quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

A bem-comportada reforma do Ensino Médio

Sinceramente, a reforma do Ensino Médio proposta pelo Ministério da Educação (MEC), Medida Provisória (MP) 746/2016, é tão bem-comportada que me cheira a uma mistura de mofo com enxofre. É o tipo de mudança que não muda nada para deixar tudo como está. Em alguns pontos, o mofo deixa no ar aquela imagem de salas cujas tintas estão descascadas por conta dos vazamentos. É uma tremenda balela aquele discurso oficial de que o estudante terá “flexibilidade para escolher a carreira”. Precisamos é de uma mudança radical. Que passe a centrar o processo de aprendizagem nos estudantes, em propostas inovadoras e criativas desde a Educação Básica. Os conteúdos e os professores (e professoras) deixariam de ser o foco, o centro do processo. Seriam parceiros das descobertas. Voariam juntos rumo ao mundo encantado do conhecimento. Obtido a partir da realidade vivida. Nada seria obrigatório. Mas o mundo seria apreendido a partir das vivências com o auxílio de professores (e professoras), dos colegas, da família, em um ambiente criativo, prazeroso e atraente para quem optasse por se aventurar. A reforma proposta mantém o altar sagrado (dos professores e professoras) e nem toca na caquética estrutura física chamada sala-de-aula. Toca em algumas vacas sagradas corporativas. É pouco! Precisarmos mais! Merecemos mais! Deixar aos nossos filhos, netos e bisnetos este legado proposto é prova da nossa covardia e da falta de ousadia.


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