que dei ao Jornal da Adua intitulada “Quem é o verdadeiro agressor?”,
um desabafo documentado da violência que sofro há mais de dois anos, não apenas
física, mas moral. Eis a primeira parte da entrevista, com a primeira pergunta:
“Depois de dois anos e três meses de espera, o primeiro dia de setembro de 2011
reservou uma grata surpresa ao coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências
da Comunicação (PPGCCOM), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), professor
Dr. Gilson Monteiro. Ele acordou com a informação, estampada nos jornais e
portais de notícias, de que o processo de agressão movido contra o Amim Aziz,
irmão do atual governador do Estado do Amazonas, Omar Aziz (à época da
acusação, vice-governador), chegara ao fim. O Juizado Especial Criminal acatou proposta
de acordo feita entre o Ministério Público Federal do Amazonas (MPF/AM) e o acusado:
o pagamento do valor de R$ 15 mil, em três parcelas e revertido à Ufam. Vinte e
sete meses após a agressão sofrida em sala de aula, no dia 11 de maio de 2009, o
docente relembra o caso, critica a atuação do MPF/AM), da Universidade e até da
imprensa local, e questiona: quem é o verdadeiro agressor? Acompanhe a seguir
entrevista concedida pelo professor ao Jornal da Adua.
Era
a decisão que o senhor esperava? O senhor ficou satisfeito com o resultado do
processo?
Nem um pouco. Do ponto de vista legal, a lei usada pelo
MPF para embasar a proposta de acordo está correta. Mas, o valor me parece muito
pouco para o tipo de agressão que sofri. Essa decisão foi covarde por parte da
própria Universidade em ter aceitado e eu nem posso afirmar se ela assim o fez.
Moralmente foi mais uma postura equivocada. Se ele ou alguém ligado a ele se sentiu
ofendido, por que não me processar, por exemplo? Nós não vivemos num estado
democrático de Direito? Ele invadiu a Universidade e rasgou a Constituição
Federal, a Liberdade de Imprensa, todos os direitos. Tudo foi jogado no lixo,
numa atitude insana, intempestiva, de invadir a Ufam. Nãome assusta que quem
está no poder fica mais embevecido por ele. Eu não tenho elementos para acusar
o atual governador, à época vice-governador, mas me parece comum as famílias acharem
que podem fazer tudo o que querem no Estado porque têm o poder nas mãos. Quando
resolvi processar o Amim Aziz, a minha intenção foi tentar que a justiça fosse feita
e esperava pelo menos o apoio da própria Universidade. Esperava que a
instituição também entrasse com um processo, buscando indenização contra o
agressor, mas a Ufam, nesse ponto, falhou feio, foi irresponsável e omissa,
pois não tomou nenhuma atitude.”