Uma matéria na televisão sobre “troca de cadáveres” propiciou uma pergunta de minha mãe: “Meu filho, será que tem que roube cadáver?” Tal pergunta revela o mundo que minha velha mãe criou na cabeça dela: nele cadáveres não são roubados, muito menos violados. Mal sabe ela que existe um mercado de cadáveres no País que cresce à medida que os cursos de Medicina são abertos. Trata-se de um mercado paralelo de lucros estratosféricos, que se move à custa das necessidades dos estudantes de medicina de todo o País. Por necessidade acadêmica, os estudantes de medicina precisam estudar anatomia. Portanto, os cadáveres são essenciais para a evolução dos estudantes de medicina, logo, para a cura dos que ficam. Como, culturalmente, a sociedade tem uma relação e devoção e proteção do cadáver de seus mortos, criou-se uma espécie de câmbio paralelo. Em alguns casos, estudantes das universidades federais fazem cota entre si e também terminam comprando os cadáveres nesse mercado. O tema precisa ser tratado com mais profissionalismo e respeito aos que ficam vivos. Ainda é tempo.
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