No capítulo sétimo da minha tese (Em Por um clique: o desafio das empresas jornalísticas tradicionais no mercado da informação – Um estudo sobre o posicionamento das empresas jornalísticas e a prática do jornalismo em redes, em Manaus. 2002. 309p. Tese (Doutorado em Ciências da Comunicação): Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, 2003) dedico grande parte a analisar o que denominei de “a mão invisível do Estado”. Naquele item, o presidente do Sindicato das Empresas de Jornais (SINEJA), empresário Guilherme Aluízio de Oliveira e Silva, dono do Jornal do Jornal do Commercio, foi enfático: “Eu duvido muito que um jornal que não negocia a sua verdade, sobreviva”. No mesmo trecho da tese, o Chefe da Agência de Comunicação do Governo do Amazonas (Agecom), jornalista José Cláudio Martins Barbosa, afirma: “Do orçamento de R$ 30 milhões, de 2001, mais de 60% (sessenta por cento) foram destinados ao pagamento das empresas de mídia, aí incluídas as de out-doors, sendo que a televisão ficou com a maior fatia das verbas”. A secretária municipal de Comunicação Social, jornalista Mônica Elizabeth Santaella da Fonseca, revela, também, números esclarecedores. “Nosso orçamento do ano passado foi de R$ 4 milhões. Desses, 89% (oitenta e nove por cento) foram destinados ao pagamento das empresas de comunicação”. Números como esses talvez reforcem a afirmação do presidente do SINEJA de que seria impossível uma empresa jornalística sobreviver em Manaus sem o apoio do poder estatal. Mais que isso, os números revelavam, em 2020, o atrelamento das empresas de Comunicação ao Governo do Estado e à Prefeitura. Minha tese revela, também, as artimanhas dos governos para aumentarem o orçamento com publicidade em anos pré-eleitorais e os acordos para a distribuição de verbas. O assunto pouco foi comentado em Manaus, grande parte dos profissionais fez vistas grossas à minha tese, mas, hoje, em 2010, sete anos depois da defesa, sinto-me com a alma lavada. A lei 12.232, que regulamenta a licitação e a contratação de empresas de publicidade e propaganda pelas três esferas do poder, talvez ponha um fim a essas jogadas e artimanhas entre o poder público e as empresas de publicidade e propaganda. Como isso afetará, também, os jornais, pode ser que, em pouco tempo, Guilherme Aluízio possa voltar a praticar jornalismo no Amazonas. A sociedade soltará fogos. E nós, jornalistas verdadeiramente profissionais e estudantes de jornalismo, louvaremos a Deus, por, enfim, podermos praticá-lo sem insônias.
terça-feira, 18 de maio de 2010
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