Será que os negociadores do Governo Federal imaginam que somos tapados?
Que não sabemos ler nas entrelinhas e entre tabelas. Essa “nova proposta de
carreira”, como bem afirmou o “negociador oficial”, Sérgio Mendonça, não passa
de uma mal-ajambrada adaptação da primeira proposta, apresentada no dia 13 de
julho e 2012, por acaso, uma sexta-feira 13, número do PT. Depois da entrevista
de Rosane Collor à Rede Globo de Televisão fiquei a imaginar: será que no MPOG
andam a praticar rituais de magia negra, com bodes pretos, para tentar enganar
os professores e professoras em greve? Só pode! Porque a proposta apresentada é
tão tuim, mas tão ruim que consegue ser pior que a vigente carreira de
magistério superior. É ruim por alargar ainda mais a diferença entre os que
estão na base e o topo da carreira. É péssima por acentuar a divisão da
categoria entre os “pesquisadores Qualis A” e os “professores”. É terrivelmente
deplorável por engessar a progressão de um nível ao outro. Enfim, é tão ruim
que foi rejeitada integralmente pela base de professores. Nas entrelinhas e
entre tabelas, essa proposta destrói de vez a carreira do magistério superior
no Brasil e abre a primeira brecha para o surgimento da “cooperativa de
serviços educacionais” ou alguma empresa do gênero. O que se quer com essa
proposta é criar condições estruturais capazes de inocular o vírus da
privatização por dentro (que já existe em boa parte da universidade
brasileira). Essa universidade produtivista tem defensores vorazes.
Principalmente entre os professores doutores (que hoje se julgam apenas
pesquisadores). Eles são os “mais competentes”, por isso, conseguem “captar
mais recursos para a instituição”. Transformam o espaço público dos
laboratórios e salas de aulas em negócios próprios. Usam à exaustão todo o
patrimônio da instituição para alicerçar o “empreendedorismo acadêmico”. Em
suma, são “esses guerreiros” da educação brasileira os responsáveis pelo “financiamento”
das universidades com a publicação em revistas internacionais e nacionais
Qualis A. Quem não se lembra de cada item da pauta do Governo Fernando Henrique
Cardoso, dentre elas a criação dos centros de excelência? Pois bem, tudo o que
o movimento dos docentes das universidades brasileiras lutou contra foi
empurrado goela abaixo nos governos Lula e, agora, de Dilma Roussef. A última
cartada é esse plano de carreira. Não demora e eles criam mecanismos jurídicos
legais para contratarem a “cooperativa dos temporários e substitutos”. Logo,
logo, essa cooperativa se transforma em uma empresa de serviços educacionais.
As armadilhas já foram lançadas. A tal Empresa Brasileira de Serviços
Hospitalares é o embrião. Depois dela, vão tentar convencer a sociedade de que
o Estado não deve ser o responsável pelo financiamento das universidades. Que
basta manter os prédios e contratar professores cooperados para ministrar
aulas. A privatização estará efetivada! Depois não digam que não foram
avisados!
Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei
aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!
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