Dia 26 de julho de 2012, neste mesmo espaço, na postagem “Quem disse
que sou Proifes?” contestei a entidade que se autointitula Federação de
Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior
(Proifes-Federação). A presepada resultante da reunião de ontem, às 19h, entre
o Governo e os servidores federais em greve, que culminou com um “acordo”
forjado entre o criador (Governo) e a criatura (Proifes) é uma das maiores excrescências
da história recente deste País. A Proifes representa a minoria governista dos
professores universitários brasileiros e se arvora em aceitar (e assinar) um
acordo que além de ignorar completamente a proposta de carreira nascida das
discussões democráticas do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de
Ensino Superior (Andes-SN) piora ainda mais a carreira do magistério superior
vigente. Só para ficar em um exemplo, o professor Associado, agora, terá de
comprovar 17 anos de obtenção do título de doutor para galgar do Nível 1 para o
2; 19 anos do 2 para 3 e 21 do 3 para o 4. Caso esse acordo forjado chegue ao
Congresso e seja aceito como legítimo, será uma das maiores vergonhas da
história sindical do País. Como pode uma federaçãozinha composta por menos de
10 por cento da categoria dos professores e professoras universitárias
brasileiras se arvorar a representar o todo? Como um Governo dito popular (e
dos trabalhadores) legitima uma fraude? Para se ter uma ideia da falta de moral
e legitimidade dessa “Federação (???)”, as seções sindicais da Universidade Federal
da Bahia (Ufba) e da Universidade Federal de Goiás (UFG) já indicaram que vão
romper com a Proifes. A tal Federação de oito sindicatos ficará reduzida a
seis. O Governo ignorou a base do Andes-SN, formada por 54 seções, e propaga
aos quatro cantos que assinará um acordo com a categoria dos professores em
greve. É um descalabro, uma vergonha, aceitarmos esse estado de coisas. Não se
trata mais apenas de discutir reajuste salarial e condições de trabalho. Manter
a greve é uma questão de honra! Ou demonstramos dignidade agora ou dobraremos
os joelhos e sairemos melancolicamente da maior, mais bonita e mais forte greve
dos professores e professoras dos últimos anos. Gastei suor e sangue para
construir uma carreira e uma reputação acadêmica. Não jogarei minha história na
lata do lixo para sair melancolicamente desta greve. Entrei nela por convicção
de que deveria lutar por melhores condições de trabalho e salário. Avalio que
uma nova greve começa dentro da greve. E essa, agora, é contra o conluio entre
o Governo e a Proifes que tentam empurrar goela abaixo uma carreira
sem-vergonha, nociva e que nos tira direitos adquiridos. Lutarei contra essa
violência individualmente como já lutei contra tantas outras que me foram
impostas (inclusive uma agressão em pleno auditório da Universidade Federal do
Amazonas). Quero, porém, acreditar na dignidade coletiva dos meus colegas
professores e professoras do Brasil inteiro. Não podemos nos curvar e engolir esse
embuste. A greve começa agora!
Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei
aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!
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