Enquanto
na Pós-graduação tempos um sistema avançado, cada vez mais moderno, e que não
se isola do mundo, nos cursos de Graduação temos raríssimas e honrosas exceções
de experiências que podem ser vistas como novas, embora o mundo já as faça há
tempos. E uma delas me foi revelada ontem, quando voltava de um evento em
companhia do presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq), professor Glaucius Oliva. Disse ele que o brasileiro Artur
Ávila, ao ser recebido pela presidente Dilma Rousseff, após ter tido a honra de
ser agraciado com a Medalha Fields, considerado o Prêmio Nobel na área de
Matemática, lembrou dos tempos em que venceu uma Olimpíada Mundial de
Matemática e, paralelamente, cursava o Ensino Médio em uma escola do Rio de
Janeiro e o Mestrado no Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA). O IMPA
é um exemplo de práticas raras. Seu presidente, César Camacho, inclusive, não
possui curso de Graduação. Mas é doutor em Matemática pela Universidade de
Berkeley. Só se espanta com essas experiências do IMPA quem não conhece a Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN). Nada do que se faz lá é
ilegal. Torna-se excepcional pelos resultados obtidos. Em Educação, temos um
Brasil que desconhece o mundo e mais: desconhece suas próprias experiências
exitosas. É preciso quebrar os tabus de que se deve avançar série por série;
período letivo por período letivo. Nosso maior índice de sucesso na Graduação,
nos últimos 21 anos, foi de 55%. Isso significa que de cada 10 que entravam,
pouco mais de cinco saíam. Hoje o patamar é muito pior: de cada 10 que entram,
seis ficam pelo meio do caminho, vítimas da retenção ou da evasão. Há, no Brasil,
uma entidade cujo objetivo é difundir "boas práticas educacionais": A
Brazilian Association of
International Education (FAUBAI). É pouco se nós, as universidades
brasileiras, não ousarmos, não deixarmos a mesmice modorrenta da administração
acadêmica atual de lado. Enquanto investirmos somente em mecanismos atrasados
de controle de frequência e conteúdos, enterraremos nossos gênios nos primeiros
anos dos cursos de Graduação.
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