Começo a reflexão de hoje sobre a proposta do Governo Federal feita
aos professores em greve reproduzindo o final do que escrevi ontem, postado
cedinho, muito antes de a reunião começar: “Mais grave que isso, porém, é
surgir uma proposta que, inicialmente, possa provocar comemorações por parte de
alguns, no entanto, ser uma estaca enterrada no coração do Andes-Sn e da greve.
Não é segredo para ninguém que existe uma relação pra lá de incestuosa entre o
Governo Federal e a Proifes-Federação. Qualquer proposta que fale apenas em
reposição salarial ou, por exemplo, equiparação aos salários do Ministério da
Ciência e tecnologia, sem que se toque nos outros pontos da pauta do Andes-SN
(condições de trabalho e carreira de professor federal) é uma armadilha para
rachar unidade da categoria e do movimento, encostar o Andes-SN nas cordas é
grudar a pecha de “radical” no sindicato e em todos nós que lutamos por
remuneração digna combinada com condições de trabalho. Há que se ter muita
calma para não comemorar um golpe de morte em nós mesmos.” Posso estar
enganado, mas, na proposta de reajuste de 45% (quarenta em cinco por cento) há
o dedo, quiçá todas as digitais, da Federação de Sindicatos de Professores de
Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes-Federação). O que me faz crê
nisso é algo muito simples: a proposta, ao invés de passar perto da filosofia
defendida pelo Andes-SN, que é mudar o rumo da política educacional e da
carreira do viés produtivista, para um viés de produtividade sim, porém, com
qualidade, injeta ainda mais a ideia de competição entre os pares. Ao centrar
as negociações apenas nos salários, o Governo tenta desqualificar a proposta do
Andes-SN, baseada em reajuste sim, mas com foco nas condições estruturais (e de
pessoal) do trabalho docente. Quer, ainda, virar o jogo e pôr a sociedade e os
estudantes contra os professores em greve. A forma como anuncia o reajuste
proposto também tem outro componente: desfazer a unidade da luta e jogar os
técnico-administrativos contra os professores. Outro ponto fundamental que
precisa ser garantido à mesa de negociações: a mudança de rota na expansão
irresponsável perpetrada pelo Governo nos últimos anos. Aceitar apenas o
reajuste sem que haja discussão em torno da falta de condições estruturais para
o desenvolvimento das atividades docentes nos Campi do interior e nos
recém-criados Institutos Federais de Educação é descaracterizar o conceito mais
importante da atual greve: o da luta pela carreira e por condições dignas. Meu
apelo aos colegas professores e professoras: honremos o Andes-SN e as nossas
secções sindicais. Tenhamos respeito ao discurso que fazíamos para convencer os
estudantes, os técnicos, os nossos colegas professores e professores e a
sociedade: nossa greve não era apenas por salários. É hora de mostrarmos que não
passava de discurso e permanecermos em greve até que o governo inclua na
proposta o compromisso com uma expansão responsável e com a melhoria das condições
de trabalho.
Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei
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