sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Somos professores em julgar


Estava eu me servindo para almoçar quando entra um senhor, ar choroso, e pede um prato de comida. Contra as normas da casa (porque eu havia ouvido da dona da empresa, uma vez, que só poderia fornecer a marmita aos pobres após às 15h) uma das colaboradoras serviu a marmita. Como eu comia de frente para a rua, vi o mesmo senhor se inclinar e empurrar a marmita para debaixo da roda do carro. Aí ele ficou em pé, olhando para um lado e para o outro, na frente da Porta, e entrou. Quando ele ficou em pé eu pensei "quer vê como ele vem me pedir um prato de comida"? E pensei: se ele pedir, serei generoso, vou dar. Mas, depois, a imagem de ele empurrando a marmita com o pé para baixo do carro voltou. Dito e feito: Ele me pediu para eu o ajudar "com um prato de comida". E eu me neguei. A razão (o que eu vi) foi mais forte que a emoção, que a “voz do coração”. E eu me neguei a pagar o almoço. Terminei de almoçar e perguntei da menina qual era o formato da marmita. Era o mesmo. Fui lá e fotografei. Mostrei para elas. Parece ser a "mesma marmita". Como se deve agir numa situação destas? Esquecer? Deixar para lá? Seguir a vida? O que pensar? Pedi a ajuda de uma pessoa muito querida para tentar entender o que tinha ocorrido. A pessoa, que é um amor de ser humano, disse-me: é que a pessoa quer mais para dividir com alguém ou para guardar para ela mesma, para mais tarde”. Confesso que, ao ver a cena e pensar que ele iria me pedir mais, imaginei: vou dar. Deve ser para alguém da família, um filho, talvez”. A razão, porém, foi mais forte e eu me neguei. Talvez eu devesse ter feito o que o coração mandou: ter pago o almoço para o rapaz! Às vezes, ao longo da vida, não podemos nos deixar levar pela razão! Temos de fazer o que o coração mandar! Quem sabe, assim, paremos de ser professores em julgar.

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