Ao iniciar minhas aulas no
curso de Jornalismo da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), ou em qualquer
curso que esteja a ministrar aulas, proponho o que chamo de “pacto da
convivência e do mínimo respeito”. Pergunto se alguém se lembra da música “Palavrinhas Mágicas”,
quando a apresentadora Eliana rivalizava com a Xuxa nas lembranças das manhãs
de muitas crianças. Ultimamente é raro encontrar alguém que se lembre. Creio,
em breve, terei de começar as aulas com o clipe da Eliana para que os
estudantes se lembrem que existe “Bom dia, boa tarde, boa noiteeeee ... viver
assim é bom demais!”. Grande parte dos estudantes de todas as idades padece,
basicamente, da falta de educação doméstica, em todos os níveis do Ensino. Nas
universidades, nos cursos de graduação, por exemplo, há quem considere o espaço
da sala-de-aula como zona de ninguém. Onde tudo se pode. Entrar e sair, sem dar
o mínimo de satisfação a quem, naquele horário, exerce o papel de professor, é
regra atualmente. Costumo dizer aos estudantes o seguinte: comigo tudo pode,
desde que precedido das “palavrinhas mágicas” que são a chave para boa
convivência entre seres vivos, ditos humanos. Faço o possível para que
exercitem a liberdade, inclusive de ir e vir. No entanto, a sala-de-aula não é
um espaço individual. Muito menos uma clausura. O exercício do livre arbítrio
de ir e vir, por exemplo, deve ser precedido de um “por favor”, “muito obrigado”
e outras gentilezas do mesmo quilate. O uso do celular é proibido em minhas
aulas? Não! De forma alguma. O ato de atendê-lo, no entanto, deve ser precedido
de um pedido de licença. E que o seja fora da sala-de-aula. Não aceito o ato de
educar como imposição: trata-se de convencimento. Exercitar o respeito ao outro
e aos espaços coletivos é fundamental para se apreender a essência da vida em
coletividade.
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