Antes de cunhar a seguinte
frase, “Nós, os pais, temos um defeito congênito: ensinamos os filhos a andar,
mas, derretemos a cera quando eles ameaçam se transformar em Ícaros!”, postada
hoje, dia 11 de fevereiro de 2012, no Twitter, agora há pouco, refleti bastante
sobre o meu papel de pai e de educador. Conclusão: falhei mais do que acertei e
ainda tenho de evoluir muito para poder chegar ao patamar de “educar para a
liberdade”. Sou fruto de uma família de base judaico-cristã, católica, cujo
ícone, ainda hoje, se chama Padre Paulino Maria Baldassari, em Sena Madureira, capital
do Acre, localizada a 174 quilômetros da capital, Rio Branco. Filho de um
músico, mecânico de bicicletas, radiotécnico e alfaite, dentre outras habilidades,
inclusive a de “dar um tapa” numa garrafa de cachaça como ninguém. Minha mãe é
dona de casa e foi professora, alfabetizadora das melhores na cidade. Passei
pelo Instituto Santa Juliana, em Sena Madureira, depois Colégio Brasileiro
Pedro Silvestre, em Manaus. Dois cursos de graduação na Universidade Federal do
Amazonas (Ufam), Jornalismo e Letras, uma Especialização em Administração de
Empresas pelo ISAE/FGV, em Manaus, um Mestrado na Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade (FEA) da Universidade de São Paulo (Usp) e um
Doutorado em Ciências da Comunicação na Escola de Comunicação e Artes (ECA) da mesma
Usp não foram suficientes para hoje, ao olhar para trás, e depois modificar em
180 graus a direção dos olhos, convencer-me de que “estou preparado”. Ainda me sinto
um professor que derrete a cera das asas dos estudantes quando eles se imaginam
Ícaros. Quando sonham em voos teóricos mais altos. Com os filhos sou o mesmo.
Preciso me libertar dessa estrutura. Juntar-me aos filhos e aos estudantes.
Colar as asas com cera e voar rumo ao sol. Como incentiva Byafra na primorosa “Sonhos de Ícaro”: Voar,
voar/Subir, subir/Ir por onde for/Descer até o céu cair/Ou mudar de cor/Anjos
de gás/Asas de ilusão/E um sonho audaz/Feito um balão.../No ar, no ar/Eu sou
assim/Brilho do farol/Além do mais/Amargo fim/Simplesmente sol.../Rock do bom/Ou
quem sabe jazz/Som sobre som/Bem mais, bem mais.../O que sai de mim/vem do
prazer/De querer sentir/O que eu não posso ter/O que faz de mim/Ser o que sou/É
gostar de ir/Por onde, ninguém for.../Do alto coração/Mais alto coração.../Viver,
viver/E não fingir/Esconder no olhar/Pedir não mais/Que permitir/Jogos de azar/Fauno
lunar/Sombras no porão/E um show vulgar/Todo verão.../Fugir meu bem/Pra ser
feliz/Só no pólo sul/Não vou mudar/Do meu país/Nem vestir azul.../Faça o sinal/Cante
uma canção/Sentimental/Em qualquer tom.../Repetir o amor/Já satisfaz/Dentro do
bombom/Há um licor a mais/Ir até que um dia/Chegue enfim/Em que o sol derreta/A
cera até o fim.../Do alto, coração/Mais alto, coração.../Faça o sinal/Cante uma
canção/Sentimental/Em qualquer tom.../Repetir o amor/Já satisfaz/Dentro do
bombom/Há um licor a mais/Ir até que um dia/Chegue enfim/Em que o sol derreta/A
cera até o fim.../Do alto, o coração/Mais alto, o coração...” Meus títulos não
foram suficientes para me tirar a capacidade de ouvir essa música e não me
emocionar. Educar é um ato de amor, de liberdade. Quem de nós, porém, está
preparado para aceitar que nossos estudantes (e filhos) ponham asas coladas com
cera e voem, rumo ao sol, sem tirar-lhes o direito de ir tão alto a ponto de o
calor derreter a cera?
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poxa profe, fiquei emocionada. não chego aos pé de tudo isso, ainda me sinto mais aluna do que professora, mas tirando os alunos e focando nos filhos, todos nos perguntamos o quanto erramos, o quanto acertamos. eu ainda nao consegui a resposta definitiva, pois vejo em alguns momentos que acertei e em outros eu vejo o quanto errei. quem sabe!!
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