Está longe, muito longe, meus irmãos e minha irmã, de ser uma
mera questão de opinião. De respeitar a liberdade de escolha. É uma questão de
escolher entre um que defende o direito à liberdade de escolha e um que,
declaradamente, é misógino, homofóbico, racista, pois, todo racista é fascista.
Problemas pessoas em relação ao Partido dos Trabalhadores (PT) e ao Partido Comunista
do Brasil (PC do B) eu já os tive. Estes problemas, no entanto, foram pessoais.
O que eu não quero para mim, não desejo aos outros. Prefiro o Haddad com um
Ministério Público forte, inclusive, livre para investigar até as coisas do PT
a passar um cheque em branco a dois destrambelhados que namoram com a ditadura.
Se isso é uma questão de opinião, paciência. Continuem o namoro de vocês, que
defendem o voto neles dois, com a ditadura, com o nazismo, com a falta de
liberdade. Este é um momento histórico para o País. Quero sair dele não ao lado
dos torturadores e neo-fascistas verde-amarelos CBF. Corrupção investigada e
com resultados práticos, inclusive a prisão injusta de Luiz Inácio Lula da
Silva, o Lula, injusta, mas, dentro do jogo do Estado democrático de direito, é
muito mais saudável para o País do que o risco de uma ditadura. Este é o meu
modo de ver o mundo, agrade ou não, inclusive, parentes e amigos. Minha vida
será sempre pautada pela defesa dos direitos humanos e das liberdades
individuais. Talvez, no auge desta discussão toda, eu até tenha tido alguns
comportamentos, fascistas. O fascismo nos impregna há tempos. Mas, sempre que
acordo, volto à normalidade. E, para mim, a normalidade, é a defesa não apenas
de o quê me atinge, mas, de o que atinge uma Nação. Não tenho a pretensão de
convencer ninguém a mudar de voto. Nem irmão, nem irmã, mãe, primo ou qualquer
membro da família. Cada ser humano, inclusive, os filhos, escrevem sua história.
Dos meus filhos, tenho imenso orgulho. Pelo menos, neste momento, não defendem
neo-fascistas nem torturadores. Que sigam felizes ao lado de quem escolherem
neste momento crucial para o País e a para a democracia. Não serei eu a julgá-los,
mas, a própria História (com H maiúsculo)!
Para aqueles leitores e aquelas leitoras que quiserem refletir
um pouco mais sobre o assunto, reproduzo um texto de Henrique Abel que a mim
chegou por WhatsApp. Vale a pena:
“Um amigo, eleitor do Bolsonaro, me disse ontem que minhas
preocupações sobre os riscos da vitória do candidato do PSL à democracia seriam
excessivas e irreais.
Eu entendo o argumento dele. Ele é uma ótima pessoa. Acho que
o que ele pensa neste sentido simboliza bem a mentalidade de parte
significativa do eleitorado de Bolsonaro.
Para essas pessoas, falar em "escalada do
autoritarismo" só faz sentido em um cenário no qual Bolsonaro feche o
Congresso, coloque tanques nas ruas e comece a torturar e matar opositores por
ordem direta e de forma ostensiva e generalizada.
Realmente: este seria um cenário extremo bem pessimista. De
forma nenhuma impossível, eu observaria, mas concordo que não é o mais
provável.
O que pessoas como eu têm falhado em explicar adequadamente,
para aqueles que compartilham da visão que descrevi acima, é o fato de que
violência simbólica, POR SI SÓ, abre caminho para a violência real, de forma
descentralizada.
Explico: quando você coloca na cadeira da Presidência da
República uma pessoa que professa discursos de ódio contra diferentes
categorias de cidadãos, na prática você está legitimando esse discurso e
convertendo ele em exemplo que irradia de cima para baixo. Aquilo que, na boca
de um cidadão comum, não passaria de mera opinião mal educada ou grosseira, na
boca do supremo mandatário da nação se transforma em legitimação social. Vira
"sinal de que agora pode".
Talvez Bolsonaro, como presidente, jamais efetivamente ordene
a morte de nenhum opositor político. Mas o fato de o presidente ser uma pessoa
que fala abertamente em exterminar fisicamente seus opositores naturaliza, aos
olhos de boa parte dos governados, a ideia de que é permitido e aceitável
trabalhar com tais ideias. Que "agora pode".
Vamos exemplificar, para não ficar tão abstrato.
Olhem em volta. Percebam a quantidade de coisas acontecendo
nos últimos anos que seriam reprovadas por todos os brasileiros, com asco e
horror, até pouco tempo atrás.
Vou ficar apenas com as notícias dos últimos dias: um homem
ameaça mulheres no metrô do Rio de Janeiro, dizendo que Bolsonaro vem aí e que
as "vagabundas" que "se cuidem". Um grupo de homens
hostiliza gays em público, cantando que "Bolsonaro vai matar os
viados". Dois candidatos do PSL, partido de Bolsonaro, arrancam a placa
que deu nome a uma rua em homenagem à vereadora Marielle Franco, assassinada há
alguns meses, e postam a imagem orgulhosamente nas redes sociais. Volte cinco
anos no tempo e todas essas coisas não seriam rotuladas como "de
esquerda" ou "de direita", mas sim como demonstrações
abomináveis de animalidade e merecedoras de rejeição universal. Agora, não
mais. Agora "pode". E olha que Bolsonaro nem assumiu a Presidência e
nem venceu as eleições: por enquanto, é apenas o candidato líder nas pesquisas.
Mas isso já muda por completo a forma como muitos brasileiros enxergam a linha
divisória entre o que "pode" e o que "não pode".
Nada de novo aqui, na verdade. No próprio fascismo italiano,
fascismo "raiz", grande parte do trabalho sujo de violência política
era realizado pelos Camisas Negras, grupo paramilitar que não se confundia,
pelo menos num primeiro momento, com o governo. Inspiraram os "Camisas
Verdes" do Integralismo, uma das primeiras adaptações tupiniquins do
fascismo.
Quando você coloca no poder um fã declarado da ditadura, da
tortura, da ocultação de cadáveres, da violência contra homossexuais, do
assassinato de adversários ideológicos e do livre direito de matar em
comunidades periféricas, a violência JÁ ESTÁ FEITA. Mesmo na improvável
hipótese de que este líder mantenha sua virulência restrita única e
exclusivamente ao plano discursivo (haja fé para acreditar nisso!), é líquido e
certo que o conjunto de seus admiradores e apoiadores não o farão.
Para qualquer eleitor instruído, responsável e comprometido
com a democracia, é preciso pensar nessas coisas antes de tomar uma decisão que
pode envergonhar o indivíduo para o resto da vida. Em política, não há como
depois "lavar as mãos" quando o que se está tentando tirar delas é
sangue.
Nenhuma retórica do tipo "a culpa não foi minha" ou
"não achei que chegaria a este ponto" pode limpar o que não pode ser
limpo, nem desfazer o que não pode ser desfeito”.
Henrique Abel
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