O mundo inteiro viu ontem, talvez estarrecido, uma demonstração matemática de que ser ético vale a pena. E, no mundo de hoje, no qual a ética é relativizada, chegar a tal conclusão, mereceria servir de exemplo para muitas gerações. Para quem não sabe, escreva esse nome em um pedaço de papel, afinal, é difícil decorá-lo. Dietrich Mateschitz. Isso mesmo, ele, como chefe da equipe Red Bull, foi taxativo ao dizer que preferia perder o título a ganhar com o que considera “maracutaia”: o chamado jogo de equipe. Quem não se lembra do Grande Prêmio da Alemanha, quando Felipe Massa foi sempre o melhor, estava na frente, vitória garantida, mas a Ferrari deu ordens para que deixasse Fernando Alonso passar? Espantosamente, milhões de pessoas consideraram a atitude normal. Muitos, porém, reagiram. Um deles foi Dietrich Mateschitz. A conta ética que alguns talvez não entendam é bem simples. Sebastian Vettel terminou o campeonato com 256 pontos, apenas 4 pontos a frente de Fernando Alonso, que ficou com 252 pontos. Tivesse a Red Bull feito o famigerado “jogo de equipe” aqui no Brasil, quando Mark Weber estava em segundo e Sebastian Vettel em primeiro, o título teria sido de Alonso. A ética e as forças invisíveis deram tapa com luva de pelica na cara de Fernando Alonso. Sempre que era perguntado sobre o fato de a Red Bull ter assumido publicamente que não faria “jogo de equipe”, o espanhol soltava um riso cínico e desdenhava: “eles estão administrando muito bem”. Como quem dissesse, “estão administrando muito bem o meu título”. Combinar resultados no esporte muda sempre o destino para pior. A ética é um pilar, valor que não pode ser relativizado. Ganha o esporte, ganha a vida, com a vitória de Vettel. Que sirva de lição para Barichello, que foi contratado para perder sempre, para Massa, pela submissão vergonhosa e para Alonso, que viu o título fugir entre os dedos, talvez, pela soberba.
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