Será que
não devemos fazer uma reflexão sobre o nosso dia-a-dia de cientista, quiçá,
sobre a ciência que estamos a fazer no Brasil? Penso que sim. Afinal, a
Pós-graduação brasileira não pode se resignar em ser um curso de “Graduação com
grife”. Temos efetivamente feito ciência? Buscado dialogar com outros
cientistas do mundo? Ou fazemos uma ciência voltada para o próprio umbigo?
Porque me incomoda esta Pós-graduação que mais parece uma graduação com grife?
Pelo fato de termos uma estrutura curricular voltada para a sala de aula, erro
comum na Graduação. Ciência, efetivamente, não se faz quando estudantes de
Mestrado e Doutorado passam mais tempo em sala de aula do que no campo, na
pesquisa, nos laboratórios. Será que a base da Pós-graduação não deveriam ser
as atividades nos Grupos e Pesquisa? Será que os Grupos de Pesquisa não
deveriam efetivamente pesquisar, pesquisar e pesquisar? Nossa vida diária de
cientista talvez esteja tomada por atividades administrativas, pelo tempo
excessivo em sala de aula e pela concorrência absurda focada meramente na
publicação de artigos. Refazer o modo de fazermos ciência talvez seja o caminho
para mudarmos o foco da ciência brasileira. É um desafio coletivo que, muito
provavelmente, nem todos querem enfrentar. Mas, é nossa obrigação, no mínimo,
refletirmos sobre o assunto.
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