sexta-feira, 4 de março de 2011

Ecossistemas comunicacionais vivos

Ao cunhar a expressão “Facejournalism”, no fundo, brinquei com o maneirismo do momento, o Facebook, sua “rede social” e seu book real: o efeito facebook. No mundo irreal cada vez mais real criado por Mark Zuckemberg, álbum de fotografia tem mural. Esse mural vira bate-papo desde que o assunto, e as pessoas que o comentam, estimule-o a sê-los. Selos, etiquetas, quem sabe até no sentido de “ética pequena”, aparecem e somem. O estrondoso sucesso de uma rede virtual, formada por pessoas e empresas reais, maior que a população dos Estados Unidos, talvez se explique pela forma como funciona a comunicação dentro dela: em flashs. São ecossistemas comunicacionais vivos que se integram e se desintegram a cada segundo. Não morrem porque ficam lá, postados. A espera de comentários. Ganham vida a cada nova postagem porque autopoieticamente são alimentados pelas expressões humanas. E não apenas pela fala, pelos discursos. Perfis saltam de lá para o mundo real. Promovem encontros. Assexuados. Sexuais. Há vida sem sexo ou sexo sem vida? Facejournalism, jornalismo colaborativo, participativo e outros “ism” escondem nossa tristeza (ou indignação) com a morte do “lead”. Com a morte do diploma. Somos cartoriais. Prisioneiros da gramática normativa e de outras regras. E queremos trazê-las para a rede. Para as descargas eletromagnéticas do cérebro, metáfora de um ambiente, cuja principal característica é existir e não-existir ao mesmo tempo. Métodos, regras, normas, gramáticas, padrões ... e todas as demais prisões, são armadilhas que criamos para os outros e por elas fomos aprisionados. O novo nos assusta porque nossa mente é metodicamente quadrada enquanto o pensamento é redondo, criativo e autopoiético. É como defende Maria Luíza Cardinale Baptista: ou você “se autoriza”, ou não consegue nem escrever. O Facebook talvez seja a plataforma mais apropriada para a “comunicação com amorosidade, com afetividade”. Poucos estamos preparados para amar e ser amado. O amor assusta o afeto mais ainda. Principalmente quando nascem em um mundo aparentemente tão irreal. Energias dissipadas se encontram. O universo conspira. No caso do Facebook, com a ajuda dos sistemas de busca e comparação que rodam por baixo daquela “pele” simples que se nos apresenta. Os ecossistemas comunicacionais vivos não dependem de nós. Cada conta em uma dessas redes ganha vida própria depois de criada. Não tente a prática do jornalismo ou de qualquer outra forma de comunicação tradicional dentro de um deles (ecossistemas). São simultaneamente autofágicos e autopoiéticos. Nem vivem nem morrem, morrem e vivem. E é desse aparente mistério que se alimentam para fomentar a principal norma: não ter regras.


Um comentário:

  1. Maravilhindo!!!!!

    Como cita o Wurman em "Ansiedade de Informação: , a maioria das pessoas tem pavor de escrever. Nós fomos criados para nos enrolar, moldar,fomos sempre cerceados pela escrita. O pensamento é algo praticamente impossível de ser expresso, logo o quanto mais o ambiente nos der a liberdade de escrever como falamos ou como pensamos mais as pessoas, se tornarão aptas a escrever. É , claro que tudo pode virar um caos, visto que muitos pensam mal, porém os que pensam bem,estes irão salvar o mundo!!!!
    Creio nisso professor, na escrita sem padrão, sem regra, sem cercas,mas claro com afinco, com pesquisa... com suor!

    E como falaria na Linguagem do facebook, CURTI seu texto!

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