A
barbárie tomou conta de nós e não nos damos conta. Assim como, às vezes, não
nos damos conta do machismo histórico e das crises de masculinidade expostas
publicamente. Há tempos defendo que ler é ir além de o quê se lê. É ir além de
o quê está escrito, por conseguinte, ir além da própria leitura. Botei o olho
nas “falas” do deputado Zeca Dirceu e do ministro Paulo Guedes e só consegui
ler “nas entrelinhas”: machinhos, infantis, com a crise da masculinidade típica
de meninos que são educados (e cobrados, inclusive, em casa) para “serem machos”
e “não levarem provocação para casa”. Zeca Dirceu diz que Paulo Guedes é “Tigrão”
com uns e “Tchutchuca” com outros. Guedes devolve que “Tchuchuca é a mãe”. E a
mulher, que não deveria ter sido trazida para o “ringue”, se transforma no
centro da discussão. Quisesse Guedes ser “igualitário”, teria respondido: “Tigrão
é o pai; Tchutchuca é mãe”. Nem assim, teria sido preciso porque “Tigrão” é o
macho (de meia-idade para avançada) pegador. “Tchutchuca” é a menina-moça, na
maioria das vezes, “presa do Tigrão”. Tigrão é o pai, Tchutchuca é a irmã;
ficaria mais exato. Em nenhum dos casos, porém, aceitável. Ao contrário, é deplorável
que um assunto tão sério como a Reforma da Previdência tenha ganho contornos de
uma discussão de machinhos adolescentes com os brios (machistas) feridos. Tento
desconstruir o machismo histórico com o qual fui educado todos os dias. Só por
isso, consegui ler além da leitura e aprender com a barbárie estabelecida nos
dias atuais.
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