Uma das maiores ansiedades que noto nos estudantes
de Metodologia da Pesquisa Científica é a quase obsessão por "mudar o
mundo" com o trabalho de pesquisa a ser realizado. Trato de acalmá-los com
um argumento muito simples, mas, de fácil comprovação: com o tempo que as
agências de fomento destinam à conclusão dos mestrados e doutorados, o máximo
que se consegue é a "pesquisa possível", nunca, a "pesquisa
ideal". Em são consciência, alguém considera que é ideal uma pesquisa ser
construída em apenas dois anos, como é o caso do Mestrado, no Brasil, se ainda
tem de cursar disciplinas? Covenhamos, está mais para engodo institucionalizado
do que para uma cobrança racional e justa. Da mesma forma, quem considera
plausível a maturação de uma ideia, capaz de gera uma tese (inédita), em meros
três anos de dedicação ao Doutorado? Hoje, no Brasil, o que se tem, em verdade,
é uma espécie de "corrida maluca" para se cumprir prazos e se
enquadrar nos critérios estabelecidos pelos pares que fazem parte dos Comitês
da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Não sou
daqueles que advogam a ideia que devemos "rasgar o regulamento" e romper
com a Capes. Penso que temos de tê-lo à mão o tempo inteiro. No entanto, não
podemos simplesmente aceitá-lo, sem criticá-lo ou tentar melhorá-lo. Da forma
como estão estabelecidos tais prazos e como obedecemos piamente a "lei do
produtivismo", caminhamos para uma pesquisa padronizada, pasteurizada e em
quantidade, porém, de baixa qualidade. Entendo que precisamos, urgentemente,
nos aproximar da pesquisa ideal e deixar de lado, definitivamente, a pesquisa
possível.
Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei
aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!
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