sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Um Estatuto, urgentemente, para professor


Sou, convictamente, contra qualquer tipo de Estatuto. Entendo que só é necessário existir Estatuto do Idoso, do Adolescente, do Torcedor, da Juventude e quetais porque as pessoas não se respeitam. Há muito defendo que a Constituição brasileira deveria ter apenas um artigo: “Todo ser vivo deve respeitar o outro ser vivo”. Acrescido de “revoguem-se as disposições em contrário”. Como, porém, vivemos, no Brasil, a era do Estatuto para tudo quanto é situação, faz-se urgente que haja um Estatuto do Professor. Hoje li, estarrecido, que um estudante de 15 anos, em Montes Claros, Minas Gerais, arremessou uma carteira escolar contra a professora por não concordar em ter sido advertido. Não se tem notícias de quais foram os termos dessa advertência, nem a forma como ocorreu. Qualquer que tenha sido, no entanto, não dá direito ao estudante de reagir como reagiu o estudante de Minas Gerais. Quaisquer limites da tolerância começam a ser afetados e urge que se tome alguma providência para evitar que os professores se tornem reféns de estudantes violentos e destemperados. Quem não se lembra do mês de maio de 2009, quando o Auditório Rio Negro, do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) foi invadido pelo irmão do governador Omar Aziz e fui brutalmente agredido por comentar uma manobra articulada pelo então Senador Arthur Neto para retirar o nome do então vice-governador da CPI da Pedofilia? A violência contra professores e professoras atingiu um nível tão insuportável que, diante da moda dos Estatutos, é urgente que algum parlamentar proponha, imediatamente, a criação do Estatuto do Professor. Antes que estudantes, pais, parentes e agregados se achem no direito de invadir os espaços educativos e surrar professores por discordarem das suas ideias.

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