Estava eu me servindo
para almoçar quando entra um senhor, ar choroso, e pede um prato de comida.
Contra as normas da casa (porque eu havia ouvido da dona da empresa, uma vez,
que só poderia fornecer a marmita aos pobres após às 15h) uma das colaboradoras
serviu a marmita. Como eu comia de frente para a rua, vi o mesmo senhor se inclinar
e empurrar a marmita para debaixo da roda do carro. Aí ele ficou em pé, olhando
para um lado e para o outro, na frente da Porta, e entrou. Quando ele ficou em
pé eu pensei "quer vê como ele vem me pedir um prato de comida"? E pensei:
se ele pedir, serei generoso, vou dar. Mas, depois, a imagem de ele empurrando
a marmita com o pé para baixo do carro voltou. Dito e feito: Ele me pediu para
eu o ajudar "com um prato de comida". E eu me neguei. A razão (o que
eu vi) foi mais forte que a emoção, que a “voz do coração”. E eu me neguei a
pagar o almoço. Terminei de almoçar e perguntei da menina qual era o formato da
marmita. Era o mesmo. Fui lá e fotografei. Mostrei para elas. Parece ser a
"mesma marmita". Como se deve agir numa situação destas? Esquecer?
Deixar para lá? Seguir a vida? O que pensar? Pedi a ajuda de uma pessoa muito
querida para tentar entender o que tinha ocorrido. A pessoa, que é um amor de ser
humano, disse-me: é que a pessoa quer mais para dividir com alguém ou para
guardar para ela mesma, para mais tarde”. Confesso que, ao ver a cena e pensar
que ele iria me pedir mais, imaginei: vou dar. Deve ser para alguém da família,
um filho, talvez”. A razão, porém, foi mais forte e eu me neguei. Talvez eu
devesse ter feito o que o coração mandou: ter pago o almoço para o rapaz! Às
vezes, ao longo da vida, não podemos nos deixar levar pela razão! Temos de
fazer o que o coração mandar! Quem sabe, assim, paremos de ser professores em
julgar.
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