Hoje fiquei a refletir, cedinho, ainda deitado, sobre dois discursos
que ouvi durante as assembleias e reuniões da greve dos professores da Universidade
Federal do Amazonas (Ufam). Um deles, para justificar o argumento de que o Plano
Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica (Parfor) não poderia
parar, “pois a bolsa já foi incorporada ao meu orçamento”, além disso, “se não
for nós, outros vão fazer”. Quando a discussão muda para a questão da “prestação
de serviços” por parte da universidade pública como forma de captar recursos,
vem o mesmo argumento: “se não fizermos, o pessoal das particulares faz e muito
mais caro”. Lembrei-me, então, das minhas incursões pela questão da pedofilia,
da violência contra crianças e adolescentes, que me renderam, dentre outras
coisas, uma agressão covarde dentro do auditório Rio Negro, do Instituto de
Ciências Humanas e Letras (ICHL) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Rendeu-me, também, o conhecimento a respeito de um dos argumentos mais usados
por pais ou padrastos que comentem violência sexual contra as filhas. Dizem
eles que, “se não fizerem, outros veem e fazem”. O que impressiona é a
similaridade nos três tipos de argumentos. Tanto na universidade como na vida
há argumentos para justificar o injustificável. Há um modelo de universidade
privatista, que empurra para os professores a captação dos recursos por meio da
prestação de serviços à medida que os “obriga” a engordar o orçamento
participando de “programas” como o Parfor. O argumento “se eu não fizer, outro
faz...” termina por aproximar professores e país (e padrastos). Esses últimos
justificam o crime sexual, aqueles, o crime da quebra da dedicação exclusiva.
Em todos os casos, a justificativa não se aplica, muito embora, no caso dos
pais o crime seja mais violento e menos justificável ainda.
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