Tenho ojeriza aos professores e professoras
que encaram o projeto de pesquisa dos seus orientados como se fosse uma espécie
de prisão. Ainda mais quando se trata de um projeto utilizado para as qualificações
nos programas de pós-graduações. Projeto é projeto! É o objeto físico do plano
(que está no campo mental). Planos mudam ao longo do tempo. Projetos, portanto,
podem mudar também. Traçamos caminhos até quando saímos de casa para o
trabalho. No transcorrer do percurso, que para Edgar Morin, é o método, podemos
nos deparar, por exemplo, com um engarrafamento. Ou ficamos nele e esperamos.
Ou seguiremos em velocidade reduzida. Às vezes, no entanto, conseguimos tomar
um novo rumo, um novo caminho. Que, pode ser mais longo, porém, mais ricos e
menos estressantes. Assim funciona na pesquisa. Engarrafamentos, na realidade,
são possibilidades de novas descobertas, de novos caminhos. Se eliminarmos a
possibilidade da descoberta nos projetos de pesquisa, as pesquisas tendem a ser
a confirmação de algo que já sabíamos. E pesquisa que se limita apenas a
confirmar hipóteses tem sempre o gosto de comida sem tempero: até alimenta,
mas, não dá prazer!
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