Apenas
facilitar a entrada nas escolas, em todos os níveis, não resolve o problema da
Educação brasileira. Em se tratando de Educação Superior, mais ainda. Pois o
que se tem hoje é um processo extremamente rigoroso na entrada, nenhum tipo de
preocupação com o acompanhamento de quem entra, com o processo de aquisição de
habilidades e um frouxo controle nas saídas. E é exatamente por este rigor
excessivo nas entradas que são necessárias políticas afirmativas para as
minorias. Para que se possa corrigir o processo e fazer justiça é necessário
criar mecanismos que igualem as oportunidades a fim de que a justiça seja
feita. A política que quotas paras minorias, portanto, não é apenas necessária,
é fundamental, para que se promova a inclusão social. E promover a inclusão é
sim, um dever a universidade pública brasileira. Mas, uma política efetiva de
ações afirmativas não pode se reduzir apenas às reservas de vagas, às quotas. É
essencial que haja uma previsão de acompanhamento diferenciado para os
quotistas a fim que não sejam tratados com preconceito e sofram durante o tempo
de permanência nos cursos. Porque se isso acontecer, correr o risco de passarem
a fazer parte das estatísticas de retenção ou abandono. É nosso dever,
portanto, corrigir as injustiças na entrada mas tratarmos, com urgência, de
promover um acompanhamento efetivo dos estudantes que ingressas nas
universidades. E não apenas dos quotistas, mas de todos os ingressantes. Há um
problema gravíssimo na Educação Superior brasileira. De cada 100 que ingressam,
formamos 44 nas universidades públicas e 37 nas universidades privadas. No
Norte, este número é ainda pior: fica nos 30 formados. A necessidade das quotas,
portanto, nos parece derivada de um processo pedagógico ineficaz que mais retém
ou expulsa do que forma. Temos, portanto, um desafio crucial: aumentar o número
e a qualidade dos que saem (das saídas) para que se comece um círculo virtuoso
e não um círculo vicioso como o atual, que só alimenta as desigualdades. Sonho
com o dia em que a necessidade de quotas não exista. Que as pessoas sejam
bem-formadas independentemente da raça, da cor ou do gênero. Quando este tempo
chegar, discutir quotas não fará mais parte da pauta. Espero que não demore
tanto!
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