O meu colega Gilson Volpato
questinou, em uma postagem no Facebook, o porquê de tantas pessoas reclamarem
do sistema de avaliação baseado no número de artigos que se publica e nada
mudar. E respondeu: “Exatamente porque muitos que criticam se alimentam dela,
ajustando seus currículos ao número de artigos. Essa é uma hipocrisia da
comunidade científica que tem segurado o desenvolvimento de nossa participação
qualitativa na ciência”. Vou mais fundo nesta hipocrisia: mentimos que
avaliamos qualidade da ciência, das pesquisas, dos Programas de Pós-graduação.
Sabe o que fazemos? Criamos indicadores para a distribuição do bolo dos
recursos públicos aos pesquisadores, por conseguinte, aos programas, às
universidades. O pacote vem envolvido no discurso do mérito, do “Qualis” e
quetais. Para esconder que, o que fazemos mesmo, é criar uma estrutura de poder,
para manter o poder. O nosso poder. Criamos estruturas decisórias aparentemente
democráticas, baseadas na autoridade de quem submete os projetos e em “critérios
meritocráticos tangíveis”. Meu caro, Gilson Volpato. Você tem toda a razão: não
mudamos porque não queremos mudar!
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