terça-feira, 9 de outubro de 2018

Civilidade, humanidade e liberdade


Está longe, muito longe, meus irmãos e minha irmã, de ser uma mera questão de opinião. De respeitar a liberdade de escolha. É uma questão de escolher entre um que defende o direito à liberdade de escolha e um que, declaradamente, é misógino, homofóbico, racista, pois, todo racista é fascista. Problemas pessoas em relação ao Partido dos Trabalhadores (PT) e ao Partido Comunista do Brasil (PC do B) eu já os tive. Estes problemas, no entanto, foram pessoais. O que eu não quero para mim, não desejo aos outros. Prefiro o Haddad com um Ministério Público forte, inclusive, livre para investigar até as coisas do PT a passar um cheque em branco a dois destrambelhados que namoram com a ditadura. Se isso é uma questão de opinião, paciência. Continuem o namoro de vocês, que defendem o voto neles dois, com a ditadura, com o nazismo, com a falta de liberdade. Este é um momento histórico para o País. Quero sair dele não ao lado dos torturadores e neo-fascistas verde-amarelos CBF. Corrupção investigada e com resultados práticos, inclusive a prisão injusta de Luiz Inácio Lula da Silva, o Lula, injusta, mas, dentro do jogo do Estado democrático de direito, é muito mais saudável para o País do que o risco de uma ditadura. Este é o meu modo de ver o mundo, agrade ou não, inclusive, parentes e amigos. Minha vida será sempre pautada pela defesa dos direitos humanos e das liberdades individuais. Talvez, no auge desta discussão toda, eu até tenha tido alguns comportamentos, fascistas. O fascismo nos impregna há tempos. Mas, sempre que acordo, volto à normalidade. E, para mim, a normalidade, é a defesa não apenas de o quê me atinge, mas, de o que atinge uma Nação. Não tenho a pretensão de convencer ninguém a mudar de voto. Nem irmão, nem irmã, mãe, primo ou qualquer membro da família. Cada ser humano, inclusive, os filhos, escrevem sua história. Dos meus filhos, tenho imenso orgulho. Pelo menos, neste momento, não defendem neo-fascistas nem torturadores. Que sigam felizes ao lado de quem escolherem neste momento crucial para o País e a para a democracia. Não serei eu a julgá-los, mas, a própria História (com H maiúsculo)!

Para aqueles leitores e aquelas leitoras que quiserem refletir um pouco mais sobre o assunto, reproduzo um texto de Henrique Abel que a mim chegou por WhatsApp. Vale a pena:

“Um amigo, eleitor do Bolsonaro, me disse ontem que minhas preocupações sobre os riscos da vitória do candidato do PSL à democracia seriam excessivas e irreais.

Eu entendo o argumento dele. Ele é uma ótima pessoa. Acho que o que ele pensa neste sentido simboliza bem a mentalidade de parte significativa do eleitorado de Bolsonaro.

Para essas pessoas, falar em "escalada do autoritarismo" só faz sentido em um cenário no qual Bolsonaro feche o Congresso, coloque tanques nas ruas e comece a torturar e matar opositores por ordem direta e de forma ostensiva e generalizada.

Realmente: este seria um cenário extremo bem pessimista. De forma nenhuma impossível, eu observaria, mas concordo que não é o mais provável.

O que pessoas como eu têm falhado em explicar adequadamente, para aqueles que compartilham da visão que descrevi acima, é o fato de que violência simbólica, POR SI SÓ, abre caminho para a violência real, de forma descentralizada.

Explico: quando você coloca na cadeira da Presidência da República uma pessoa que professa discursos de ódio contra diferentes categorias de cidadãos, na prática você está legitimando esse discurso e convertendo ele em exemplo que irradia de cima para baixo. Aquilo que, na boca de um cidadão comum, não passaria de mera opinião mal educada ou grosseira, na boca do supremo mandatário da nação se transforma em legitimação social. Vira "sinal de que agora pode".

Talvez Bolsonaro, como presidente, jamais efetivamente ordene a morte de nenhum opositor político. Mas o fato de o presidente ser uma pessoa que fala abertamente em exterminar fisicamente seus opositores naturaliza, aos olhos de boa parte dos governados, a ideia de que é permitido e aceitável trabalhar com tais ideias. Que "agora pode".

Vamos exemplificar, para não ficar tão abstrato.

Olhem em volta. Percebam a quantidade de coisas acontecendo nos últimos anos que seriam reprovadas por todos os brasileiros, com asco e horror, até pouco tempo atrás.

Vou ficar apenas com as notícias dos últimos dias: um homem ameaça mulheres no metrô do Rio de Janeiro, dizendo que Bolsonaro vem aí e que as "vagabundas" que "se cuidem". Um grupo de homens hostiliza gays em público, cantando que "Bolsonaro vai matar os viados". Dois candidatos do PSL, partido de Bolsonaro, arrancam a placa que deu nome a uma rua em homenagem à vereadora Marielle Franco, assassinada há alguns meses, e postam a imagem orgulhosamente nas redes sociais. Volte cinco anos no tempo e todas essas coisas não seriam rotuladas como "de esquerda" ou "de direita", mas sim como demonstrações abomináveis de animalidade e merecedoras de rejeição universal. Agora, não mais. Agora "pode". E olha que Bolsonaro nem assumiu a Presidência e nem venceu as eleições: por enquanto, é apenas o candidato líder nas pesquisas. Mas isso já muda por completo a forma como muitos brasileiros enxergam a linha divisória entre o que "pode" e o que "não pode".

Nada de novo aqui, na verdade. No próprio fascismo italiano, fascismo "raiz", grande parte do trabalho sujo de violência política era realizado pelos Camisas Negras, grupo paramilitar que não se confundia, pelo menos num primeiro momento, com o governo. Inspiraram os "Camisas Verdes" do Integralismo, uma das primeiras adaptações tupiniquins do fascismo.

Quando você coloca no poder um fã declarado da ditadura, da tortura, da ocultação de cadáveres, da violência contra homossexuais, do assassinato de adversários ideológicos e do livre direito de matar em comunidades periféricas, a violência JÁ ESTÁ FEITA. Mesmo na improvável hipótese de que este líder mantenha sua virulência restrita única e exclusivamente ao plano discursivo (haja fé para acreditar nisso!), é líquido e certo que o conjunto de seus admiradores e apoiadores não o farão.

Para qualquer eleitor instruído, responsável e comprometido com a democracia, é preciso pensar nessas coisas antes de tomar uma decisão que pode envergonhar o indivíduo para o resto da vida. Em política, não há como depois "lavar as mãos" quando o que se está tentando tirar delas é sangue.

Nenhuma retórica do tipo "a culpa não foi minha" ou "não achei que chegaria a este ponto" pode limpar o que não pode ser limpo, nem desfazer o que não pode ser desfeito”.
Henrique Abel

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