Sou de um tempo em que ser
dedo-duro era uma das mais vergonhosas qualidades que alguém poderia ter. Nem
entre os irmãos se aceitava que um dedurasse o outro. Nasci em 1963, um ano
antes do golpe militar, e ser dedo-duro naquela época era pôr na guilhotina a
cabeça dos colegas que lutavam contra o regime. Com o passar do tempo e a
democratização do País, ser dedo-duro mudou sensivelmente de significado.
Inclusive para se evitar trabalhos de investigação mais aprofundados, virou
moda recorrer à delação premiada. Com isso, ser dedo-duro mudou de patamar.
Agora, dedo-duro é quem colabora com o Ministério Público em troca de redução
na pena. Uma prova de que a Língua é dinâmica e as palavras mudam de
significado ao longo do tempo. Eu, no entanto, até hoje ainda não me acostumei
com os dedos-duros.
Visite também o Blog
Gilson Monteiro Em Toques e o novo Blog
do Gilson Monteiro. Ou encontre-me no www.linkedin.com e no www.facebook.com/GilsonMonteiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Participe! Comente! Seu comentário é fundamental para fazermos um Blog participativo e que reflita o pensamento crítico, autônomo livre da Universidade Federal do Amazonas.