A professora da
Universidade Católica de Pelotas, Raquel Recuero, levantou hoje, em seu Twitter
(@raquelrecuero), uma discussão que merece (e precisa) ser aprofundada:a “nova”
(não tão-nova) das revistas científicas brasileiras de publicar apenas artigos de
professores portadores do título de doutor. “Como se mestres/graduados não
pudessem fazer ciência de ponta ou mostra inovação”. No limite dos saberes
existentes, professora, a senhora acerta em cheio no cerne da questão: inovação,
ciência e tecnologia não são privilégios da academia. Não dependem, em essência,
dos títulos e dos graus. Acontece que a Ciência, no Brasil e no mundo, é
cartorial. Depende de um carimbo, de um “aceite” dos pares. Como a senhora bem
defende em seguida: “Tem de ter Double blind, perr review e o artigo
considerado apto, seja de quem for, deve ser publicado. Isso sim é verificar o
mérito”. Não duvido e faço coro conjuntamente com a senhora, professora Raquel
Recuero. Acontece que temos uma legislação cartorial que implantou uma espécie
de “ditadura dos doutores”. Não apenas pelo desejo dos doutores. As políticas
públicas, porém, giram em torno deles. O financiamento para as universidades
leva em conta o número de doutores e a produtividade deles. O que acontece,
então? As próprias universidades criam políticas editoriais que não-apenas incentivam,
mas, quase obrigam os doutores a publicar. O foco, empurrado pelas políticas
públicas de financiamento da pesquisa, deixou de ser o mérito para ser o número
de artigos publicados. Há alguns anos bato nesta tecla, aqui mesmo, neste
espaço. Bom que a senhora, professora Raquel Recuero, também comece a se
rebelar. É preciso corrigir esse erro grosseiro do financiamento da pesquisa e
do fazer científico no Brasil. Jamais o foco da distribuição dos recursos para
a pesquisa pode levar em contra meramente o número de artigos publicados. O
mérito dos projetos a serem financiados e dos artigos a serem publicados deve
sempre pesar mais do que o currículo de quem os propõe. Coso contrário, daremos
oxigênio a essa danosa ditadura que se nos apresenta mais como reserva de
mercado para os doutores que qualquer processo de avaliação efetiva da produção
científica dos mesmos.
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na verdade profe, ja faz um tempo que tenho batido nessa tecla. Fiz uma pesquisa no mercado Adolpho Lisboa para verificar o quadro físico e social dos meninos que trabalham la. constatamos com meus alunos que todos eles sofrem de SINDROME CONSUPTIVA mais conhecida como a doença do definhamento. fiquei estarrecida quando constatamos isso. O orientando, aluno de medicina, aplicou uma amnaminese para ver os fatores que levam essas crianças a esse estado, foi feito o exame médico tambem e verificou-se que elas são obrigadas a trabalhar pelo simples fato de terem que sobreviver. Onde esta a aplicação do estatuto da criança para estes meninos e meninas, que laboram desde a madrugada acomodando verduras e frutas dentre outros, que depois ficam na procura de clientes para carregar compras, que depois de encerrado o expediente fazem o serviço de limpeza em troca de favores dos comerciantes - lugar para ficar, exclusividade no trabalho - , que mesmo depois de tudo, quando a noite cai ainda são explorados sexualmente por estes mesmos comerciantes? enquanto o estatuto for apenas uma lei a mais, para pintar e regir uma realidade que nao existe, estes meninos e meninas estarão largados da mão de Deus. O quadro físico por outro lado demonstrou que o crescimento fica comprometido por conta do peso que eles carregam, a coluna vertebral também, a má alimentação colabora no quadro de definhamento e eu me pergunto como é possível chegarmos a pleno século XXI com crianças que sofrem deste mal. Será que ainda não percebemos que as leis são feitas para gerenciar os fenomenos sociais, e nao para servirem de vitrine?
ResponderExcluirmuito bem colocado, tomara um dia essa realidade mude. gostaria de poder publicar alguma coisa sem me preocupar com nada além do cuidado que merece um artigo.
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