Tenho um filho que optou por ser ateu. Sabe o que eu fiz, meu caros leitor e leitora? Dei total e integral apoio. Nunca, em nenhum momento, tentei convertê-lo ao catolicismo (minha religião inicial), inclusive, porque já estou quase convertido por ele. Defendo, ferozmente, que as pessoas tenham liberdade plena de escolha. Civilidade é isso, é luz. Na outra ponta, só há treva. E é por considerar que domingo, dia 07 de outubro, temos de escolher entre a civilização e a barbárie que faço este apelo a você. Se ainda te restou um pouquinho de consciência, ponha a mão nela e reflita se empurrará a frágil democracia brasileira rumo à barbárie ou se a deixará viva, na civilidade. Você acha que eu castigaria meu filho (ou deixaria que alguém o castigasse) pela escolha religiosa que ele fez? Você gostaria que um filho seu fosse queimado em praça pública, ou que tua filha fosse torturada com ratos vivos na vagina porque não segue o regime?
Há quem diga que devemos escolher entre o Capitão e o Partido
dos Trabalhadores (PT). Não, se ainda está aí com a mão na consciência, não é
esta a nossa escolha. Devemos escolher entre quem rasga a placa de uma rua em
homenagem à vereadora Marielle Franco, brutalmente executada e a exibe como um troféu
da brutalidade ou quem a respeita. Barbárie é isso: zombar de quem lutou a vida
inteira pelo direito de todos os seres humanos, inclusive policias, e o dela:
de optar pela própria sexualidade. Dia 07 de outubro temos de escolher entre
respeitar o direito de a Tia da Trufa se manifestar até de biquíni ou estar ao
lado dos cretinos que a criticaram. E digo cretinos, leitores e leitoras, com
todo o respeito aos que o fizeram e não o são. Mas, dos muitos que a
criticaram, alguns são homens, machistas que, se pudessem arrastariam vocês,
mulheres, pelos cabelos, de volta para casa, “cobrindo na porrada”, com tacapes
à mão.
Sou de um tempo que a piada mais comum era “o direito da
mulher é não ter direito e não abusar do direito que tem”. À época, eu não
tinha um pingo de noção da gravidade de uma piada destas. Mas, foi assim que o
machismo foi incutido nas nossas cabeças: piadas sem maldades, como dizem fazer
um certo candidato. A liberdade de expressão é sagrada, desde que tenhamos
cuidado em não ferir o direito das outras pessoas. Não pensem que falo isso sem
nunca ter ferido ninguém. Talvez o faça todos os dias. Mas, meus erros diários
e permanentes não me permitem escolher o lado da barbárie.
Nasci em 1963. Tive a minha personalidade forjada dentro de
uma família machista. Muito embora, pelas escapadas do meu pai para o álcool,
tenha ajudado minha mãe, desde cedo, nos afazeres do lar. Ela tomava conta da
casa, trabalhava e ainda era a responsável direita pelo sustento da família. Eu
tinha pai, mas, só me lembro de uma figura de referência na casa, da minha mãe.
Daí a minha revolta quando um general aparece para dizer que “somos candidatos
a desajustados”, por termos sido criados pela mão ou pela a avó. Direi não a
isso, leitor e leitora, eleitora e leitora, e espero, que você faça o mesmo.
Desde cedo, eu só ouvia falar em “combate à corrupção”, em
família, em igreja. Estávamos no auge da “Revolução de 1964”. O mesmo moralismo
cristão que vejo agora. Aí fui estudar um pouco ao longo da vida sobre o
assunto. Em 1922, na Itália, Benito Mussolini. Em 1933, na Alemanha, Adolf
Hitler. No Brasil de 2018, temos um retrato de o que era a “Revolução de 1964”,
auge da minha tenra idade: acusações, insultos e agressões, como se a
honestidade fosse monopólio do falante, daquele que insulta, acusa e agride; característica
cristalina dos fascistas. Pelo ambiente que fui criado, talvez eu tenha sido
assim. Quem sabe, ainda não o sou. Mas, entre optar pela civilização e a barbárie,
conscientemente fico com civilização sem pestanejar.
Sociopatas que fazem carreira política são muitos. E os há em
todos os matizes políticos. Pessoas deste tipo estupram, torturam, roubam até
sua carteira de trabalho e seus direitos, inclusive trabalhistas. E, no caso brasileiro,
o que é mais grave, anunciam o que vão fazer e ainda há trabalhadores que vos
apoiam. Para o fascista, não há prazer na felicidade, mas, na maldade. Ou você
acha que Carlos Alberto Brilhante Ustra não tinha prazer em enfiar ratos vivos
nas vaginas das mulheres na frente dos filhos? Ele sentia prazer em fazer isso.
E há um candidato à presidência que o exalta. Maldade, barbárie. Por isso te peço
que ainda não tire a mão da consciência e pense. Não caia nas armadilhas que te
criaram durante tanto tempo a ponto de odiar mais um partido mais que um
torturador.
Partidos comentem erros. E o PT os cometeu. E muitos. E já deveria
ter parado para fazer mea culpa. Ainda não o fez. Mas, com todos os erros, foi
o PT que criou o MPF e fortaleceu ainda mais os órgãos de controle que o
fiscalizaram. Prefiro que assim o seja e assim continue, a ter de volta os porões
da censura e da tortura. E não me venham com este discurso ingênuo de “venezualização
do Brasil” que nele não caio. Quando Hugo Chavez, militar, foi eleito pelo
voto, eu já criticava a adesão cega do PT ao regime. O cenário da Venezuela era
o mesmo do Brasil. E a Venezuela chegou aonde chegou porque elegeu um militar
que, em seguida, deu o Golpe constitucionalista e morreu no poder. Não cai
nesta, meu caro amigo, minha cara amiga.
A turma da barbárie quer tirar o teu décimo terceiro,
aumentar o Imposto de Renda para os pobres, cortar as cotas nas universidades,
fundir estados improdutivos, acabar com férias remuneradas e implementar a
educação a distância para todos os níveis. Publicamente, já assumem que
defendem uma espécie de neoliberalismo escravocrata. Na prática, o que isso
significa? Querem, no Brasil, uma mão-de-obra semiescrava. E sabem quem é esta
mão-de-obra? Você! Por isso, digo sim à civilidade! Diga também, enquanto há
tempo!
Recebi um áudio em um destes grupos que se participa que é
didático, ao mesmo tempo, trágico. A pessoa queria me convencer que “até os homossexuais”
votam no candidato da barbárie. Resumo do argumento: o PT fez muito sim, mas,
agora, mudei. Ele me deu a chance de comprar a moto, mas, estou endividado até
hoje e tenho de usar muito mais o meu corpo para pagar as prestações. Por isso,
precisamos “mudar de verdade”. Mal sabe ele que pode ser o primeiro a ser morto
em uma esquina por seguidores do candidato que defende. Dá muita pena ver tanta
gente subindo o cadafalso voluntariamente para que o verdugo solte o cutelo
sobre o vosso pescoço. Não quero isso para o meu filho ou para a minha filha. Não
quero isso para você, ainda que sejas eleitor dele. E é por isso que te faço
este último apelo: a democracia brasileira é frágil e precisa de ti nesta hora
que agoniza. Salve o futuro, salve a liberdade. Você pode optar entre a
civilização e a barbárie. Na barbárie, podes até ser torturado se reclamar. Na
civilização, há órgãos de controle para, com base nas regras do estado democrático
de direito, punir. Só a democracia brasileira não merece tanto castigo, tanta
punição.
Pense antes de votar, não deixe o ódio te dominar!
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