segunda-feira, 8 de março de 2010

Sensibilidade feminina


Ontem falei de emoções. Talvez ainda não tenha superado o estado de gravidez poética no qual “ando tão à flor da pele, qualquer beijo de novela me faz chorar.” Sou de um tempo e de uma cultura machista na qual “homem que é homem não chora e macho que é macho não adora”. Tive imensa dificuldade em beijar meu pai. Também não fazia esse gesto lindo com tanta freqüência em minha mãe. Aos poucos, com o tempo e com o aprendizado contínuo de oito anos como estudante da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), depois mais 17 anos como professor, aprendi. Aprendi que aprender sempre é essencial para se tornar melhor como pessoa, como ser humano. E quando penso em me tornar melhor como ser humano lembro-me dos versos de Benito di Paula na música “Beleza que é você mulher”: “Eu esqueço a tristeza, me perco nessa beleza que é você mulher”. Talvez haja resquício machista neste pensamento. Não nego. Afinal, para quê algo mais machista do que existir “um dia internacional da mulher”. Somos iguais. Seres humanos inteligentes, sensíveis. Quer dizer que dos 365 dias do ano, apenas um é dedicado às mulheres? Associar à mulher a imagem de sensibilidade não seria outro traço machista? O máximo que admito é nós, os machos e machistas, tomarmos o dia de hoje como base para iniciarmos reflexões diárias sobre nossas atitudes. Queremos realmente um mundo igual? Com direitos iguais independentemente do sexo ou até mesmo da opção sexual de cada um? Temos muito a refletir. Que tenhamos todos os dias das mulheres e dos homens sempre. Muito embora, depois de tantas centenas de anos machistas, precisássemos de outros tantos anos só das mulheres. Assim o jogo tenderia ao empate para o lado feminista.

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