Ainda que não seja a mudança ideal,
há algo bom no novo Ensino Médio. Obrigará as universidades brasileiras, enfim,
a enfrentarem um problema posto desde 2008 e que nunca foi encarado com
seriedade: a reestruturação acadêmica. Quem diz que fez, nunca fez. No máximo,
há arremedos de mudanças. Efetivamente o que se tem é um Ensino Superior
baseado nas carcomidas visões do corporativismo profissional a ponto de as
universidades, na prática, serem mais escolas técnicas que as próprias escolas
técnicas, hoje chamados de Institutos Federais. Currículos inflexíveis,
baseados na estrutura insana de pré-requisitos estão fadados à morte: ou matam
as universidades. A escolha da carreira, feita no início, e impossível de mudar
hoje, obrigatoriamente cai. Estudantes do Ensino Superior, por necessidade dos
novos tempos, terão de fazer as opções ao longo da carreira. E, quer queiram,
quer não queiram os professores (e professoras) mais refratários às mudanças,
tais possibilidades devem ser incorporadas às novas estruturas curriculares. Os
novos tempos requerem novos projetos pedagógicos institucionais e de cursos.
Quem, até agora, caminhou na direção oposta, terá de rever o percurso
institucional. Sob pena de se jogar em um abismo sem volta. Algo que, há muito,
deveria ter sido feito a partir de uma discussão institucional madura e voltada
para o tempo em que vivemos, terá de ser feita, às pressas, por uma necessidade
imposta pelo Ministério da Educação. Nós, as universidades que não fizemos o
dever de casa, lamentaremos muito o atraso ao qual nos impusemos.
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