Ao ver a cena não tive dúvidas: precisava fotografá-la para alertar a cada um de nós (e a mim mesmo), sobre o dia de hoje. Véspera de Natal, festa para a maioria. Comemorações mil, porém, uma vida foi completamente destruída. As fotos do automóvel Classic retorcido ao pé da árvore, à Avenida Djalma Batista, não deixam dúvidas que o motorista praticamente suicidou-se. A sequência de fotos mostra cenas chocantes. Enquanto fotografava, fazia uma autoavaliação: meu Deus, como somos irresponsáveis! Um nó na garganta, lágrimas teimavam em soltar-se aos filetes. Não sabia quem era. Não quis perguntar. Uma cena anônima, um carro anônimo. Aos destroços. De repente, uma senhora ao telefone, aos gritos: “Meu filho, meu filho, meu filho!” Corria para um lado, abraçava um policial. Olhar atônito, repetia desesperada: “Meu filho, meu filho, meu filho!”. Tive vontade de abraçá-la, tentar consolá-la. Pensei no meu filho, na minha filha. Acovardei-me diante da cena tão chocante. Como cheguei ao local, saí: mudo. Nenhuma palavra. O coração dolorido. Um nó na garganta. O filete de lágrimas mais robusto. O que faço agora não é jornalismo, não é literatura. É o registro de um coração esfacelado que decidiu publicar tudo isso na tentativa de evitar que, de hoje para amanhã, mais vidas sejam ceifadas. Reflitamos, juntos, sobre o espírito do Natal. Cuide-se! Cuidemo-nos! E que Deus dê consolo a essa mãe aflita que “ganhou” um dos piores presentes de Natal do mundo: perder um filho que se autodestruiu.
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