terça-feira, 28 de outubro de 2014

Eu já tive a minha Bolsa Família

Em 1979, quando deixei meus pais, meus irmãos e todos os demais membros da minha família para vir morar em Manaus, a convite do meu primeiro, Alfredo Bulbol (in memorian), muito antes do "odiado" Bolsa Família do "Governo do PT", eu, sem saber, e sem entender até bem pouco tempo, estava diante do que se pode chamar de "uma política de governo para a inclusão social". Sabem quando eu teria conseguido chegar aonde cheguei, hoje, doutor, Pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da centenária Universidade Federal do Amazonas (UFAM) se não fosse a oportunidade criada pela generosidade do meu primo? NUNCA! A atitude de me trazer para morar em Manaus, bancar os meus estudos do Ensino Médio, até que eu, por mérito, ingressasse na UFAM como estudante, em 1985, é o pando de fundo do Bolsa Família. Por mais que possa parecer um trocadilho infame, um menino pobre, das margens do Rio Yaco, cuja infância era pescar mandii nas piracemas para ter um jantarzinho melhor em casa (a culinária tradicional e repetira era o chibé), não teria acesso às informações e a uma melhor educação se não fosse a "mãozinha" da família Bulbol. Se hoje faço parte dos pouco mais de 6% da população que compõe, pelo menos monetariamente a Classe A, é porque alguém investiu em mim. Essa é a essência do Bolsa Família, uma política pública de inclusão que obriga a manter os filhos na escola para, no futuro, conseguirem alguma oportunidade de progredir dentro da máquina do capitalismo. E essa é a diferença básica entre o PT e o PSDB. Enquanto um entende que é papel do Estado criar políticas que possam incluir o máximo de pessoas, no sistema capitalista, o PSDB prega "o estado mínimo", ou seja, "quem for podre que se quebre". Tive a sorte de ter um primo, à época rico, que me trouxe para Manaus, que me ofereceu a oportunidade de crescer. Quero isso para todas as pessoas, como política pública, como política de Estado, não de Governo. E, para esses casos sim, fico imensamente feliz em recolher meu Imposto de Renda. Quero que muito mais pessoas tenham a mesma oportunidade que tive como um dever do Estado e não como uma mera gratidão de família. Eis a diferença basilar!


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