O Conselho Departamental da Faculdade de Medicina da Universidade
Federal do Amazonas (Ufam) deu um exemplo de cidadania e exercício efetivo da
autonomia universitária: rejeitou, por unanimidade dos
conselheiros, a proposta de expansão das vagas no Estado proposta pelo
Ministério da Educação (MEC). O MEC, sem que a própria administração superior,
bem como a Faculdade de Medicina, soubessem, autorizou o aumento de 48 vagas no
curso de Medicina, em Manaus, e mais 80 vagas, para um novo curso de Medicina
em Coari. A expansão só voltará a ser discutida na Ufam quando o Governo
Federal oferecer “condições objetivas para o ensino na instituição”. Escaldados
pelo verdadeiro calote que o Governo Federal aplicou às universidades que
aderiram ao Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais (Reuni), os conselheiros da Faculdade de Medicina da
Ufam não caíram no canto da sereia do MEC denominado pomposamente, como o
Reuni, de “Plano de Expansão do Ensino Médico no Brasil.” Sem que as reitorias
soubessem, muito menos os cursos atingidos fossem ouvidos, o MEC publicou no Diário
Oficial da União (D.O.U.) de 8 de junho de 2012, uma lista com o nome das
universidades e as 1.395 em cursos de Medicina que fariam parte do plano. Pelos
números do governo, a Ufam receberia R$ 19,8 milhões em investimentos. Seriam
contratados 32 docentes e 24 técnicos para o curso de Manaus e destinados R$
36,3 milhões mais 80 professores e 40 técnicos para Coari. A Faculdade de
Medicina, justamente quando se discute nacionalmente a expansão irresponsável
implementada pelo Governo Federal, dá um exemplo ao País de que não se deve se
deixar iludir apenas por promessas de verbas e vagas. Antes de qualquer coisa,
o MEC precisa, definitivamente, respeitar a autonomia das universidades. Com
isso, a Ufam também derruba o discurso dos adesistas de ocasião que pregavam: “ou
se aderia ao Reuni ou não se teria verbas nos próximos anos”. O que se viu? A
contratação de professores apenas para os anos iniciais dos cursos criados,
projetos políticos de cursos (e os próprios cursos) incompatíveis com as
realidades regionais, pessoal de apoio técnico e laboratórios insuficientes e
nenhum tipo de apoio direto aos estudantes, tais como moradia e restaurante
universitário. O projeto de expansão foi tão atabalhoado e irresponsável que
terminou por fortalecer o segundo ponto da pauta do Sindicato Nacional dos
Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN). A decisão da Ufam de
não aderir ao “Plano de Expansão do Ensino Médico no Brasil” também fortalece o
Andes-SN na hora de argumentar contra a proposta do governo de meramente mexer
na tabela de remuneração salarial sem garantir a contrapartida necessária em
condições de trabalho, pessoal e laboratorial para os cursos já existentes. É
um passo que deveria ser seguido por todas as outras universidades federais
brasileiras.
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