segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Gênios: estudantes com necessidades especiais

Tenho "batido" inúmeras vezes que a escola (repito, em todos os níveis) ao invés de mediocrizar os gênios deveria genializar os medíocres. Como avaliador do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anysio Teixeira (Inep), tive de me aprofundar ainda mais sobre o tema que me incomodava há muito. Pasmem, leitores e leitoras! A dura e cruel realidade é que os gênios foram classificados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como estudantes com necessidades educacionais especiais. Não se trata de um problema apenas da escola brasileira: é um problema mundial. Em todos os textos legais e em quaisquer discussão sobre o tema, como por exemplo, o trata a própria OMS, o deficientes aparecem em uma ponta e os gênios foram transformados em pessoas com "Altas Habilidades/Superdotação". São tratados genericamente pela sigla AHSD. A OMS, no mundo, aponta matrículas de pessoas com "deficiências em 10%" e as com "Altas Habilidades/Superdotação em 3,5 a 5%," Não é de se estranhar que as matrículas de pessoas com necessidades educacionais especiais sejam extremamente reduzidas. Menos estranho, ainda, é que os gênios, vulgos AHSD, não passem de 5%. Oras, quem, em sã consciência, gostaria, além de ser minoria, aparecer sempre como se fosse doente? É lastimável constatar que não é apenas a escola a excluir pessoas com habilidades acima da média, mas, a própria sociedade. Não estranha que muitos gênios se recolham para fugirem da discriminação social violenta que não os deixam assumir o que são.


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A escola na qual Ícaro não teria vez

A escola brasileira, em todos os níveis, quiçá a escola mundial, é "onde os sonhos morrem primeiro". Jamais seria permito a Ícaro voar e Leonardo da Vinci talvez fosse transformado em um mediano pintor de paredes. Isso tudo porque a filosofia de "cortar asas" não é o esteio apenas da educação familiar, conforme abordei ontem, aqui neste mesmo espaço, na postagem "A cruel filosofia das asas cortadas". Por trás de um discurso libertador, escondem-se grades curriculares, impostas em Projetos Pedagógicos de Cursos, que se alicerçam em Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs). Meia dúzia de iluminados é chamada, forma uma Comissão, faz audiência pública em três estados e está decidido o que se deve fazer dentro de uma sala de aula, em todos os níveis. Além de as decisões serem de gabinetes, transformam-se em Planos de Curso ou de Aula, que, talvez, fossem melhor aproveitados se fossem denominados efetivamente de Planos de Aprendizagem e o foco fosse exatamente nesta última. Ainda hoje, fala-se em ensino, em aluno, ou seja, sem luz. O prazer da descoberta e da experimentação pouco valem. Aliás, ainda se vive em uma sociedade na qual o prazer é sempre relacionado ao pecado venial. Ter prazer, em amplo sentido, na escola, talvez seja uma heresia. Dias desses, eu, minha filha e meu filho conversávamos sobre isso. E ela, que tem 13 anos, saiu-se com essa:"Pai, eu e minhas amigas temos um sonho. Sair desta escola que não estimula a gente a estudar e criarmos uma nova escola. Uma escola que a gente tivesse prazer em estudar". Eu e minha filha temos algo em comum: sonhamos com uma escola na qual cortar asas seja uma prática definitivamente abolida. Assim, Ícaro e Da Vinci poderiam frequentá-las sem o menor receio.

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OBS: Post do dia 29/09/2013

sábado, 28 de setembro de 2013

A cruel filosofia das asas cortadas

Recebi uma dessas memes da Internet que me fez contar o coração. Eis a imagem:


E sabem o porquê de me fazer cortar o coração? Simples! Ouço mães repetirem, à exaustão, principalmente as filhas meninas, a mesma frase:"O passarinho quer voar, vou cortar tuas asas!". Deus do céu! Quanta violência é "cortar as asas de um passarinho", cuja essência é voar! Meus pais me educaram com a mesma filosofia de cortar as asas. No entanto, quando, aos 15 anos, me apareceu a chance de um voo solo, em Manaus, fui liberado. Certamente, foi a grande chance da minha vida. Com a mensagem que recebi pela Internet, passei a refazer os passos que dei, os erros que cometi. Todos, muito provavelmente, por não terem de deixado sair da gaiola até os 15 anos. em Manaus, longe dos pais, dos irmãos, dos primos. Asas cortadas, só os "cotocos", sem as penas, como voar? "Educar não é cortar as asas e sim orientar o voo". Muitas das dores que passei, muito do sofrimento que enfrentei, talvez fosse evitado se eu apenas tivesse sido orientado a voar. E não, durante 15 anos, ter as asas completamente cortadas bem na base. Errei feito um condenado. Fui condenado por errar! Talvez, só após os 45 anos, tenha começado a aprender a flanar. Alcei voos cambaleantes! Um tanto sofridos. Para chegar aqui, agora, a partir de uma mensagem acessada na Internet, concluir que o processo educacional inteiro do País e baseado na filosofia de "cortar as asas". Continuarei amanhã com o mesmo assunto. Para que reflitamos juntos, mais um pouco, sobre a crueldade deste ato simbólico de cortar asas.


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sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Quando a Saúde de Cuba prestava

Não sei se acontecia nos demais estados brasileiros. Mas, lembro-me como se hoje fosse, que muitos dos meus colegas, ícones da esquerda, à época, saudavam tanto o modelo de Saúde quanto o modelo de Educação de Cuba como exemplares para o mundo. Não sei se Cuba sem Fidel Castro não é mais a mesma. Ou se os meus antigos colegas da dita esquerda mudaram. Só sei que depois do anúncio do Programa Mais Médicos, do Governo Federal, a Educação de Cuba, principalmente, o processo de formação dos médicos cubanos, caiu em desgraça na boca de muitos daqueles que, nos idos dos anos 80, eram devotos de Santa Havana. Ao que parece, alguns daqueles ativistas de ocasião, que erguiam a bandeira esquerdista de Cuba, hoje, se não fazem parte, pelo menos advogam (talvez pouco cliniquem), ou rezam pela cartilha dos Conselhos Regionais de Medicina. Do ponto de vista educacional, o que me interessa é: a formação dos médicos cubanos tem problemas? Quais? Se antes era apontado como modelo para a América Latina, o que mudou? Aí me vem a questão ainda maior: só é médico quem consegue "passar" pela provas do "revalida"? Será que os mais brilhantes médicos (e cientistas) do mundo seriam aprovados neste exame? E se não o fossem, deixariam de ser médicos (ou cientistas) por isso? Não creio que um mero exame transforme alguém em médico ou não. É preciso avançar na visão cartorial da Educação. Se Educação é processo, um diploma não pode ser revalidado apenas com a aplicação de um teste. Muito menos com a comparação dos nomes e planos de cursos das disciplinas. Há que se avançar! Caso contrário, quando for de interesse e servir para sustentar os discursos, a medicina de Cuba será padrão; quando não, cairá em desgraça, como agora!


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O Custo Amazônia que influencia na Pesquisa

Ninguém pense que a Amazônia, por seu bioma, é um celeiro de oportunidades para a pesquisa científica e para os pesquisadores. Enfrentar o desafio de morar (e pesquisar) na Amazônia é, antes de tudo, um ato de coragem. É inegável que o Governo Federal, com o programa Acelera Amazônia (que mais parece funcionar com o pé no freio e não no acelerador), tentou incentivar a pesquisa na região. A criação da Fundação de Amparo à Pesquiso do Estado do Amazonas (Fapeam), há 10 anos, reconhecidamente deu novo oxigênio à Ciência não apenas no Amazonas. Para além das questões científicas, há um fator econômico que afeta profundamente as Instituições, por conseguinte, todos os seus servidores: o Custo Amazônia. Economistas convencionaram usar essa denominação para a diferença a mais no preço de serviços e produtos na Região. Concretamente, por exemplo, não o preço do metro quadrado para a construção não é o mesmo na Amazônia. Em algumas localidades, a diferença no preço dos materiais de Construção chega a ser de até 40% a mais. Esse custo afeta as universidades e os institutos de pesquisa e influencia diretamente na fixação ou não de servidores, títulos à parte, no interior. A agências de fomento, caso reconheçam este custo e os embutam nas bolsas e verbas de projetos, podem corrigir a diferença. Será fundamental para o avanço da pesquisa na Região.

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OBS: Post do dia 26/09/2013

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Uma briga equivocada de egos

A divisão que se prega, na Educação Superior brasileira, entre as instituições públicas e particulares, a mim me parece um equívoco tão imenso que só pode ser comparar a um entrevero de egos. Por mais que se possa divergir do modelo brasileiro de "negócios" na Educação, há que se admitir que tanto as públicas quanto as particulares fazem parte do Sistema de Educação Superior do País. Portanto, cumprem papel social quer queiramos ou não. E se fizermos uma análise mais refinada a partir do perfil dos estudantes matriculados nos cursos de graduação, por exemplo, veremos que, por mais incrível que possa parecer, as particulares incluem uma faixa de estudantes, muito mais pobres, do que os estudantes nas universidades públicas. Ao invés de uma briga de egos sem propósitos, deveríamos investir em aproximações que tivessem um fim comum: melhorar a qualidade de todas as atividades didático-pedagógicas a serem ofertadas aos estudantes, em todos os níveis. Só assim, as política públicas voltadas para a Educação surtirão efeito. A Educação brasileira, em todos os níveis, é dever do Estado. No entanto, é ofertada de forma mista, uma vez que o Estado não tem condições de financiar todos os níveis. Nem mesmo o todo de nível a nível. Resta-nos trabalhar para que, no fim, o benefício seja inteiramente da sociedade.


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terça-feira, 24 de setembro de 2013

Mestrado profissional X mestrado acadêmico

A dissertação "Paisagens sonoras: a experiência composicional nas redes de sons do entorno do sambódromo de Manaus", defendida pelo professor do Curso de Artes da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Márcio Lima de Aguiar, é uma daquelas obras capazes de deixar os taxionomistas cartesianos com o queixo caído. Justamente porque poderia ser encaixada perfeitamente como produto de um Mestrado Profissional, porém, mantém a profundidade de um trabalho de Mestrado Acadêmico, porém, com um produto como resultado.
E é neste hibridismo entre o produto e a criação que Márcio Aguiar, orientado pela professor doutora Rosemara Staub de Barros, criou um espaço para se inserir na teia da pesquisa com um nó intrínseco a ele: o da inventividade. A pesquisa e as composições feitas por Márcio Aguiar comprovam, com todas as letras, que o saber não é nem acadêmico nem profissional. É saber e pronto.
Essa sanha taxionômica é uma característica da pesquisa atual brasileira que precisa crescer para o mundo e "se medir" e ser medida para poder demonstrar como cresce. Do ponto de vista do saber, do conhecimento, porém, o trabalho de pesquisa de Aguiar (como imenso alívio para mim que tanto fui da banca de Qualificação quanto da Defesa da Dissertação, hoje) deixa evidente que não há como engessar a Ciência, muito menos a Arte.


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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Diretrizes instrumentalizam o Jornalismo para o mercado

Na postagem de ontem, sob o título "Vanguarda do atraso aprova Diretrizes para o Jornalismo" ressaltei a preocupação da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (COMPÓS) com o que, à época, ainda seria aprovado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE). As "novas" (muito velhas) Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Jornalismo são o que de mais atrasado poderia existir para o Jornalismo e para a própria Área de Comunicação, campo do qual os que propuseram a mudança parecem querer deixar. Nem os cientistas "mais duros" falam em separação, mas sim, em "religação dos saberes", como o faz Edgar Morin, por exemplo. Em conversa com o meu orientado de Doutorado em Sociedade e Cultura na Amazônia, Sandro Aberto Colferai, professor da Universidade Federal de Rondônia (Unir), campus de Vilhena, concluímos que se voltou aos anos 70 no Jornalismo. E o que é pior, com uma processo claro de instrumentalização da profissão meramente voltado para servir ao mercado.
Sandro Colferai:"Também achei um absurdo as novas diretrizes nada mais contraditório: a comunicação se vende interdisciplinar, e quando mais precisa tenta se fechar na disciplinaridade, e totalmente instrumentalizada para uma prática de mercado." E completa: "Faria mais sentido deixar a reserva de mercado pra lá, esquecer a obrigatoriedade de diploma e se tornar realmente útil para a sociedade... o futuro da comunicação está na periferia, e eles estão tentando ganhar espaços no centro. vai dar errado!" É lastimável!


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domingo, 22 de setembro de 2013

Vanguarda do atraso aprova Diretrizes para o Jornalismo

Não há outra coisa a dizer sobre a aprovação, no dia 20 de fevereiro de 2013, pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) das "novas" (muito velhas) Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Jornalismo: trata-se de mais uma vitória da vanguarda do atraso na área. O documento aprovado pelo menos registra a posição contrária da Associação Nacional dos Programas de Pós-graduação em Comunicação (Compós):
"8 A Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (COMPÓS) preocupa-se com o estabelecimento de Diretrizes Curriculares Nacionais específicas para os cursos de jornalismo, separadas essas das Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de comunicação social. Em documento, encaminhado ao CNE, a COMPÓS diz-se preocupada com “a atomização do campo comunicacional que a adoção das diretrizes propostas poderia vir a causar numa área que vem tentando se construir do ponto de vista acadêmico-científico e suas consequências para a formação do aluno de Comunicação e para o Jornalista, para a formação para a docência e para a pesquisa”. E, mais adiante, afirma que o texto da Comissão de Especialistas “deixa entrever uma perspectiva „separatista‟ que em nenhum sentido contribui com a formação do jornalista ou com a consolidação da área no Brasil”.
9. Para a COMPÓS, a proposta de Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Jornalismo fragmenta e limita a formação jornalística, pois reflete “pensamento tecnicista e disciplinar, enquanto no resto do mundo centros de pesquisa e pesquisadores tornam-se cada vez menos apegados a rótulos disciplinares e a objetos nitidamente recortados”. De acordo com a COMPÓS, a “relação entre Jornalismo, Comunicação e Ciências Sociais Aplicadas e o contexto contemporâneo prevê ou favorece o comunicador polivalente: tecnologias, ampliação dos mercados, relação entre desigualdade social e diversidade cultural, o que demandaria um jornalista com capacidade de olhar mais amplamente a sociedade”."
Estava na Compós, à época, e contribui com a reflexão. Fiz a minha parte. Mas, registro, de novo, a minha revolta com essa "reforma" que cheira a mofo. Mais que filosófica, a maior aberração é prática: o retorno do estágio obrigatório de 200 horas, que nos leva ao jornalismo do início dos anos 70. Uma lástima entregar às empresas a possibilidade de usar mão-de-obra barata e rotativa em forma de estágios de mentirinha!


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sábado, 21 de setembro de 2013

A injustiça nos processos de seleção

Tenho uma tendência em acreditar que os processos seletivos existente no Brasil são, no mais das vezes, injustos. Inclusive, porque, no mais das vezes, são seleções, jamais processo. Algumas universidades hoje, como a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), praticam o Processo Seletivo Contínuo (PSC). São provas aplicadas ao longo dos anos do Ensino Médio, que permitem o ingresso na Universidade sem a necessidade de se realizar o vestibular. Outras, como a própria Ufam também o faz para 50% das vagas, utilizam as notas obtidas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para o ingresso na universidade! São avanços que precisam ser ainda mais refinados para que se chegue efetivamente a um processo de avaliação e nao-apenas de medição. Talvez, assim, eliminemos, assim, as injustiças das seleções, quase sempre travestidas de processos de avaliação. A universidade e a sociedade serão as maiores vencedoras.


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sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Suspeita em concurso público da Ufac

É profundamente lamentável que, mais uma vez, uma universidade federal esteja envolvida em suspeitas de fraude nos seus concursos públicos. Mais ainda, quando se trata da Universidade Federal do Acre (Ufac), a federal do Acre, estado onde nasci, na cidade de Sena Madureira, a 144 quilômetros da capital, Rio Branco. O que mais me choca, independentemente de serem verdadeiras ou não as denúncias, é a recorrência de suspeitas relacionadas às práticas que mais criticamos nos políticos. Fraudes em concursos públicos, tentativas de beneficiar parentes, nepotismo (esclarecido) e coisas do gênero parecem só fazer parte de um "mundo irreal". Jamais imaginamos que práticas do mesmo naipe possam ocorrer na academia. Mas, infelizmente, parecem ser mais recorrentes do que imaginamos. Um problema como esse é muito grave do que imaginar por colocar sob suspeita as universidades públicas brasileiras. É como se todos os concursos públicos, nas públicas, fosse fraudado para que entrem A, B ou C apaniguados de quem lá dentro está. Ou mudamos essa lógica ou a universidade pública brasileira tende a cair em descrédito total junto à sociedade.


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quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Grave equívoco de interpretação da LDBEN

Há equívoco dos mais graves de interpretação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, ao alegar que os diplomas de pós-graduação de estudantes estrangeiros só podem ser emitidos se o diploma de graduação for revalidado. Efetivamente, não é o que prega a Lei. Vejamos:
"Art. 48º. Os diplomas de cursos superiores reconhecidos, quando registrados, terão validade nacional como prova da formação recebida por seu titular.
§ 1º. Os diplomas expedidos pelas universidades serão por elas próprias registrados, e aqueles conferidos por instituições não-universitárias serão registrados em universidades indicadas pelo Conselho Nacional de Educação. § 2º. Os diplomas de graduação expedidos por universidades estrangeiras serão revalidados por universidades públicas que tenham curso do mesmo nível e área ou equivalente, respeitando-se os acordos internacionais de reciprocidade ou equiparação.
§ 3º. Os diplomas de Mestrado e de Doutorado expedidos por universidades estrangeiras só poderão ser reconhecidos por universidades que possuam cursos de pósgraduação reconhecidos e avaliados, na mesma área de conhecimento e em nível equivalente ou superior."
O fato de um diploma de Pós-graduação ser emitido não exime o portador do diploma de curso de graduação obtido fora do país de ter de validá-lo. Quem entende que para emitir um diploma de Pós se faz obrigatória a exigência do diploma de graduação revalidado talvez considere que a emissão do diploma de Pós-graduação funcione como uma espécie de habeas corpus, o que não é verdade. A exigência de revalidação é para o exercício da profissão e não para a obtenção do título. Exigir diploma de graduação revalidado na matrícula, fere, inclusive, o princípio que exara da própria LDBEN:" respeitando-se os acordos internacionais de reciprocidade ou equiparação."


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quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Os melhores da lista e a lista dos melhores

O processo de avaliação não pode meramente levar em conta notas obtidas pelos estudantes. Muito embora, em geral, seja o indicador mais usado e o menos trabalhoso. E, talvez, seja o mais usado, exatamente por ser menos trabalhoso. O sistema educacional vigente ainda usa outra medida nada recomendada, a média, para selecionar os que seguem e os que ficam pelo meio do caminho. Numa escala de zero a dez, quem fica abaixo de cinco (5,0) é prioritariamente classificado como "dos piores". Ainda assim, se faz outra distinção. Aqueles que ficam até sete (7,0) são "os piores dos melhores" e quem fica acima de sete (7,0) até dez (10,00) faz farte dos "melhores dos melhores". Entendo, porém, que são formas arbitrárias, embora sustentadas por números, de se classificar pessoas, assim como as listas são usadas para classificar instituições. Quando as listas são benéficas, promocionalmente as instituições divulgam. Quando não, ficam bem guardadinhas apenas como registro. Penso que é preciso avançar na direção e um efetivo processo de avaliação que não leve em conta apenas a medição. Nem só a média. Um dos meus professores de Estatística, cujo nome não me recordo, do Mestrado em Administração que cursei na Universidade de São Paulo (Usp) defendia sempre que a média não é a melhor medida estatística pelo seguinte: ponha um ser humano com a cabeça dentro de um forno de lenha e os pés em um congelador que, na média, a temperatura dele será a ideal. Na prática, porém, provavelmente estará morto. Vale pensar nisso antes de usar a média como medida nas escolas, não?!


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terça-feira, 17 de setembro de 2013

A esquizofrênica prática punitiva das avaliações

Deveria começar esta discussão pondo em xeque a medição travestida de avaliação na Educação brasileira, em todos os níveis. Mas, apenas para centrar a polêmica em um único ponto, deixarei para outra oportunidade o processo de medição (travestido de avaliação) e considerarei que se pratica a avaliação no Brasil. Ainda que assim o fosse, o que se tem é uma espécie de "esquizofrênica pratica punitiva". Se não, vejamos! Tomemos como exemplo a prática regular que impera na estrutura atual da Educação no País. Digamos que um brilhante estudante de um curso de graduação qualquer, de uma universidade pública brasileira, matriculou-se em cinco disciplinas de um período letivo (também qualquer). Em quatro das disciplinas, o estudante, se não tirou a nota dez (10,00), ficou próximo dela. Numa delas, porém, o santo dele não bateu com o santo do professor ou da professora. Ao longo do período, uma antipatia mútua cresceu e o estudante terminou a disciplina com média final quatro e meio (4,5). De acordo com o modelo de "avaliação" atual, pode até chover canivetes, facões e terçados, mas, o estudante estará reprovado nesta disciplina, por mais que seja nota 10 em todas as demais. Teria de esperar pelo menos um ano para cursar novamente a disciplina. Atrasaria em um ano a formatura, correria o risco de perder a motivação e desabar o desempenho, enfim, poderia ser mais uma vítima do que convencionei chamar de "esquizofrênica prática punitiva". Qual mal haveria em se oferecer, por exemplo, cursos de férias capazes recuperar estudantes em situações similares para não emperrar a carreira dessas pessoas? Será que a função precípua de uma universidade é reter estudantes? Os inquisidores da Santa Sé acadêmica dirão:"Se fizermos isso os estudantes vão deixar de cursar o período normal e só vão querer fazer os cursos de férias". Quando se parte deste pressuposto de que todo estudante é desonesto até que se prove o contrário, o melhor que se faz é dobrar os joelhos diante de tão sagrados inquisidores, vergar o tronco, aproximar os lábios do solo (talvez dos pés consagrados pela sabedoria), pedir perdão por estarmos em pleno Século XXI e reconhecermos que a Santa Inquisição foi uma espécie de avaliação. Das mais fracassadas, mas, o foi!


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segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Objeto de pesquisa não é pauta jornalística

Antes de ser pesquisador, militei, anos e anos, na imprensa de Manaus como jornalista. E uma coisa me parece muito clara: é um equívoco dos mais graves comparar pauta jornalística com objeto de pesquisa. E inegável que existe, no Brasil, uma espécie de taxionomia do conhecimento nas áreas do conhecimento definidas na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Mais para efeito de financiamento do que para divisão do conhecimento. Este último não tem taxionomia, não se divide, é processo. E como processo, dinâmico. Logo, não pode e não deve ser pautado. No jornalismo, a pauta é o assunto pré-determinado na redação para o qual o repórter vai à rua captá-lo, redigi-lo para, talvez, ser publicado. Em Ciência, apesar da taxionomia das áreas, não cabe ao professor-pesquisador, como se fosse um chefe de reportagem, pautar assuntos que devem ou não ser assuntos ou objetos de pesquisa. Quem tem de fazê-lo é o estudante. Quem ingressa nos programas de Pós-graduação é o responsável por arejar a Ciência. Por tirar as amarras. Por ousar. Do nosso lado, nós, os professores e professoras, temos o dever de apostar na ousadia, no novo. Afinal, a Ciência não é uma construção feita com materiais pré-moldados como se a descoberta fosse um pecado mortal.


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domingo, 15 de setembro de 2013

As crenças a respeito da Educação Superior

Há uma crença de que a formação da Educação Superior só se realiza se for em uma universidade. De preferência, em uma universidade pública. Primeiro federal, depois estadual e, por fim, uma municipal. Só depois dessas viriam as particulares. Como toda crença, depende mais de quem acredita nela do que a própria crença. A Universidade de São Paulo (Usp), por exemplo, em todas as classificações que se faça, é a melhor universidade brasileira. E é estadual. A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), sempre figura entre as três ou cinco melhores do País, também é estadual. Sem falar que entre essas cinco, certamente, constam Mackenzie e PUC, que são particulares. Portanto, a máxima de que para ter qualidade precisa ser federal é furada. A qualidade, ao que parece, porém, não depende apenas dos técnicos e professores, muito menos dos estudantes. Trata-se de um complexo conjunto de fatores que tem por base o processe de gerenciamento casado com os investimentos. Se as duas estaduais de São Paulo estão entre as melhores do País, não será pela condições econômica do próprio estado? Há um componente dessa qualidade, porém, que se materializa, muito embora não seja material, o comprometimento. E deve ser de estudantes, professores e técnicos. Sem isso, não é o fato de ser federal, estadual e municipal que a faz melhor. A melhor universidade, antes de tudo, é aquela na qual nós damos o nosso melhor.


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sábado, 14 de setembro de 2013

Por uma Educação menos programada

O sistema educacional brasileiro, não parece lidar com seres humanos, com gente. Parece ter sido montado para formar robôs, programados, com fases específicas para adquirir cada tipo de conhecimento. É, no fundo, um sistema que castra a criatividade e os avanços de quem mais se dedica. Como, em geral, possui um sistema de medição e não de avaliação, o conhecimento acumulado ao longo da vida pouco vale. Tudo o que você faz e acumula de conhecimento é zerado e se parte para uma nova fase da vida acadêmica, a partir de uma nova seleção. por mais que a lei brasileira permite agilidade, flexibilidade e qualidade, as escolas e, principalmente, as universidades, criam mecanismos internos para que não haja nada disso. A máquina é toda montada para reter estudantes ao longo da vida. Além do prejuízo financeiro para a sociedade que um processo de retenção continuada provoca, há, mais que tudo, uma perda irreparável para o progresso científico e tecnológico do País. Estudar, ao invés de ser uma atividade prazerosa, torna-se, cada vez mais, onerosa financeira e intelectualmente pelo desprazer da sala de aula e dos métodos de medição travestidos de avaliação. É preciso refletir sobre o problema e encontrarmos soluções criativas para vencermos o desafio desta educação cada vez mais programada e mecanicista que temos.


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sexta-feira, 13 de setembro de 2013

A interiorização como motor de mudanças

A interiorização das universidades, feita na marra e forma equivocada, com inúmeros erros de forma e conteúdo, enfim, entra no caminho de promover, efetivamente, a melhoria da qualidade de vida da população. Mas, em nenhum momento, deve ser perpetuada a ideia de que "o progresso vem com a Educação". É preciso ficar claro e evidente que a universidade, um ente federal, não deve, não pode e não tem a menor condição de assumir as políticas públicas dos estados e dos municípios. Muito menos, pode, ser o motor das mudanças do lugar sozinha. O que faz uma cidade mudar de cara é ação conjunta dos vários entes. A Educação, por si, não muda um povo. Talvez, no máximo, tenha a capacidade de acelerar o processo de mudança, quase sempre, para melhor. Não fosse a presença da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em Humaitá, por exemplo, dificilmente o jogador de futebol Iriney Santos teria as condições ideias para instalar um empreendimento do porte do Hotel Quality Humaitá. Ainda que indiretamente, com a oferta do Doutorado Interinstitucional em Física Ambiental, em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), criou condições para que o negócio dê os primeiros passos e, talvez, venha a prosperar. Quando empresário inteligentes aproveitam oportunidades criadas com as ações do poder público, aí sim, o motor das mudanças se completa.


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A demagogia da Educação para a autonomia

O discurso de que se educa para a autonomia mais parece um incomensurável exercício de demagogia que a algo posto em prática por pais e professores. Lembro-me de um episódio marcante, que sempre gosto de contar em sala de aula. Participava, como instrutor, de um treinamento sobre a Lei de Diretrizes de Bases da Educação Nacional (LDBEN). Uma das professoras começou a discutir sobre os aspectos legais da "educação para a autonomia". Era um discurso entremeado por citações de Paulo Freire. Provocador nato como sou, resolvi pô-la à prova. E comecei a provocação:"Professora, a senhora pode me responder qual a idade do seu filho?". E ela:"Já sei! O senhor vai me dizer que devo deixá-lo levar a namorada para dormir lá em casas, essas coisas. Vou logo avisando. Eu não deixo!" Retruquei:"Não, professora! Não é isso! Eu iria perguntar à senhora, qual seria a sua reação caso o seu filho chegasse em casa e apresentasse a "namoradinha" dele de 55 anos?" Ela nem pensou duas vezes e foi logo dizendo que não permitiria um namoro desses. Nada mais a dizer!

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OBS: Post do dia 12/09/2013

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

A mudança de parâmetros necessária na Educação

A Educação brasileira, em todos os níveis, só muda, quando mudarmos nossa forma de ver o mundo, as pessoas que nos cercam e os nossos filhos. Enquanto, na nossa cabeça, o padrão for o de que os filhos são e devem ser nossos espelhos, a "Educação para a vida" fracassará. Por mais que seja doloroso para algumas pessoas, inclusive, para mim, não há como exigir que "meu filho seja eu". Ou que a minha filha seja à mãe. Ainda bem, e assim é a vida, o mundo e o conhecimento, uma dinâmica permanente, à qual Maturana e Varela, no livro "A Árvore do conhecimento", chamam de "clausura operacional." É algo como dizer que forças mutuamente contrárias são capazes de manter o equilíbrio. Enquanto eu não entender que meu filho e minha filha são seres completamente diferentes e díspares, terei sempre enormes problemas no processo educacional, inclusive familiar, deles. Por outro lado, eles devem tomar consciência desta diferença individual também. A maior mentira que podemos dizer a nós mesmos e aos que nos cercam, inclusive os filhos, é que todos eles são iguais e que fazemos as mesmas coisas para cada um deles. Na prática, esse talvez seja o primeiro indicador que os filhos usam para não mais acreditar nos pais. Todos sabemos, e eles também, que essa história de que dedicamos a mesma atenção a um e a outro é uma grande balela. Ao invés de se pregar, desde a família, essa bobagem de que todos somos iguais, devemos, sempre, admitir, assumir e gerenciar as diferenças. É a nossa capacidade de amar os diferentes, com todas as suas diferenças, que nos faz humanos. Educar para a autonomia, antes de tudo, é educar para o respeito ao outro e às diferenças. Pense!


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terça-feira, 10 de setembro de 2013

Genializar os medíocres e não mediocrizar os gênios

O Sistema de Educação do País, muito embora o marco legal nem o exige, parece ter, na gênese, uma tendência natural a mediocrizar os gênios. É somo se tivéssemos feitos uma opção preferencial pela medianização dos saberes. Falo de cátedra! Primeiro porque, no início da minha carreira de estudante, passei da alfabetização para o terceiro ano, apesar da gritaria geral dos pedagogos. Diziam que eu teria dificuldades de adaptação social, por ser menor que os "meninos" da turma. Fiquei, meus pais bancaram a troca e fui em frente. Talvez, por isso, até hoje não aceite essa "ideias pré-concebidas" de que há uma faixa etária para cada fase da aquisição do conhecimento. Essa visão é preconceituosa, limitadora e tende a fazer exatamente o que o título desta postagem chama a atenção "mediocrizar os gênios". Meu filho foi vítima desta visão! Termina as atividades em sala de aula rapidamente e a professora dizia que ele só queria se mostrar, era metido, só queria saber de se mostrar. Resultado: foi necessário trocar a professora. Adiantou pouco! De forma menos clara, houve, no fundo, uma espécie de mediocrização. O que se deve ter é a mente e o espírito aberto não para segurar o avanço de quem tiver competência para fazê-lo. Mas, acima de tudo, criar possibilidades de que pessoas com habilidades reconhecidas possam avançar na carreira e na vida. Que as ideias pré-concebidas não sejam mais importantes que as ideias fora do padrão.


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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

A visão cartorial na Educação deve ser implodida

Nós, os educadores, enfrentamos um dilema com o qual não queremos abertamente lidar de forma nenhuma: ou implodimos a visão cartorial que submerge do processo educacional no Brasil ou estaremos fadados a morrer por inanição e sermos levados ao túmulo cobertos pelos certificados com a etiqueta dos nossos cartórios oficiais. Isso sem contar que falamos tanto em autonomia (da universidade), mas, nosso sistema educacional, na totalidade, não dá ao estudante, nenhuma autonomia para decidir os caminhos da sua carreira. As universidades se transformaram em sucursais do Cartório Central (o Ministério da Educação) ainda que o próprio MEC em muitos casos assim não queira. Ao longa da vida, o estudante enfrenta inúmeras seleções que não levam em conta a experiência acumulada, nem ao longo da carreira de estudante nem ao longo da carreira profissional. Ao invés de se ter um processo que leve em conta as seleções (muito mais medições que avaliações) pelas quais o cidadão passa ao longo da vida, o que se tem hoje é uma série de seleções que nunca leva em conta o desempenho obtido na seleção anterior. Tomemos um exemplo hipotético que pode ocorrer em quaisquer das universidades brasileiras: qual a diferença entre um estudante de Coeficiente de Rendimento Acumulado (CRA) cinco (5,0) e outro de CRA dez (10,0) para efeito de ingresso nos programas de Pós-graduação, por exemplo? Tudo o que se fez ao longo dos anos nos cursos de graduação é zerado, ou seja, jogado fora. Dependendo da preparação intensiva que fizer, o estudante nota cinco (5,0) pode ser aprovado e o estudante nota dez (10,0). Como houve apenas um treinamento "para passar", os programas de Pós-graduação correm o risco de ter deixado pela caminho um estudante nota dez (10,0) e ter ficado com um nota cinco (5,0). Não digo que não se tenha de dar chances aos estudantes nota 5,0. Um justo sistema verdadeiramente de avaliação tem de dar a esse estudante a oportunidade de se transformar em nota 10,00 ao longo da carreira. Mas, aquele que permaneceu nota 10,0 ao longo de todo o curso de graduação deve ser reconhecidamente premiado por isso, com a experiência acumulada ao longo desses anos levada em conta no processo de seleção para ingresso nos programas de Pós-graduação. Caso não, corre-se o risco de se ter de lidar com estudantes cuja dificuldade de produzir um texto, por exemplo, pode levar ao jubilamento ou à evasão na Pós ou a extremas dificuldades em defender a tese ou a dissertação. A prática da avaliação somativa e cumulativa talvez seja o melhor caminho para se resolver este problema que é grave e atual na Educação brasileira. E ajudará a implodir a ideia cartorial vigente em todos os níveis educacionais do País.


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domingo, 8 de setembro de 2013

A responsabilidade coletiva dos estudantes

Há uma crença entre os colegas professores e professoras de que os estudantes não podem praticar a autoavaliação porque "atribuiriam notas" acima do que merecem. Desde que ingressei na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), à revelia da Instituição, passei a praticar uma avaliação do estudante pelo estudante e do professor pelo estudante. No início, o estudante poderia escrever um texto sobre "como foi o desenvolvimento da disciplina e a atuação do professor". Era opcional assinar ou não a avaliação. Como desde o início criamos um clima de respeito mútuo, poucas foram as vezes que tive problemas no processo. Ao contrário, quase sempre ler as avaliações dos estudantes era um exercício que me ajudava a aguçar a autocrítica e tentar melhorar o desempenho e a forma como ministrar a disciplina nos períodos seguintes. Aos poucos, com a surgimento da Comissão Própria de Avaliação (CPA) parei de praticar a avaliação do professor pelo estudante. Há vinte anos, porém, mantenho a avaliação do estudante pelo estudante. Uma das notas, no final do período letivo, é atribuída pelo próprio estudante a si mesmo. No mais das vezes, são notas que, quando não batem, se aproximam da avaliação feita pelo professor. O número de estudantes que tenta se aproveitar da autoavaliação para aumentar a média é tão ínfimo que não interfere no resultado final positivo. Até hoje, a partir dos resultados da autoavaliação, não posso, jamais, dizer que estudantes são irresponsáveis. Ao contrário, é prazeroso concluir que, desde que o trabalho pedagógico seja feita ao longo da disciplina, o que se tem, ao final, é uma demonstração da responsabilidade coletiva dos estudantes.


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sábado, 7 de setembro de 2013

Teorias avançadas não vencem visões atrasadas

Em se tratando de Educação, é pouco provável que teorias avançadas sejam capazes de vencer as visões atrasadas. Quem de nós, professores e professoras, tem coragem de, na prática, testar o pleno exercício da cidadania acadêmica? Teorizamos tanto a respeito de autonomia e cidadania e pouco fazemos para desenvolver uma espécie de ética das relações na sala de aula que efetivamente sejam postas em prática. Quem, por exemplo, é capaz de transformar um instrumento frio, meramente de controle, como os Boletins de Notas em Frequências, em uma prática estimulante de exercício da cidadania e da ética acadêmica? Como? Muito simples, basta que se desenvolva nos estudantes valores de respeito ao outro e ao grupo a ponto de eles mesmos serem os responsáveis pelo controle das frequências. Penso, até, que os próprios estudantes poderiam coordenador o processo de avaliação conjuntamente com os professores. Só assim, efetivamente, se pode mudar a sociedade que aí está. Com estudantes, éticos, responsáveis e honestos. Enquanto perdurar a ideia de que os estudantes são desonestos até que se prove o contrário, que não conseguem praticar a autoavaliação e que jamais realizaram um controle de frequência com honestidade, formaremos cidadãos incapazes de erguer a formação moral fincada em bases sólidas. Penso que ousar em experiências inovadoras seria possível. Nas próximas disciplinas que ministrar testarei o que aqui propus entre os estudantes de Jornalismo da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).


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Escrita: um grave problema na Educação Superior

O professor Othon Moacir Garcia, no clássico livro "Comunicação em Prosa Moderna", cunhou uma frase que se nos apresenta lapidar:"escrever bem é, antes de tudo, aprender a pensar". Antes disso, porém, é preciso esclarecer o que é um "bom texto". Sem muito rigor acadêmico, talvez se possa dizer que um bom texto é um encadeamento de frases e parágrafos que tenha começo, meio e fim com o objetivo de recriar uma ideia de forma clara, concisa e coerente. Bem, não é tão simples assim, pode ser, também, defender uma tese, argumentar, recriar um ambiente. Não se pode esquecer, porém, que o ato de escrever não é uma espécie de "tempestade de ideias" cujo centro do problema está em quem escreve. Escrever bem é um ato que se completa no outro, no leitor. É um exercício permanente de convencimento e, mais que tudo, conquista do outro para que entenda o que se escreve. Na Educação Superior brasileira, porém, o texto é visto como um complexo exercício de hermetismo com o fim de que o outro não entenda nada do que se escreveu. A simplicidade dá lugar ao rebuscamento e se tem como produto uma escrita pesada, às vezes obscura, e sem nexo. A escrita, portanto, é um entrave que, no fim de tudo, interfere diretamente na produção dos estudantes, principalmente, da pós-graduação. Em nome da justa luta contra o preconceito linguístico, se entrou numa fase do "tudo pode". A Língua-padrão, gramaticalmente correta, deu lugar à justaposição de frases desconexas. Incluir uma prova escrita em qualquer tipo de seleção, inclusive dos mestrados e doutorados, é diminuir quase ao zero as chances de aprovação dos candidatos. Eliminá-las, porém, é entregar à sociedade mestres e doutores com capacidade reduzidíssima de manifestar coerentemente o pensamento no formado escrito. Há que se fazer algo para se evitar um caos generalizado!

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OBS: Post do dia 06/09/2013

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Ufam recebe o Prêmio Luiz Beltrão 2013

A Universidade Federal do Amazonas (Ufam) recebe hoje, partir das 18h, no Hall do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL), o Prêmio Luiz Beltrão 2013, como parte do XXXVI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, realizado nas dependências da Ufam desde o dia 4 de setembro de 2013. O evento vai até o dia 8 de setembro de 2013 e é uma promoção da Sociedade Brasileira para Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom). A Ufam foi vencedora da categoria Instituição Paradigmática num disputa contra a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), a Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), o Obitel – ECA-USP, a Rádio UFSCar, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Universidade Presbiteriana Mackenzie. O prêmio Luiz Beltrão de Ciências de Comunicação foi criado pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) "como forma de reconhecimento para pesquisadores e grupos de pesquisa que estejam se destacando no meio acadêmico. O troféu é concedido a quem produz trabalhos relevantes na área das ciências da comunicação e contribui para consolidar o prestígio das comunidades acadêmica e profissional brasileiras. A cerimônia de entrega das estatuetas ocorre anualmente durante o Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação."


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quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A Biblioteca como castigo na Escola

Em uma das suas postagens no Facebook, meu irmão, Gilberto Vieira Monteiro, comenta o fato de uma escola de Ensino Fundamental, da nossa, Sena Madureira, distante 144 de Rio Branco, a capital do Acre, mandar todos os estudantes para a biblioteca e o impedirem de assistir aula se chegam atrasados na escola. Passei o dia pensando sobre este suposto "castigo" e resolvi escrever sobre o assunto pela simbologia que a biblioteca parece carregar entre professores e administradores escolares: um local de castigo, de tortura. Oras, como se pode reclamar que os estudantes não leem se o templo da leitura é visto como locus de castigo e punição? Aproveite, também, para fazer um exercício de raciocínio de possibilidades a partir do fato. Se a aula fosse uma daquelas "peças" sacais, elaboradas por professores (ou professoras) extremamente tradicionais e o estudante (ou a estudante) gostasse de ler, passar todo o tempo da aula na Biblioteca jamais seria um castigo. Ao contrário, se a aula fosse maravilhosa e a Biblioteca tivesse um acervo ruim e fosse mal equipada, certamente, o castigo seria duro. Grave de tudo isso, é o direito Constitucional de ir e vir ser afrontado de forma tão dura. Quem investe na punição pela punição, pouco educa.


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terça-feira, 3 de setembro de 2013

Pela moralização do Parfor Brasil afora

Para preservar a autonomia das universidades públicas brasileiras, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), nos critérios para se fazer parte do quadro do corpo docente do Programa Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor) deixou espaço para que regras internas fossem criadas quando diz que preferencialmente os professores devem pertencer ao corpo docente da IES. O objetivo do Parfor é "induzir e fomentar a oferta de educação superior, gratuita e de qualidade, para professores em exercício na rede pública de educação básica, para que estes profissionais possam obter a formação exigida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB e contribuam para a melhoria da qualidade da educação básica no País." Acontece que os objetivos nobres do Programa foram deixados de lado em algumas IES e o que se recebe, à boca pequena, são denúncias de nepotismo e atitudes que ferem frontalmente o princípio da transparência na Administração Pública. E mais: indicam que ao discurso da Autonomia Universitária, muita das vezes, serve para encobrir interesses pessoais. Há universidades, por exemplo, nas quais a escolha de professores para o Parfor é feita de acordo com as conveniências de quem coordena o programa, nem nenhum critério de seleção. Se as universidades não o fazem, é urgente que a Capes tome uma atitude política para moralizar o Parfor antes que o Programa entre para aqueles que ficam na vala comum do descrédito total.


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segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Mais médicos e menos papo

A discussão em torno do programa "Mais médicos", do Ministério da Saúde, ate agora, principalmente por parte da maioria dos médicos brasileiros, tem sido mais baseada em paixões que em fatos ou dados científicos. Ainda não me convenceram, por exemplo, os argumentos dos médicos para rechaçar pura e simplesmente os médicos cubanos. Qual a razão razoável para tanto? A formação de médicos em Cuba é pior que a formação no Brasil? O objetivo do Programa do Ministério da Saúde de melhorar o atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS) é dos mais louváveis e irrepreensível. Fazê-los pagando salários milionários aos médicos brasileiros seria impossível. Há duas perguntas que precisam geram reflexões profundas para serem respondidas quando o tema for posto em discussão. Uma é: o médico brasileiro recém-formado topa ir trabalhar nos municípios com "maior vulnerabilidade social"? A outra:"a quem interessa o enfraquecimento do SUS? Paixões à parte, o que a população mais vulnerável socialmente quer é ser atendida dignamente e não ficar a ouvir esse "papo-cabeça" em torno da questão.


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domingo, 1 de setembro de 2013

A máfia das orientações monográficas personalizadas

Há, na Educação Superior do Brasil, uma espécie de máfia dos trabalhos acadêmicos que, ao meu ver, tem poder tão criminoso quanto a falsificação de diplomas. Ao que me parece, trata-se de uma falsificação antecipada. A situação é preocupante quando professores universitários passam a atuar no "mercado negro" das monografias, pela Internet, com o que chamam de "orientações monográficas personalizadas". E-mails circulam oferecendo esse tipo de orientação para "Monografias, Artigos, Planos de Negócios, Relatórios Técnicos". Só me faltava o e-mail terminar a apresentação com uma das frases mais batidas do repertório, principalmente, das peças da propaganda de rádio: "...tudo isso e muito mais". E promete mesmo "muito mais":"definição do tema; envio de materiais; leituras; formatação; regras da ABNT; adequação ao Manual da Instituição; resenhas; revisão de literatura; referencial teórico direcionado ao tema; orientação para publicações; etc". Não me causará nenhum espanto se os anúncios evoluírem para algo assim:"Temos monografias a pronta entrega. Basta nos enviar o tema, o endereço e o cheque que você receberá o trabalho prontinho em sua residência. Não esqueça de mandar o nome da Instituição na qual defenderemos (ops, você defenderá) a monografia para que não haja nenhum tipo de erro pois não aceitamos reclamações posteriores nem devolvemos o dinheiro".


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