Ao refletir sobre a
postagem de ontem que falava da dificuldade que os professores das
universidades brasileiras possuem em derrubar os muros invisíveis lembrei-me de
uma música antiga, da dupla Antônio Carlos e Jocafi, “Você abusou”. Nela há um
verso, pouco antes do refrão, que resume bem a dificuldade, traduzida em
contradição, dos intelectuais que só conseguem ver o mundo por intermédio da
janela do cartesianismo dilacerante: ”...se o quadradismo dos meus versos vai de
encontro aos intelectos, que não usam o coração, como emoção...” Entendo que é
obrigação do intelectual, do pesquisador, avançar na forma de ver o mundo. O
cartesianismo, como a sua filosofia de dividir o todo, estudá-lo e depois
recompô-lo teu seu mérito. No entanto, está superado. Recortar um todo e depois
voltar as partes ao lugar não dará mais o todo antigo. Como pregam os teóricos
da complexidade, a “o todo não é a soma das partes”. É dever de nós, os
professores e pesquisadores, pensarmos redondo. Enxergarmos o todo. Entendermos
a vida como um complexo acúmulo de conhecimentos ao longo dela. Não se pode,
nas universidades, formar meros técnicos. Cumpridores dessa ou daquela tarefa.
Enquanto a universidade não o lócus de se pensar o fazer, estaremos sem rumo.
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