Sou daqueles que sempre ficam na dúvida quando o adjetivo
"emancipadora" vem ao lado do termo "Educação".
Inicialmente, tenho a impressão que são diametralmente opostos. Tenho a
sensação de que o sistema educacional, como aparelho ideológico do Estado, que,
na prática, representa os valores dominantes, não da maioria, muito menos dos dominados,
está mais para "formatador", "aprisionador" do que para
"emancipador". É inegável a contribuição de Paulo Freire e da
"Nova Ciência", com Edgar Morin e, muito antes, Paul Fayerabend, para
que se tente libertar do olhar do método tradicional e reconhecer a Ciência
como uma tradição, mas, não necessariamente, a melhor. Como acreditar em
emancipação se os próprios pilares do sistema educacional cheiram a enxofre de
tão velhos e carcomidos que os são? Dá para acreditar em Educação emancipadora
quando as salas de aulas são entupidas de estudantes, em todos os níveis, os
laboratórios são pessimamente equipados (também em todos os níveis), os
profissionais entraram em um ciclo vicioso de má-formação e não se tem autonomia
nem para criticar o próprio umbigo (a escola)? Há uma assepsia política, que
gera uma passividade coletiva assustadora, capaz de engessar, quiçá congelar,
quaisquer tentativas de emancipação. O que se tem, hoje, é um processo de
formatação e padronização mundial. Baseado na premissa de quê não há mais
utopia, vida, nem sonho além do capitalismo. E, como no mundo capitalista, vale
o individualismo, a vitória do eu-sozinho, a emancipação possível é, exatamente,
do eu. E o indivíduo que só pensa em si, não é capaz de reconhecer o outro. E
sem reconhecer o outro, a emancipação não passa de exercício discursivo para
ludibriar multidões. Nos moldes atuais, Educação, pública ou não, não emancipa
nada. No máximo, forma mão-de-obra, às vezes pessimamente qualificada, para
alimentar o sistema. Nada a mais!
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