quarta-feira, 9 de março de 2016

A esquizofrenia na Pós-graduação

O viés produtivista da avaliação da Educação Superior, especificamente, na Pós-graduação, atingiu um nível de tamanha complexidade que beira a esquizofrenia. Uma universidade particular (cujo nome prefiro manter em sigilo) publicou um edital para a contratação de professores. O principal critério para contratar o novo profissional é “publicar no transcorrer do ano de 2016”. Como “publicações em anos anteriores não contam para o Programa”, o professor ou a professora só será contratado se “publicar no transcorrer do ano de 2016”. Pasmem, leitores e leitoras! Um professor interessado em participar do processo solicitou informações e recebeu as explicações de que deverá publicar três artigos nos estratos qualificados A1, A2, B1 e B2 a partir do momento da contratação até o final do ano. Na prática, significa que o professor (ou a professora) que for contratado, não será para desenvolver as atividades de docente. Mas, para publicar artigos. Saímos do patamar de contratar professores e passamos a contratar “publicadores de artigos”. Sem desmerecer toda a história da avaliação da Pós-graduação no Brasil, mas, chegamos a um nível de adoecimento tão grave que o exercício da docência na Pós-graduação se resume a publicar artigos. Trata-se de um viés extremamente perigoso e que tende a levar o sistema à entropia.


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