Os últimos episódios dos quais participei,
como observador, fizeram-me acreditar em uma única verdade: viver em sociedade
é ser permanentemente um canastrão, ou seja, um péssimo ator. As pessoas fingem
tão mal, representam com tanta inépcia que não seria nada anormal dizer que a
vida em sociedade é um exercício diário de ser calhorda. No dicionário,
calhorda é “Desprezível, sem caráter, que causa nojo e repulsa. Um sujeito que
não se importa com as outras pessoas, ilude e engana.” É sinônimo de “nojento, repulsivo,
escroto, desprezível, ignóbil, biltre, sórdido, torpe, ananicado, fúfio, baixo,
miserável, infame, indigno, pífio, à-toa, somenos, ignominioso, abjeto, refece,
ordinário, vilão, vil, asqueroso, contemptível, mísero, reles, soez, desprezável,
pulha”. Haja adjetivo! Ainda assim, para manter a paz, a vida em sociedade, o
respeito às diferenças, você é obrigado a cumprimentar educadamente cada ser
que, no fundo da alma, você gostaria de externar todos os adjetivos possíveis
para a figura. A vida em sociedade requer o pleno exercício da arte de fingir.
Dizer o que pensa em todos os momentos é ser excluído aos poucos. O se aprender
a viver em sociedade, ou se aprende a ser péssimo ator, ou você será um zumbi
dentro de qualquer grupo. Triste e ignóbil realidade!
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