sábado, 2 de outubro de 2010

Exijo respeito!

Cansei! Sou um profissional cuja capacidade de trabalho é reconhecida não apenas no Amazonas. Vivo em um País democrático e jamais irei me curvar ao clima de medo e terror que tentaram me impor desde a semana passada e que culminou com a prisão de um estudante dentro do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), no dia 24 de setembro de 2010. Nesta mesma data, eu e a professora Amazoneida Sá ficamos sitiados na sede da Adua-Secção Sindical acossados pelo receio de sermos presos pela Polícia Federal. Quatro agentes desta corporação, segundo Ives Montefusco, o convidaram ir à sede do Tribunal Regional Eleitora (TRE) presta esclarecimentos sobre os folhetos que ele tinha em mãos. Eram folhetos que convidavam para a marcha “Todos contra pedofilia”, que seria realizada no dia seguinte, sábado. Lidero o movimento dentro da Ufam, e daí? Tenho razões de sobra para fazê-lo pois trabalho jornalisticamente com o tema desde 2006 e, para completar, fui covardemente agredido em 11 de maio de 2009, quando a Ufam foi invadida por dois irmãos do governador Omar Aziz e, um deles, Amin Aziz, agrediu-me com socos e pontapés além de ter descarregado um revólver imaginário sobre mim numa ameaça clara de morte. Cito o lema da campanha “Todos contra a pedofilia”, “quem cala também violenta” para relembrar que não se tem notícia, até hoje, de que a Ufam institucionalmente, tenha tomado qualquer medida relativa ao caso. No mínimo, o senhor Amin Aziz teria de ser denunciado não apenas por mim, mas pela Ufam, por ter invadido o local de trabalho de um profissional e o agredido. Do dia 11 de maio de 2009 ao dia 24 de setembro de 2010 a situação agravou-se! A Ufam foi invadida por Policiais Federais e um estudante foi retirado do Campus: a inviolabilidade do Campus e a Liberdade de Cátedra, mais uma vez, foram jogadas na lata do lixo. Tudo porque alguém se acha no direito de monopolizar a palavra “pedofilia” e um juiz entende que citar tal palavra é associá-la ao governador. Tenham a santa paciência! Estou com perda de 50% da audição como resultado da agressão. Vivo um clima de pânico e terror cada vez que uma motocicleta emparelha com meu carro. Todas as vezes que isso acontece me vem à mente a cena do senhor Amin Aziz descarregando uma arma sobre mim. Chega! Serei obrigado a pedir proteção e asilo político em plena democracia? Será mesmo que aquela invasão da Ufam e agressão por mim sofrida, praticada por Amin Aziz, irmão do governador, foi um ato isolado ou uma tentativa de calar a Ufam e quaisquer de seus professores? Não vivemos na ditadura e, ainda que o fosse, a Ufam, pela sua história democrática, tem a obrigação de se manifestar contra práticas truculentas, autoritárias e ditatoriais em quaisquer centímetros de terra deste Estado, do País e do mundo. A situação beira o absurdo quando a Instituição tem seu Campus invadido por Policiais, um estudante é preso e seus professores são procurados como se fossem bandidos, ameaçados de prisão por exercerem o direito democrático e sagrado da liberdade de expressão e o que sobra de tudo isso é o silêncio. Não sou covarde e não quero ser conivente com a covardia institucional da Ufam. Ontem, dia 1 de outubro de 2010, em ofício dirigido ao diretor do ICHL, professor doutor Nélson Matos de Noronha, solicito “garantias de que poderei exercer minhas funções sem ser importunado por um agente das Polícias Federal ou Militar.”Solicito, ainda, que a Ufam se manifeste oficialmente sobre o problema, tomando providências legais para garantir tanto o exercício das minhas atividades sem a pressão de ser perseguido por policiais Federais ou Militares, quanto que represente judicialmente contra o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e contra a Polícia Federal pela ação não-autorizada realizada dentro da Instituição. Não aceito ter sido procurado como se fosse um criminoso dentro do meu próprio local de trabalho. Não cometi crime, nem em maio de 2009 nem agora. Se há criminoso nessa história, não sou eu. Em outro ofício, dirigido ao novo presidente da Adua-Secção Sindical, professor Antônio Oliveira, solicito que seja feita uma representação jurídica contra a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) por não me ter garantido (e ainda não garantir) cabalmente o exercício da minha função, bem como questionar judicialmente o fato de, até agora, a Ufam não ter tomado a iniciativa de denunciar e representar criminalmente contra o senhor Amin Abdel Aziz por ter invadido o espaço físico da Instituição e agredido e ameaçado de morte um dos seus trabalhadores. Se alguma medida Institucional, foi tomada, além da denúncia por mim protocolizada no Ministério Público Federal (MPF), que todos saibamos em que pé está a situação. Só não vou mais admitir é o silêncio pois a falta de posição oficial da IES desde maio de 2009, simbolicamente, me faz crer que a Instituição corrobora com o ato de violência contra mim cometido. E se isso for verdade, que haja uma manifestação clara da própria Ufam. Conquistei o direito de ser trabalhador por concurso público provas e títulos e exijo respeito.

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