Chamo a atenção dos "meus" estudantes de
Jornalismo da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), sempre, para um problema
ético que considero dos mais graves em relação à prática profissional: a de ser
jornalista em um período e assessor de imprensa em outro. Há casos ainda mais
esdrúxulos: o mesmo jornalista trabalha como assessor de imprensa de um
político, por exemplo, e exerce a profissão como repórter, exatamente na
editoria de política. É impossível, no meu entendimento, não haver conflito
ético em um caso desses. Não significa que quem exerce a profissão de Assessor
de Imprensa, não possa, um dia, ser jornalista noticioso. Ser as duas coisas ao
mesmo tempo, e na mesma área, é o que me parece problemático. Essa mesma situação
serve para ilustrar e responder a algumas indagações que me fazem nos corredores
da Ufam, certamente, com mais doses de maldade e veneno do que de preocupação
com o "meu futuro". As abordagens são assim
formalizadas:"Professor Gilson Monteiro, o senhor, durante algum tempo foi
oposição à professora Márcia Perales Mendes Silva. Na consulta, avaliou que ela
era a melhor candidata, trabalhou na campanha, mas, passadas as eleições,
voltará a ser oposição?" Respondi com uma nova pergunta:"Seria
correto e justo da minha parte trabalhar conjuntamente com os demais colaboradores
na proposta para o novo mandato, participar ativamente da campanha como um dos
mais próximos assessores da professora Márcia Perales Mendes Silva e, depois,
"lavar as mãos" e me afastar?" Posso até estar equivocado na
minha avaliação, mas, ao participar da equipe e ajudar a construir uma proposta
de trabalho, também sou responsável por ela. Ou não? Bem, e se sou responsável
por ela, como fazer oposição a mim mesmo? Não deixarei de ser crítico. Não
deixarei de dizer o que penso nem de criticar os pontos que considero passíveis
de críticas. O fórum, porém, entendo, deve ser outro. Sempre que for chamado a
opinar, pela professora Márcia Perales Mendes Silva, o farei. Depois de ter
trabalhado ao lado dela, na campanha, e a ajudado a construir um novo
"programa de governo", estou impedido, por uma questão de ética,
respeito e lealdade, de fazê-lo publicamente. Assim entendo as relações entre as
pessoas. Assim tento manter minha postura. Às vezes erro! Em outras, acerto.
Tenho inúmeros defeitos e falhas. Mas, em uma situação dessas, jamais me
sentiria confortável em "lavar as mãos" e voltar para o meu posto de
"franco atirador". Penso, e, repito, que meu dever moral é me dispor
a ajudar a professora Márcia Perales Mendes Silva, como o fiz na campanha, no
momento que for chamado (se for chamado). Afinal, entendo, a professora Márcia
Perales Mendes SIlva foi reeleita reitora da Ufam. E a Ufam está acima das
opiniões divergentes. Foi assim quando eu estive do lado oposto. Será assim,
mais ainda, após ter colaborado na campanha da reeleição.
Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei
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