sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

O hermetismo do texto científico

"Manifiestos: incômodos, desobedientes, mutantes", organizado por Jesús Maríin Barbero e Ómar Rincón também pode ser visto como uma bandeira para se enfrentar o hermetismo do texto científico. É chegado o momento de os cientistas se manifestarem claramente de qual lado estarão, dos que defendem o texto científico similar a uma manual de eletrodoméstico, fadado a ter um número limitado de leitores que o entendem, ou se vão escrever preocupados em ser mais generosos com os leitores, como defende Maria Luíza Cardinale Baptista na sua tese da "paixão-pesquisa" e Rubem Alves, instigando que é possível estudar e pesquisar com prazer. Inclusive o prazer de ofertar aos leitores "notas de canapés" e não "notas de rodapés". Ou partimos para um outro jeito de fazer ciência ou a ciência está fadada ao que chamam "de lugar da ciência": a universidade, que Alves chama de "País dos Saberes". "...Eu me vi escrevendo um livro para os habitantes do "País dos Saberes". No "País dos saberes há regras precisas que regulam a fala e a escrita. Regras claras, rigorosamente definidas. Quem tropeça é expulso. Para se entrar no "País dos saberes" há de se passar por rituais de exame de linguagem. Tais rituais têm o nome de "defesa de tese". "Quando o eu cartesiano chama as ideias e elas obedecem, a isso se dá o nome de memória. Quando é uma ideia que chama as outras, a isso a psicanálise dá o nome de livre associação..." Ou enfrentamos os "Guardiões dos Saberes" ou não saberemos o gosto de fazer ciência com prazer.


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