segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Queremos respostas para tudo

Decididamente, não nascemos para ser cientistas: queremos respostas para tudo. Esquecemos que o mundo avança, e a ciência também, a partir das melhores perguntas. Acontece que somos criados para as certezas e não para enfrentar as incertezas. Um ponto final significa, pelo menos do ponto de vista da escrita, uma certeza, uma resposta com tudo, digamos, acabado. O que mais desejamos para a nossa vida: certezas. Um ponto de interrogação, por seu turno, é a marca da incerteza, de uma possibilidade. De algo que pode ser certo ou não. A incerteza não nos atrai nem um pouco. Queremos, de preferência, respostas com uma espécie de "Manual de procedimentos". Assim o é na ciência. Nossos estudantes preferem modelos pré-moldados, pré-fabricados. Aliás, nem sei se só os nossos estudantes. Há professores que também optam por estes caminhos: os dos TCCs, Dissertações e Teses pré-fabricadas. Desconfio sempre de um trabalho científico pré-moldado. Baseado em modelos de qualidade pré-concebidos pelas iluminadas cabeças dos nossos doutores. Reafirmo: modelos são retratos imperfeitos da realidade baseados no passado. Se são baseados no passado, não servem para prever o futuro. O futuro, para nós, só pode ser livre se puder se reescrito. Este é o nosso maior desafio.


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