quinta-feira, 4 de abril de 2019

O que aprender com a barbárie


A barbárie tomou conta de nós e não nos damos conta. Assim como, às vezes, não nos damos conta do machismo histórico e das crises de masculinidade expostas publicamente. Há tempos defendo que ler é ir além de o quê se lê. É ir além de o quê está escrito, por conseguinte, ir além da própria leitura. Botei o olho nas “falas” do deputado Zeca Dirceu e do ministro Paulo Guedes e só consegui ler “nas entrelinhas”: machinhos, infantis, com a crise da masculinidade típica de meninos que são educados (e cobrados, inclusive, em casa) para “serem machos” e “não levarem provocação para casa”. Zeca Dirceu diz que Paulo Guedes é “Tigrão” com uns e “Tchutchuca” com outros. Guedes devolve que “Tchuchuca é a mãe”. E a mulher, que não deveria ter sido trazida para o “ringue”, se transforma no centro da discussão. Quisesse Guedes ser “igualitário”, teria respondido: “Tigrão é o pai; Tchutchuca é mãe”. Nem assim, teria sido preciso porque “Tigrão” é o macho (de meia-idade para avançada) pegador. “Tchutchuca” é a menina-moça, na maioria das vezes, “presa do Tigrão”. Tigrão é o pai, Tchutchuca é a irmã; ficaria mais exato. Em nenhum dos casos, porém, aceitável. Ao contrário, é deplorável que um assunto tão sério como a Reforma da Previdência tenha ganho contornos de uma discussão de machinhos adolescentes com os brios (machistas) feridos. Tento desconstruir o machismo histórico com o qual fui educado todos os dias. Só por isso, consegui ler além da leitura e aprender com a barbárie estabelecida nos dias atuais.

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