O viés produtivista da avaliação da Educação
Superior, especificamente, na Pós-graduação, atingiu um nível de tamanha
complexidade que beira a esquizofrenia. Uma universidade particular (cujo nome
prefiro manter em sigilo) publicou um edital para a contratação de professores.
O principal critério para contratar o novo profissional é “publicar no transcorrer
do ano de 2016”. Como “publicações em anos anteriores não contam para o
Programa”, o professor ou a professora só será contratado se “publicar no
transcorrer do ano de 2016”. Pasmem, leitores e leitoras! Um professor
interessado em participar do processo solicitou informações e recebeu as
explicações de que deverá publicar três artigos nos estratos qualificados A1,
A2, B1 e B2 a partir do momento da contratação até o final do ano. Na prática,
significa que o professor (ou a professora) que for contratado, não será para
desenvolver as atividades de docente. Mas, para publicar artigos. Saímos do
patamar de contratar professores e passamos a contratar “publicadores de
artigos”. Sem desmerecer toda a história da avaliação da Pós-graduação no
Brasil, mas, chegamos a um nível de adoecimento tão grave que o exercício da
docência na Pós-graduação se resume a publicar artigos. Trata-se de um viés
extremamente perigoso e que tende a levar o sistema à entropia.
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