A nova proposta do Governo Federal para os professores em greve não
mexe uma vírgula na essência produtivista do modelo de universidade vigente no
País, baseado na avaliação da “produtividade” centrada na Comissão
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) com auxílio do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Financiadora de
Estudos e Projetos (Finep) e das Fundações de Amparo à Pesquisa de cada Estado.
O modelo que aí está posto tem a benção da Federação de Sindicatos de
Professores de Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes-Federação),
mas é combatido ferozmente pelo Sindicato Nacional dos Docentes das
Instituições de Ensino Superior (Andes-SN). O discurso da meritocracia, do
Governo e da Proifes, soa bastante sedutor se contraposto ao do Andes-SN que,
aparentemente, é radical e “quer nivelar por baixo”. As aparências, nesse caso,
enganam redondamente. O que o Governo fez durante todos esses anos foi investir
na divisão da categoria dos professores universitários criando, com o falso
discurso do mérito, uma classe que ousei denominar de “Pesquisadores Qualis A”.
Esses pesquisadores morderam a isca do modelo, que investe no processo de “massagear
egos”, travestido de “meritocracia”, e faz como que esse tipo de pesquisador
não se veja mais como trabalhador. Enquanto o Governo (e a Proifes) defendem
que o trabalhador só pode ascender na carreira “por mérito”, o Andes-SN entende
que o mérito é um dos critérios, porém, não o único. O tempo de serviço, bem
como a dedicação às atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão de forma equilibrada
são critérios adicionais. São lógicas díspares, portanto, diametralmente
opostas. Enquanto uma corrente, do Andes-SN, defende dignidade durante a
carreira e na aposentadoria, a Proifes e o Governo querem premiar apenas a
produção em série como se um processo educacional pudesse ser medido apenas
pelo número de artigos publicados por um professor e por sua atuação nos
programas de Pós-graduação. É sobre essa lógica que precisamos refletir antes
de tomar a decisão de aceitar ou não a proposta meramente remuneratória do
Governo.
Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei
aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!
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