Desde o surgimento do “fenômeno eleiçoeiro” que
atende pelo nome de Bolsonaro (vejam, leitores e leitoras, que voltei a escreve
o nome do Coiso a partir do
desvendamento de hoje), tento entender “meu fracasso como professor” e o
porquê de termos chegado a este ponto. Jessé de Souza, em “A
elite do atraso”, ajudou-me, um pouco, a me libertar da “culpa de educador”.
Mas, Paulo Freire, em “A pedagogia do oprimido”, talvez nos entregue a chave
para abrimos a porta deste misterioso fenômeno que é um pobre se tornar, no máximo,
classe média e, imediatamente, passar a odiar “os pobres”, pretos, índios, homossexuais,
enfim, todas as minorias. Busquei na memória e, bingooo, tenho alguns tantos
exemplos de pessoas inicialmente humildes, que “venceram na vida”, “deram-se
bem” ou coisa parecida que odeiam o Partido dos Trabalhadores (PT) não pela
roubalheira em que se meteu (afinal, outros também roubaram tanto quanto ou
mais), mas, pelas cotas, pela política social humanísticas e, principalmente, “pelos
diretos demasiados dos trabalhadores”. E nem precisa ser “muito elite”. Basta ser
proprietário de uma taberna, uma vendinha, para o “ser humano” odiar o PT,
certamente, por não poder mais explorar até a última gota de sangue o seu “servidor”,
que no fundo, querem como serviçal. Você, meu caro leitor, minha cara leitora,
não conhece nenhuma história de pessoas (normalmente negros ou indígenas-mais
normalmente mulheres) trazidas do interior, para ajudar nos trabalhos da casa,
que se transformaram em amantes dos donos das casas e dos seus filhos, além de
quase-escravas? Será que a “mentalidade Bolsonaro” não quer tudo isso de volta?
A contradição opressor-oprimido aparece em Paulo Freire sem vendas. Oras, não
sou eu, unicamente, como professor, quem tem culpa pelo momento político que
somos obrigados a enfrentar. O que existe é um conjunto de práticas pedagógicas
ainda baseadas na concepção bancária da educação. Eis, então, o porquê de
tamanha contradição: o pobre oprimido que se transforma em
menos-pobre-opressor. A mim me parece que o abominável Paulo Freire (para eles
e elas que se enxergam na mentalidade Bolsonaro) pode ajudar a tirar um pouco
da culpa individual que carrego como professor: “ninguém educa ninguém –
ninguém se educa a si mesmo – os homens se educam entre si, mediatizados pelo
mundo.” Nós, os professores e professoras podemos ajudá-los (os de mentalidade
Bolsonaro). Desde que mudemos a nossa própria concepção de mundo e de Educação.
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