O oxigênio do ambiente universitário é a discussão, o diálogo, a troca de saberes. Vive-se um momento de centralização e autoritarismo nas universidades brasileiras como se reuniões e discussões fosse “perda de tempo”. Todos os problemas enfrentados pelas instituições foram transferidos para “as reuniões” e para os “departamentos”. Logo, o grande herói (ou heroína) dos tempos modernos nas universidades será aquele que acabar com os dois monstros sagrados dos tempos modernos: reuniões e departamentos. Sejamos honestos, as reuniões e os departamentos não funcionam mais porque foram “mortos e enterrados” pela estrutura de financiamento existente no País. A política governamental para a educação superior iniciada na “Era FHC” foi refinada na “Era Lula” é clara: o financiamento público não é mais para as instituições e sim para os pesquisadores (e seus grupos de pesquisa), não importando se eles estejam nas instituições públicas ou privadas. Já vigora no País um modelo de financiamento (e de universidade) similar ao norte-americano, cuja avaliação é baseada única e exclusivamente na produção, ou seja, na quantidade de artigos publicados e nas teses e dissertações defendidas. Ora, de que adianta discutir alguma coisa nos departamentos ou nas “reuniões colegiadas” das unidades (ou institutos) se as verbas chegam diretamente aos professores-doutores que possuem projetos via grupos de pesquisa? Neste País, manda quem tem a chave do cofre. Ardilosamente, o PSDB começou (e o PT refinou) esse modelo de entregar mini-chaves diretamente aos pesquisadores. Hoje temos a universidade brasileira dividida entre “pesquisadores” e “professores-aulistas”. Nos grupos de pesquisa, o universo gira em torno do umbigo do líder ou da líder. E não dá para ser diferente. Só conseguem atingir as metas de artigos, publicações e quetais aqueles líderes que passaram a aceitar o modelo-americano: tudo o que sair do grupo de pesquisa tem de ter a assinatura do líder e de todos os membros. Aos poucos, e sem que percebêssemos, os Grupos de Pesquisas foram transformados nas “linhas-de-produção” das universidades brasileiras. E eles já são controlados a ferro-e-fogo, on-line, não mais pelas universidades, e sim pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Hoje, as universidades são meras intermediárias (ou fornecedoras das respectivas grifes) entre essa “elite” brasileira de “pesquisadores”, o CNPq, as agências de fomento e a iniciativa privada. A cada dia, o marco regulatório é modificado com refinamentos pouco perceptíveis aos olhos menos treinados para garantir esse fluxo. E a pesquisa? Que se dane a pesquisa pura. O que vale é a pesquisa aplicada. E a formação para a cidadania? Que se dane o cidadão, nós precisamos sim, de técnicos para esse País crescer e gerar empregos. E as universidades? Que se virem para administrar os egos dessa nova elite de “pesquisadores” que, grande parte das vezes, se nega até a ministrar aulas nos cursos de graduação. Talvez, quem sabe, essa história de “graduação” seja um “serviço menor”, a ser prestado pelas particulares. #Pronto, falei!
sábado, 6 de novembro de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Participe! Comente! Seu comentário é fundamental para fazermos um Blog participativo e que reflita o pensamento crítico, autônomo livre da Universidade Federal do Amazonas.