sexta-feira, 19 de setembro de 2014

O Brasil que enterra seus gênios

Enquanto na Pós-graduação tempos um sistema avançado, cada vez mais moderno, e que não se isola do mundo, nos cursos de Graduação temos raríssimas e honrosas exceções de experiências que podem ser vistas como novas, embora o mundo já as faça há tempos. E uma delas me foi revelada ontem, quando voltava de um evento em companhia do presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), professor Glaucius Oliva. Disse ele que o brasileiro Artur Ávila, ao ser recebido pela presidente Dilma Rousseff, após ter tido a honra de ser agraciado com a Medalha Fields, considerado o Prêmio Nobel na área de Matemática, lembrou dos tempos em que venceu uma Olimpíada Mundial de Matemática e, paralelamente, cursava o Ensino Médio em uma escola do Rio de Janeiro e o Mestrado no Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA). O IMPA é um exemplo de práticas raras. Seu presidente, César Camacho, inclusive, não possui curso de Graduação. Mas é doutor em Matemática pela Universidade de Berkeley. Só se espanta com essas experiências do IMPA quem não conhece a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN). Nada do que se faz lá é ilegal. Torna-se excepcional pelos resultados obtidos. Em Educação, temos um Brasil que desconhece o mundo e mais: desconhece suas próprias experiências exitosas. É preciso quebrar os tabus de que se deve avançar série por série; período letivo por período letivo. Nosso maior índice de sucesso na Graduação, nos últimos 21 anos, foi de 55%. Isso significa que de cada 10 que entravam, pouco mais de cinco saíam. Hoje o patamar é muito pior: de cada 10 que entram, seis ficam pelo meio do caminho, vítimas da retenção ou da evasão. Há, no Brasil, uma entidade cujo objetivo é difundir "boas práticas educacionais": A Brazilian Association of International Education (FAUBAI). É pouco se nós, as universidades brasileiras, não ousarmos, não deixarmos a mesmice modorrenta da administração acadêmica atual de lado. Enquanto investirmos somente em mecanismos atrasados de controle de frequência e conteúdos, enterraremos nossos gênios nos primeiros anos dos cursos de Graduação.


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