quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Tenho dignidade e vergonha na cara: a greve começa agora!


Dia 26 de julho de 2012, neste mesmo espaço, na postagem “Quem disse que sou Proifes?” contestei a entidade que se autointitula Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes-Federação). A presepada resultante da reunião de ontem, às 19h, entre o Governo e os servidores federais em greve, que culminou com um “acordo” forjado entre o criador (Governo) e a criatura (Proifes) é uma das maiores excrescências da história recente deste País. A Proifes representa a minoria governista dos professores universitários brasileiros e se arvora em aceitar (e assinar) um acordo que além de ignorar completamente a proposta de carreira nascida das discussões democráticas do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) piora ainda mais a carreira do magistério superior vigente. Só para ficar em um exemplo, o professor Associado, agora, terá de comprovar 17 anos de obtenção do título de doutor para galgar do Nível 1 para o 2; 19 anos do 2 para 3 e 21 do 3 para o 4. Caso esse acordo forjado chegue ao Congresso e seja aceito como legítimo, será uma das maiores vergonhas da história sindical do País. Como pode uma federaçãozinha composta por menos de 10 por cento da categoria dos professores e professoras universitárias brasileiras se arvorar a representar o todo? Como um Governo dito popular (e dos trabalhadores) legitima uma fraude? Para se ter uma ideia da falta de moral e legitimidade dessa “Federação (???)”, as seções sindicais da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e da Universidade Federal de Goiás (UFG) já indicaram que vão romper com a Proifes. A tal Federação de oito sindicatos ficará reduzida a seis. O Governo ignorou a base do Andes-SN, formada por 54 seções, e propaga aos quatro cantos que assinará um acordo com a categoria dos professores em greve. É um descalabro, uma vergonha, aceitarmos esse estado de coisas. Não se trata mais apenas de discutir reajuste salarial e condições de trabalho. Manter a greve é uma questão de honra! Ou demonstramos dignidade agora ou dobraremos os joelhos e sairemos melancolicamente da maior, mais bonita e mais forte greve dos professores e professoras dos últimos anos. Gastei suor e sangue para construir uma carreira e uma reputação acadêmica. Não jogarei minha história na lata do lixo para sair melancolicamente desta greve. Entrei nela por convicção de que deveria lutar por melhores condições de trabalho e salário. Avalio que uma nova greve começa dentro da greve. E essa, agora, é contra o conluio entre o Governo e a Proifes que tentam empurrar goela abaixo uma carreira sem-vergonha, nociva e que nos tira direitos adquiridos. Lutarei contra essa violência individualmente como já lutei contra tantas outras que me foram impostas (inclusive uma agressão em pleno auditório da Universidade Federal do Amazonas). Quero, porém, acreditar na dignidade coletiva dos meus colegas professores e professoras do Brasil inteiro. Não podemos nos curvar e engolir esse embuste. A greve começa agora!

Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!

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