Reitores e reitoras das universidades
brasileiras, em reunião do Conselho Pleno da Associação Nacional dos Dirigentes
das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES) elaboraram e publicaram
nota intitulada “Educação de qualidade, gratuidade e inclusão”. Ei-la, na íntegra:
“Os reitores das universidades federais
brasileiras, reunidos em Cuiabá, em 28 de julho de 2016, durante a CLIII
reunião do Conselho Pleno da Associação Nacional dos Dirigentes das
Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES), vêm a público se manifestar
em defesa do sistema federal de ensino superior público, gratuito, autônomo e
de qualidade!
A ANDIFES acredita firmemente que o
conjunto das universidades federais constitui um patrimônio de valor
imensurável para o povo brasileiro, pois congrega o que há de melhor na
educação superior brasileira. Avaliações internacionais posicionam várias
universidades públicas com destaque entre as melhores da América Latina.
Portanto, a formação de recursos humanos qualificados e a produção de
conhecimento técnico-científico, essenciais ao desenvolvimento do país,
dependem, em grande parte, do funcionamento adequado dessas instituições.
Neste momento, as universidades públicas
vivem um processo de expansão que não pode ser interrompido; ao contrário,
precisa ser consolidado e continuado. Mesmo com o formidável crescimento dos
últimos anos, o país ainda oferece aos seus jovens menos de 30% de vagas no ensino
superior público, ficando o ensino privado com a grande maioria das vagas
ofertadas. Reconhecendo que o ensino privado é necessário, dada a demanda por
formação superior no país, é inquestionável que a referência de qualidade do
ensino e das pesquisas desenvolvidas, qualquer que seja a ferramenta de
avaliação, está associada, essencialmente, às universidades públicas.
Deve-se considerar ainda que a expansão
foi acompanhada por políticas públicas que permitiram a interiorização das
universidades federais e a ampliação do acesso, com a utilização de um sistema
nacional de seleção (ENEM/SISu) e com a adoção das políticas de ações
afirmativas. Deste modo é erro grave afirmar, hoje, que a universidade pública
está acessível apenas a camadas economicamente mais privilegiadas. Estudo
recente da ANDIFES aponta que 66,19% dos alunos matriculados tem origem em
famílias com renda média até 1,5 salários. Se consideradas apenas as regiões
Norte e Nordeste, esse percentual atinge 76,09% e 76,66%, respectivamente.
Dispositivos encaminhados pelo executivo
(PEC 241 e a PLP 257), que se encontram em debate no Congresso Nacional,
indicam forte redução dos investimentos públicos em educação. Em especial a PEC
241, que institui o Novo Regime Fiscal e torna possível aos governos nas
diferentes esferas não cumprirem com os pisos constitucionais de gastos com a
educação, representa séria ameaça ao Plano Nacional de Educação (PNE) aprovado
por unanimidade pelo próprio Congresso Nacional. Em suma, sem o adequado
financiamento, as metas previstas no PNE não serão alcançadas, desviando o País
do caminho do desenvolvimento econômico e da inclusão social.
Certamente a ANDIFES compreende e quer
contribuir na busca de soluções para o enfrentamento da crise econômica que
afeta o país. Contudo, divergindo das propostas elencadas até o momento, a
ANDIFES advoga que é precisamente em cenário de crise que se devem eleger as
prioridades que possam acelerar a retirada do país do ciclo recessivo. Dentre
estas, deve estar a ampliação e não a redução dos gastos em Educação e em
Ciência e Tecnologia, pois este tem sido o caminho adotado por todos os países,
que alcançaram níveis satisfatórios de desenvolvimento econômico e social.
As universidades públicas já provaram seu
potencial para contribuir com a construção de uma sociedade em que se
harmonizem democracia, desenvolvimento econômico, riqueza cultural e o cultivo
da paz e da solidariedade entre as pessoas que a constituem em sua diversidade.
É esta missão que continuaremos realizando, garantido o exercício dos
princípios constitucionais de autonomia universitária, liberdade de expressão e
de opinião.
Por essas razões, conclamamos todos para a
defesa da Universidade Pública, patrimônio nacional. Ao invés de saídas
unilaterais, desejamos o debate com toda a sociedade, queremos a participação
das instituições públicas nos espaços de decisão e de controle das políticas
educacionais, planejando e expandindo nossas universidades com orçamento e
recursos humanos adequados.
Esta tarefa coletiva se faz com educação
pública, com financiamento público, com inclusão social e com respeito às
políticas públicas definidas pela população. Do nível fundamental ao superior,
a educação é um direito de todos e dever do Estado. Investir nesse direito é
investir no bem e no futuro de toda a sociedade brasileira.
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OBS: Post do dia 04/08/2016
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