Dia desses fui apresentado a um colega professor, sem
que a pessoa que me apresentou revelasse que eu era da área de Comunicação.
Estávamos em uma manifestação tipicamente da chamada cultura popular. Ele
elogiou a apresentação, falou da diversidade cultural brasileira e haja a
repetir que “faltava era a imprensa explorar melhor isso e aquilo”. Sem dizer
que era professor de jornalismo, contra-argumentei: “professor, o senhor não
acha que a imprensa já explora demais determinadas manifestações culturais? Não
seria mais justo pensarmos que é necessário abrir espaços para as diversas
manifestações culturais brasileiras? Ele não percebeu a sutileza da minha
pergunta e ficamos a discutir sobre a atuação da imprensa nesses casos. Digo sutileza
porque, no fundo, não apenas a imprensa, mas nós, os professores, bem como
todos os seres ditos humanos, temos uma tendência a utilizar como se fosse a
coisa mais natural do mundo o termo “explorar”. Falamos em explorar as
potencialidades de uma pessoa, em explorar a floresta, o solo, a mata. Ora,
como podemos querer que as pessoas preservem, inclusive a dignidade, se, a vida
inteira, ensinamos a elas que é preciso “explorar”?
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