O ponto culminante da Assembleia Geral da Associação dos Docentes da
Universidade Federal do Amazonas – Secção Sindical (Adua-SS), realizada no
auditório da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia (FEFF), no Campus
Universitário Arthur Virgílio Filho, que, por unanimidade dos presentes
rejeitou a proposta de reajuste “dita” de 45% do Governo Federal foi a
apresentação da Especialista em Finanças, com 10 anos de atuação no mercado,
Ellen Lindoso. Ela precisou de apenas 20 minutos e quatro dos 12 slides
apresentados para desmontar a proposta de reajuste do Governo Federal e provar
que se trata de uma farsa das mais ardilosas. Lindoso explicou que, para os
cálculos que iria apresentar, usaria as tabelas da proposta de reajuste
disponibilizadas no site do próprio Ministério
da Educação (MEC). Esclareceu que usou, para a realização do estudo, índices
oficiais do próprio Governo: o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA),
para calcular as perdas inflacionárias entre julho de 2010 até julho de 2012 e
o histórico das metas de inflação do Banco Central,
para cálculo da projeção de inflação (ou seja: inflação futura, de julho de
2012 a julho de 2015). Aqui ela fez o primeiro alerta à categoria dos
professores: “Se vocês leram detalhadamente como eu li a proposta do Governo, observarão
que há apenas uma menção muito genérica de que concederá o rejuste ao longo dos próximos três. No entanto,
não diz como o fará. Além disso (veja a tabela a seguir), as metas de inflação
do Banco Central vão apenas até 2014. Como podem oferecer um reajuste até 2015
se nem o Governo tem metas de inflação para aquele ano?”
A especialista orientou os professores a não aceitarem nenhuma
proposta que feche algum tipo de acordo até 2015 porque, isso representa, de fato,
um congelamento salarial sem que se tenha nenhum número oficial para se
calcular a previsão de inflação para o referido ano. Do ponto de vista
financeiro e, para se evitar o acúmulo de perdas salariais ao longo dos anos,
orientou a se propor ao governo uma data-base, ou seja, que a cada ano houvesse
uma mesa de negociações: “Só assim se poderia garantir perdas menores”. Ellen
Lindoso passou, então, a explicar o cálculo feito na tabela proposta pelo MEC.
Na coluna “Reajuste percentual” está o que o Governo ofereceu de reajuste, ao
lado direito dessa coluna, o IPCA de 2010 a 2015, período usado pelo próprio
Governo para a elaboração da proposta (que é de 33% ao longo do período). Por
fim, mais à direita, a coluna do “reajuste real”. Veja na tabela a seguir o que
acontece com o salário dos professores doutores com Dedicação Exclusiva:
Ao divulgar o percentual de reajuste de “até 45,1%”, o Governo Federal
“esqueceu” de abater a inflação de julho de 2010 a julho de 2012, bem como a
inflação futura, de julho de 2012 a julho de 2015, projetada pelo Banco Central.
Esse “esquecimento” do Governo, voluntariamente engolido pela mídia, faz com
que a população imagine que os professores, em todas as classes e níveis, terão
aumento salarial de 45,1%. Esse número representa do ponto de vista financeiro,
um ganho de apenas 9,03% somente ao professor titular. Para se ter uma ideia da
abrangência desse aumento, a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), possui
exatos 21 professores titulares. Um professor associado nível 1, a quem o
Governo prometeu um reajuste de 24,4%, terá, na verdade, uma perda salarial de
6,46%. Professores assistentes e auxiliares já ingressam na Carreira proposta
pelo Governo com uma defasagem salarial de 33%. Na tabela a seguir, meu caro
leitor, minha cara leitora, você verá que a proposta do Governo Federal é
imoral e acintosa. Todos os professores mestres, com dedicação exclusiva, terão
redução no poder de compra:
Quando se avalia a tabela do reenquadramento proposta pelo Governo
Federal também não há ganho em nenhum dos níveis. Veja a tabela.
Fico a me perguntar se o Governo Federal acreditaria que engoliríamos
esse engodo sem reagir e deixo no ar uma questão: porque a mídia inteira
engoliu a farsa do Governo e não apurou corretamente o material? Qualquer
pessoa medianamente inteligente sabe que, do ponto de vista do poder de compra,
o que se compra hoje com R$ 100,00 não se comprará em 2015. O cálculo feito
pela especialista Ellen Lindoso é o mais conservador possível, pois leva em
conta todos os dados oficiais tanto da inflação efetiva quanto da inflação
futura. Tomemos por base o exemplo de R$ 100,00 e os cálculos feitos pela
especialista, temos uma inflação no período de 33%. Isso significa que os R$
100,00 de hoje, em 2015, na verdade, valerão apenas R$ 67,00, pois é preciso
abater os R$ 33,00 de corrosão inflacionária. Foi essa conta que o Governo
Federal não fez e toda a mídia, para jogar a sociedade contra os professores,
engoliu como a um patinho. Fosse mais responsável honesta, a mídia não se
deixaria enganar e não enganaria a população.
Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei
aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!
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